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Feito por Elas #207 Ferro’s Bar
Nesse podcast conversamos sobre o curta-metragem documental Ferro’s Bar, dirigido por Nayla Guerra, Fernanda Elias, Aline Assis e Rita Quadros, do Coletivo Cine Sapatão, que aborda o levante ocorrido no estabelecimento de mesmo nome no centro de São Paulo em 19 de agosto de 1983, data que hoje celebra o Dia Nacional da Visibilidade Lésbica. Por meio de depoimentos de frequentadoras e imagens de arquivo, o filme contextualiza os eventos, incluindo a criação do jornal Chanacomchana e a presença das militantes do Grupo Ação Lésbica Feminista, resgatando memórias de resistência durante a ditadura. O programa é apresentado por Isabel Wittmann, que entrevistou as diretoras Rita Quadros e Aline Assis. O filme…
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A Grande Viagem da Sua Vida (2025)
O cinema de Kogonada nos prende em uma expressão minimalista de sentimentos. Não há grandes arroubos, mas nem por isso é frio. Os diálogos marcam a interação entre as personagens sem que soem expositivos. Em Columbus (2017) a espacialidade dos elementos arquitetônicos servem de pano de fundo para a elaboração do vínculo humano. Esse mesmo vínculo se expande com contexto sci-fi em After Yang (2021). Nele, a pequena Mika, uma menina chinesa, é adotada por um pai branco e uma mãe negra que adquirem um androide chinês chamado Yang para que ela tenha referências da própria cultura origem. Até que o robô, virtualmente irmão da criança, tem um defeito. São…
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“Meu avô foi meu primeiro ator”: diretor Leonardo Lacca fala sobre o documentário Seu Cavalcanti (2025)
Uma década separa Seu Cavalcanti (2025), novo trabalho de Leonardo Lacca, de seu longa anterior, Permanência (2015). Nesse intervalo, o diretor pernambucano se dedicou a curtas-metragens e manteve a bem-sucedida parceria com Kleber Mendonça Filho, iniciada em O Som ao Redor (2012), onde atuou como preparador de elenco. O peso desse tempo é sentido em Seu Cavalcanti, um documentário com toques de ficção que reúne imagens captadas ao longo de 14 anos do avô do realizador. No filme, o protagonista é um idoso nonagenário apegado ao seu Fiat Uno, orgulhoso da neta que se forma em Direito e, por muito tempo, a única figura paterna de quem o filma. Brincando…
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Cineasta Adelia Sampaio, pioneira do cinema negro brasileiro, é homenageada com mostra retrospectiva no IMS Paulista
Em cartaz de 16 a 30 de setembro, a programação traz filmes dirigidos e produzidos pela cineasta, além de títulos que influenciaram sua filmografia. Adelia estará presente na abertura da mostra para um debate com o público. Primeira mulher negra a dirigir um longa-metragem no Brasil, Adelia Sampaio (1944) construiu uma carreira de mais de cinco décadas, abrindo caminhos numa indústria marcada por exclusões. Em homenagem ao seu legado e reiterando a sua importância na história do cinema brasileiro, o Cinema do IMS Paulista apresenta, de 16 a 30 de setembro, a Retrospectiva Adelia Sampaio: se eles apagam, a gente reescreve. Na sessão de abertura (16/9, às 19h), serão exibidos…
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Mostra “Rastros da Experimentação Negra Contemporânea” estreia no Spcine Play
Com o olhar aguçado para as questões de gênero, raça e sexualidade, o curador, consultor e pesquisador Heitor Augusto apresenta a mostra “Rastros da Experimentação Negra Contemporânea”, a partir do dia 12 de setembro. O projeto reúne 14 obras, entre longas, médias e curtas-metragens, de realizadores negros, que se destacam pela sua experimentação estética e formal. As exibições são gratuitas e podem ser acessadas de todo o Brasil por meio da plataforma de streaming Spcine Play (spcineplay.com.br). “A seleção apresentada traz uma forte diversidade de abordagens estéticas, cada obra escolhida tem uma identidade muito intensa”, explica Heitor Augusto. “Entretanto, sinto que um traço marcante nesse conjunto de filmes, bem como das obras que flertam ou…
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Faça Ela Voltar (2025)
Publicado originalmente em 20/08 na newsletter para assinantes do financiamento coletivo do Feito por Elas. Para contribuir com o projeto, assine aqui. Assisti a Faça Ela Voltar (Bring Her Back), dirigido pela dupla australiana Danny Philippou e Michael Philippou, na pré-estreia. (De qualquer forma esse é um comentário mais ou menos sem spoiler) Eu vi o trailer na sessão de A Hora do Mal e ele vende uma trama macabra, talvez demoníaca, repleta de imagens perturbadoras. Trata-se de uma história sobre dois irmãos, Andy (Billy Barratt) e Piper (Sora Wong), cujo pai faleceu. Faltam três meses para o menino completar 18 anos e poder reivindicar a guarda da irmã mais nova, que é deficiente visual. Ela distingue…
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Alguns comentários sobre A Hora do Mal e o camp vilanizado
Publicado originalmente em 20/08 na newsletter para assinantes do financiamento coletivo do Feito por Elas. Para contribuir com o projeto, assine aqui. As últimas semanas foram de muito alarde em cima de filmes de horror recentes e me vi como a pessoa do contra, que (infelizmente) não conseguiu comprar totalmente as propostas dos filmes apontados. Sim, eu detesto não gostar de um filme. Cinema, para mim, deveria ser algo prazeroso e não vejo vantagem em manter uma posição de oposição em relação às obras lançadas. Mas nesse caso, embora elas tenham, sim, seus méritos, não consigo deixar de apontar meus incômodos. (As discussões a seguir terão spoilers moderados). Finalmente fui assistir A…
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O Último Azul (2025)
Desde que venceu o Urso de Prata em Berlim, O Último Azul se tornou um dos lançamentos brasileiros mais aguardados da temporada. Já passaram mais de 5 anos desde que Gabriel Mascaro chamou atenção com outra distopia, mas, se Divino Amor tinha uma relação muito mais inflamada e pueril com o destino político do Brasil, remover a necessidade de um discurso expositivo com um oponente obrigatório foi o que pavimentou caminhos muito mais interessantes para este novo filme. O cineasta amadureceu seu olhar e sua crítica, além de construir uma obra que transborda sensibilidade ao se concentrar muito mais em sua personagem e, partir dela, relacionar o mundo ao seu…
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5ª Mostra de Cinema Árabe de Cinema Feminino oferece masterclass gratuita e online com a cineasta libanesa Rania Stephan
Chegando à sua quinta edição, a MOSTRA DE CINEMA ÁRABE FEMININO propõe uma reflexão crítica sobre as imagens como arquivos vivos da História, reunindo filmes que dialogam com temas urgentes e afetos compartilhados em tempos de massacres. Após passar pelo Recife, a MOSTRA DE CINEMA ÁRABE FEMININO apresenta agora uma programação inédita e gratuita no Rio de Janeiro, incluindo Niterói e Duque de Caxias (de 22 a 30 de agosto), no Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB RJ), no Cine Arte UFF, na FEBF/UERJ e em escolas públicas parceiras. Uma das novidades desta edição é a masterclass online “O Caminho para o Arquivo”, ministrada pela diretora libanesa Rania Stephan, que vai acontecer no dia…
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Viver Até o Fim (The Living End, 1992)
Publicado originalmente em 05/06 na newsletter para assinantes do financiamento coletivo do Feito por Elas. Para contribuir com o projeto, assine aqui. Na abertura, os créditos avisam que esse é “um filme irresponsável por Gregg Araki”. Então não espere um romance convencional, ou uma história de superação ou uma jornada motivacional. Viver Até o Fim (The Living End, 1992) faz parte do grupo de filmes que levou a crítica de cinema Ruby Rich a definir o que ela veio a chamar de New Queer Cinema, um movimento que fala de vivências LGBTQIA+ usando de uma estética do pastiche e da ironia, ressignificando imagens e histórias. Araki constrói sua narrativa num momento central para a história…