• Cinema,  Críticas e indicações,  Filmes

    Furiosa (2024)

    Quando Mad Max: Estrada da Fúria (Mad Max: Fury Road, 2015) estreou, eu sabia que estava testemunhando algo único. Quase dez anos depois, nunca consegui externar em palavras todo o amor que senti pelo filme, que rapidamente tomou um posto entre meus preferidos da década e de lá nunca mais saiu. A narrativa frenética, estruturada em torno de uma grande corrida com ação (quase) ininterrupta, que por sua vez se divide em duas metades (ida e volta no mesmo trajeto), entrega intensidade sem precisar tirar tempo para contextualizar a história de suas protagonistas. E funciona de maneira fechada em si: não aparenta precisar de complementos para a compreensão de seus…

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    Pacto de Sangue, a femme fatale e a ambiguidade moral

    Texto publicado originalmente na newsletter para assinantes do financiamento coletivo do Feito por Elas. Para contribuir, assine aqui. Esses tempos eu revi Se Meu Apartamento Falasse (The Apartment, 1960), do Billy Wilder no cinema. E que filme perfeito, cada vez mais! Para meu último curso, Mulheres Protagonistas na Era de Ouro de Hollywood, acabei revendo também Crepúsculo dos Deuses (Sunset Boulevard, 1950) e Pacto de Sangue (Double Indemnity, 1944), ambos também do diretor e esse último, segundo o letterboxd, não via há quase 10 anos. E nas últimas semanas revi, ainda, Testemunha de Acusação (Witness for the Prosecution, 1957), que considero a melhor adaptação de Agatha Christie já feita. Dizer que Wilder é um gênio é chover no…

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    Love Lies Bleeding (2024)

    Texto publicado originalmente na newsletter para assinantes do financiamento coletivo do Feito por Elas. Para contribuir, assine aqui. A estreia no cinema da cineasta britânica Rose Glass no cinema se deu com o horror Saint Maud (sobre o qual temos um podcast), um estudo de personagem por meio de body horror. Seu novo filme Love Lies Bleeding, recentemente estrou nos cinemas. É comum que pessoas que trabalhem não só com horror, mas com cinema de gênero como um todo (sci-fi também, por exemplo), uma vez que adentrem nesse universo, se vejam presas lá, não saindo para a exploração de outros gêneros cinematográficos. E não que haja algo de errado em gostar e se ater especificamente a…

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    Rivais (Challangers, 2024)

    Texto publicado originalmente na newsletter para assinantes do financiamento coletivo do Feito por Elas. Para contribuir, assine aqui. Encontros e desencontros. Corpos e desejos. Rivais (Challengers, 2024), novo filme de Luca Guadagnino retrata seus três protagonistas em uma jornada de exploração sensorial, que transforma libido em competição. O roteiro intigante é de Justin Kuritzkes, também conhecido como o marido da cineasta Celine Song cujo alter-ego em Vidas Passadas (Past Lives, 2023) é interpretado por John Magaro (E ele já tem mais um filme engatilhado com o diretor depois desse). Eu sou uma apreciadora do cinema do cineasta italiano. Quando assisti a Me Chame Pelo Seu Nome (Call Me By Your Name, 2017), escrevi: “Desde em Um Sonho de Amor, mas…

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    Ripley (2024)

    Fui perguntada no Grupo de Leitura sobre minhas impressões a respeito da nova minissérie adaptada de O Talentoso Ripley, de Patricia Highsmith, que será nossa próxima leitura. Não tive tempo de iniciar o livro ainda e gostaria de ter feito isso antes de fechar uma opinião sobre a série. Recebi todos os episódios para ver com antecedência e eu achei que conseguiria escrever antes da estreia, mas falhei em virtude de uma viagem de trabalho. Mas, dado que na Netflix as obras chegam e se esgotam rapidamente, vou compartilhar algumas breves impressões, sem necessariamente me deter em uma crítica mais aprofundada. A trama se passa na década de 1960 e é sobre…

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    Le Guin, o sonho e a utopia

    Texto publicado originalmente na newsletter para assinantes do financiamento coletivo do Feito por Elas. Para contribuir, assine aqui. Eu vou falar de livro. Eu não queria monotematicamente discorrer sobre Ursula K. Le Guin novamente, mas não é minha culpa se ela só escreve livros maravilhosos. E minha última leitura foi A Curva do Sonho, livro que ela publicou em 1971 e que saiu no Brasil pela editora Morro Branco, com tradução de Heci Regina Candiani. O protagonista, George Orr, é um homem comum atormentado por um poder extraordinário: seus sonhos são capazes de mudar a materialidade do mundo: o que ele chama de sonhos efetivos. Mas isso não acontece da forma como…

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    Imagem é muito

    Texto publicado originalmente na newsletter para assinantes do financiamento coletivo do Feito por Elas. Para contribuir, assine aqui. (pensei em colocar como título desse texto “imagem é tudo”, em referência àquele comercial de refrigerante na década de 1990 que dizia “imagem não é nada”. Mas apesar da brincadeira, me peguei pensando que talvez imagem não seja tudo. Mas que é muito, é). Esses dias o diretor Denis Villeneuve, cujo novo Duna está nos cinemas, falou o seguinte em uma entrevista: “Francamente, odeio diálogo. O diálogo é para o teatro e para a televisão. Não me lembro de filmes por causa de uma fala boa, lembro-me de filmes por causa de uma…

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    Pobres Criaturas, sexualidade e autonomia

    Texto publicado originalmente na newsletter para assinantes do financiamento coletivo do Feito por Elas. Para contribuir, assine aqui. Um aspecto que me incomoda nessa discussão é o uso equivocado do conceito de olhar de masculino. Sexo e nudez de uma mulher em um filme dirigido por homem não significa necessariamente que seja um olhar masculino: o termo cunhado por Laura Mulvey se refere a um conjunto específico de práticas de poder por meio da imagem e, sinceramente, tem sido usado de forma banalizada e pouco embasada. A noção não deve ser essencializada: existe homem filmando sem olhar masculino; existe mulher filmando com olhar masculino. O que deveria ser claro é que a política…

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    Os 39 degraus

    Texto publicado originalmente na newsletter para assinantes do financiamento coletivo do Feito por Elas. Para contribuir, assine aqui. Esses dias a newsletter da Aline Valek veio com o título O tempo andou mexendo com a gente. Ela escreveu uma série de reflexões sobre as diferenças entre gerações, agora tão na moda de serem apontadas que cada uma ganha até mesmo um nome diferente. E também sobre a passagem do tempo e envelhecer. Sua carta veio em boa hora, encaixou direitinho com coisas que tenho pensando. Uma das que ela comenta é como, de fato, cada geração está sempre condenando a anterior. Ela traz uma citação que comenta a decepção com os jovens: “Os jovens indomáveis…

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    Madame Teia (2024)

    Em 1973, Contance (Kerry Bishé), uma cientista, se embrenha na Amazônia peruana em busca de uma aranha cuja picada tem propriedades curativas. Quando ela finalmente consegue encontrar um espécime, um de seus assistentes mata todos os demais e lhe desfere um tiro, roubando o animal para si. Ela está com uma gestação avançada e é resgatada por um povo lendário que tem o poder de escalar árvores. Eles a levam para uma caverna e soltam uma aranha que a pica. O veneno da aranha não evita sua morte, mas o parto induzido permite que sua filha sobreviva. Todos esses acontecimentos são apresentados em flashback logo no começo do filme. Pula…