Cinema
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[48ª Mostra de São Paulo] Maria Callas (Maria)
Este texto faz parte da cobertura da 48ª Mostra Internacional de Cinema de São Paulo, que ocorre entre 17 e 30 de outubro. Publicado originalmente na newsletter para assinantes do financiamento coletivo do Feito por Elas. Para contribuir, assine aqui. Maria Callas (Maria, Itália, Alemanha, EUA, 2024 Ficção, cor, 123 min) Direção: Pablo Larraín Sinopse: A tumultuada, bela e trágica história da vida da maior cantora de ópera do mundo, Maria Callas (1923-1977), revivida e reimaginada durante seus últimos dias na Paris dos anos 1970. Exibido nos festivais de Veneza, Nova York e Londres. Comentário: Toda cinebiografia é uma mentira. Tudo que sabemos da pessoa retratada ou passa pelos próprios filtros ou é um fragmento…
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[48ª Mostra de São Paulo] Luz Fantasma (Ghostlight)
Este texto faz parte da cobertura da 48ª Mostra Internacional de Cinema de São Paulo, que ocorre entre 17 e 30 de outubro. Publicado originalmente na newsletter para assinantes do financiamento coletivo do Feito por Elas. Para contribuir, assine aqui. Luz Fantasma (Ghostlight, 2024, Ficção, cor, 115 min) Direção: Alex Thompson e Kelly O’Sullivan Sinopse: Dan, um trabalhador da construção civil de meia-idade, é um homem melancólico que precisa lidar com o sofrimento após uma tragédia familiar. Separado da esposa e da talentosa —porém problemática— filha, ele encontra algum conforto em uma companhia de atores amadores, juntando-se ao grupo durante a montagem teatral de baixo orçamento do clássico “Romeu e Julieta”, de William Shakespeare. Em…
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[48ª Mostra de São Paulo] Anora
Este texto faz parte da cobertura da 48ª Mostra Internacional de Cinema de São Paulo, que ocorre entre 17 e 30 de outubro. Publicado originalmente na newsletter para assinantes do financiamento coletivo do Feito por Elas. Para contribuir, assine aqui. Do dia 17 ao dia 30 de outubro acontece a 48ª Mostra de Cinema de São Paulo. Sei que nem todo mundo está em São Paulo, mas muitos filmes exibidos estrearão em breve. Então eu vou fazer um exercício de trazer um comentário sobre cada um que eu assistir. Esse ano optei por não cobrir, pois sei que outras atividades vão entrar em conflito com muitos horários, mas, sabe como é,…
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[48ª Mostra de São Paulo] Manas
Este texto faz parte da cobertura da 48ª Mostra Internacional de Cinema de São Paulo, que ocorre entre 17 e 30 de outubro. Sutil e responsável em sua abordagem da violência, Mariana Brennand acompanha com cuidado potências femininas que elevam sua narrativa de denúncia Habituada ao cinema documental, Mariana Brennand encontrou na ficção uma maneira de denunciar violências sem expor suas vítimas e, com essa mesma sensibilidade que é base de sua feitura, traz muita sutileza e responsabilidade para abordar a temática central. Nos anos 70, Iracema – Uma Transa Amazônica colocava uma protagonista muito jovem em Belém, a retratando entre o documentário e a ficção dentro das maiores problemáticas…
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Pasárgada (2024)
Dira Paes estreia na direção explorando a natureza como chave da transformação de uma protagonista controversa, mas ficam claras suas dificuldades para estruturar o longa. É comum o movimento de pessoas que atuam e decidem desbravar o lugar da direção sem muita experiência anterior do outro lado das câmeras, com todo tipo de resultado, dos que surpreendem, os medianos e os que decepcionam. Dira Paes não somente estreia como diretora, mas acumula funções na feitura de seu primeiro filme, algo que é muito visto no cinema independente feito por mulheres, em que obras são dirigidas, protagonizadas, escritas, produzidas e algumas vezes até montadas por uma mesma cineasta. Em Pasárgada, Dira…
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50 melhores filmes dirigidos por mulheres da década de 1990
Depois da lista de melhores filmes dirigidos por mulheres da década de 2010 e de 2000, retrocedemos para fazer uma retrospectiva da década de 1990. Participaram da votação críticas, jornalistas e pesquisadoras, que enviaram suas listas contendo 10 filmes preferidos desse recorte temporal. Ao todo votaram 32 profissionais que mencionaram 96 filmes diferentes. A votação seguiu um sistema de peso, de maneira que os filmes posicionados em primeiro lugar nas listas individuais pontuaram mais que aqueles na décima posição. O resultado final levou em conta essa pontuação e a quantidade de listas em que cada filme figurou. Apesar do nome 50 melhores filmes dirigidos por mulheres da década de 1990,…
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A Substância (The Substance, 2024)
No período em que um filme fica decantando na cabeça entre a cabine e a redação da crítica, às vezes ele perturba, às vezes ele adquire novos sentidos e às vezes ele vai sumindo do pensamento. No dia 9, após assistir A Substância (The Substance, 2024), postei que ele era “raso, bonito e divertido, tudo ao mesmo tempo”. E quanto mais eu penso nele, mais o primeiro aspecto se sobressai aos demais (e acho curioso que ela tenha recebido o prêmio de melhor roteiro no Festival de Cannes). Uma espécie de fábula de horror, o filme abre com uma sequência que sumariza a ascensão de Elisabeth Sparkle, interpretada por Demi…
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Cidade; Campo (2024)
Sou efusivamente entusiasta do cinema da Juliana Rojas. Adoro os curtas (que uso em oficinas de crítica e também escrevi sobre um deles para um livro); sou encantada pelos longas (e tive o prazer de entrevistá-la por ocasião de um lançamento); gosto da mistura de gêneros e das escolhas artísticas. Com isso, cada lançamento dessa, que é uma das minhas cineastas preferidas, sempre vem acompanhado de pelo menos alguma curiosidade, quando não ansiedade sobre a obra em questão. Não foi diferente com Cidade; Campo. O filme foi agraciado com o prêmio de Melhor Direção na mostra Encontros do Festival de Berlim e Melhor Filme pelo júri da crítica e Melhor…
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9 e 1/2 Semanas de Amor (1986)
Texto publicado originalmente na newsletter para assinantes do financiamento coletivo do Feito por Elas. Para contribuir, assine aqui. No começo de junho aconteceu uma pré-(re-)estreia de 9 e 1/2 Semanas de Amor (9 1/2 Weeks, 1986), clássico de Adrian Lyne estrelado por Kim Basinger e Mickey Rourke, que foi relançado nos cinemas no dia 06/06. Eu lembro dos meus pais cochichando sobre ele numa conversa com uma de minhas tias, da qual não consegui entender o conteúdo para além de “existem filmes assim que são feitos com bom gosto”. Como já diria Calcanhotto, “eu não gosto do bom gosto”, mas esse filme foi um frisson do home video. Eu tinha expectativas. E ele começa…
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Maxxxine (2024)
Texto publicado originalmente na newsletter para assinantes do financiamento coletivo do Feito por Elas. Para contribuir, assine aqui. Maxine, interpretada por Mia Goth, é a protagonista do terceiro filme da trilogia de horror escrita e dirigida por Ti West sobre o desejo de estrelato (e os perigosos escondidos nele) de suas protagonistas. As obras resultam em um conjunto um tanto estranho. Em X- A Marca da Morte (X, 2022), a atriz já vivia Maxine, uma aspirante a atriz na década de 1970 que, com um grupo de jovens, participa da filmagem de um filme pornográfico em uma fazenda isolada. Com referências a clássicos do slasher, como O Massacre da Serra Elétrica (The Texas Chain…