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    Os 39 degraus

    Esses dias a newsletter da Aline Valek veio com o título O tempo andou mexendo com a gente. Ela escreveu uma série de reflexões sobre as diferenças entre gerações, agora tão na moda de serem apontadas que cada uma ganha até mesmo um nome diferente. E também sobre a passagem do tempo e envelhecer. Sua carta veio em boa hora, encaixou direitinho com coisas que tenho pensando. Uma das que ela comenta é como, de fato, cada geração está sempre condenando a anterior. Ela traz uma citação que comenta a decepção com os jovens: “Os jovens indomáveis de hoje não estão perdidos. Para esta geração falta o ar eloquente de perda que fez tantas façanhas…

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    Entre dois amores

    Entre 2013 e 2014 eu queria voltar para a academia e tinha um pouco de medo de não dar conta do ritmo. Para “treinar” os estudos, eu me inscrevi em vários cursos que era disponibilizados de graça na plataforma Coursera. Era apenas uma proposta maravilhosa, daquela época em que rolava uma utopia de que a internet democratizaria o conhecimento (e não que a gente seria sufocado por algoritmos tentando nos vender coisas, mas isso é tema para outro momento). Esses cursos me marcaram demais: até hoje lembro das aulas, da didática, do esforço conjunto para o modo online de aula funcionar (anos antes da pandemia) e da sensação de que eu poderia fazer as disciplinas mais…

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    Duas catadoras

    Texto publicado originalmente na newsletter para assinantes do financiamento coletivo do Feito por Elas. Esses dias eu li A Teoria da Bolsa da Ficção, um ensaio da Ursula Le Guin que saiu no Brasil pela N-1 Edições, traduzido por Luciana Chieregati. Com enxutas 8 páginas, publicado originalmente em 1986 (depois de algumas das principais obras da autora, diga-se de passagem), é impressionante quantas ideias interessantes ele abarca. Ursula (ou Ursulinha, como chamamos ela na intimidade do Grupo de Leitura Feito por Elas), para quem não conhece, é uma escritora de ficção científica que começou a publicar no final da década de 1950, com o primeiro romance saindo em 1966. Elas permaneceu ativa até seu…

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    Livros escritos por mulheres no vestibular

    Foi publicada na Folha uma matéria informando que a partir do vestibular realizado em 2025, para definir os ingressantes de 2026, o vestibular da USP (Fuvest) terá uma lista para a prova de literatura composta apenas por livros escritos por mulheres. Entre as escritoras escolhidas há nomes como Rachel de Queiroz, Lygia Fagundes Telles, Clarice Lispector e Conceição Evaristo. E também há alguns nomes menos conhecidos do público, e eu, particularmente, não conhecia as autoras do século XIX. Mas essa é a graça de uma proposta como essa, não é? Você incorpora autoras validadas e reconhecidas, e que mesmo assim figuram pouco em um vestibular (inclusive por questões subjetivas de gênero e raça…

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    Kindred, seriado adaptados do livro de Octavia Butler

    Texto publicado originalmente na newsletter para assinantes do financiamento coletivo do Feito por Elas. Um dos motivos pelos quais não vi filmes nos últimos dias, além da correria, foi que resolvi assistir a Kindred, nova série da Hulu adaptada do livro de mesmo nome da Octavia Butler. Eu recebi o screener pelo Globo de Ouro e, mesmo não votando em televisão, decidi ver, porque o livro é MARAVILHOSO apenas. Uma das melhores leituras que fiz ano passado com o Grupo de Leitura Feito por Elas. A história é sobre uma jovem escritora, chamada Dana, que se vê voltando repetidas vezes para o começo do século XIX, em uma fazenda do sul estadnidense no contexto…

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    Corpo, sexo e máquina

    “Fisiologicamente, no uso normal da tecnologia (ou seja, de seu corpo em extensão vária), o homem é perpetuamente modificado por ela, mas em compensação sempre encontra novos meios de modificá-la. É como se o homem se tornasse o órgão sexual do mundo da máquina, como a abelha do mundo das plantas, fecundando-o e permitindo o evolver de formas sempre novas. O mundo da máquina corresponde ao amor do homem atendendo a suas vontades e desejos, ou seja, provendo-o de riqueza. Um dos méritos da pesquisa motivacional foi o da revelação da relação entre o Sexo e o carro”MCLUHAN, Marshall. Os Meios de Comunicação Como Extensão do Homem Filmes: Crash –…

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    Metropolis

    “A montagem de olhos masculinos olhando para a falsa Maria quando ela sai de seu caldeirão e começa a se despir, ilustra como o olhar masculino de fato constitui o corpo feminino na tela. É como se estivéssemos presenciando a segunda criação pública do robô, sua carne, pele e corpo não apenas sendo revelados, mas constituídos pelo desejo da visão masculina” HUYSSEN, Andreas. The Vamp and the Machine: Technology and Sexuality in Fritz Lang’s Metropolis, tradução minha.

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    Retrato de uma Jovem em Chamas e Teresa de Lauretis

    Heloïse: Quando você me olha, quem você acha que eu estou olhando?Retrato de uma Jovem em Chamas (Portrait de la Jeune Fille en Feu, 2019), dirigido por Céline Sciamma “O projeto do cinema feminista, portanto, não é tanto ‘tornar visível o invisível’, como diz o ditado, ou destruir a visão por completo, mas construir outro (objeto de) visão e as condições de visibilidade para um sujeito social diferente” (LAURETIS, Teresa de. Alice Doesn’t, 1984, p.67, tradução minha).

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    Melhores livros lidos em 2021

    Esse ano foi, entre altos e baixos, de muitas leituras, especialmente em virtude do Grupo de Leitura Feito por Elas (link para quem quiser fazer parte). Como todo ano, vou elencar aqui algumas das que mais gostei. E também aproveito para deixar linkado meu goodreads. Vamos à lista! Quadrinhos: Ninguém Vira Adulto de Verdade e A Louca dos Gatos, de Sarah Andersen Tradução: André Czarnobai Editora Seguinte (120 pág e 112 pág) Eu sou louca pelos quadrinhos da Sarah Anderson, que acompanho há anos pelos instagram. Os livros são coletâneas do seu trabalho e são, claro, engraçadíssimos. Link para comprar aqui e aqui Não-ficção: Blade Runner Reloaded, de Vanni Codeluppi…

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    Jane Eyre e suas adaptações

    Esse mês o livro escolhido para leitura e conversa no Grupo de Leitura do Feito por Elas foi Jane Eyre, de Charlotte Brontë. Ele é um dos meus preferidos da vida e eu poderia ter participado dos debates informalmente, mas optei por relê-lo. E uma vez tendo feito isso, resolvi, talvez obcecadamente, ver algumas de suas adaptações audiovisuais. Nesse texto contarei um pouco de minhas impressões. Começando pelo livro: que leitura maravilhosa! Jane Eyre, a protagonista que dá nome à trama, é uma garota órfã de 10 anos que é enviada pela esposa de seu falecido tio para um internato de caridade para meninas sem posses. Cresce em meio aos…