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    Orlando, Minha Biografia Política (2023)

    Usando a obra de Virginia Woolf para dar contorno a diversas vivências, Paul B. Preciado eleva a figura da autora enquanto discute questões fundamentais  A identificação de Paul B. Preciado com Orlando torna-se nesse filme mais do que uma homenagem à figura de Virginia Woolf e seu livro, mas uma exaltação da obra enquanto um diálogo entre seu conteúdo e a história das pessoas trans, utilizando o texto para colocar em pauta desafios enfrentados por essas representações modernas do protagonista da escritora. Em uma conversa direta entre os autores, é a própria jornada do diretor que se costura ao redor da história de todos os personagens, que apresentam seus relatos…

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    Toda Noite Estarei Lá

    Tati Franklin e Suellen Vasconcelos nem sempre mantém o foco na batalha contra a igreja, mas dão contornos interessantes com o retrato bastante humano de sua protagonista Mel Rosário contraria a expectativa de vida das pessoas trans no Brasil por muito, com quase 60 anos, um salão de beleza e uma crença muito forte em Deus, sua principal batalha além da diária para sobreviver, também como qualquer pessoa pobre no país, é contra a igreja evangélica do bairro que não permite sua entrada. Além dos protestos que a mulher faz todas as noites com cartazes na frente do local, um processo judicial corre há anos, e mesmo depois de perder,…

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    La Chimera (2023)

    Atravessando mundos e fantasias para questionar o caráter sagrado do passado, Alice Rohrwacher parece trair seu discurso, mas ganha pelo encantamento. Enquanto sonha durante a travessia de trem, o inglês Arthur (Josh O’Connor) tem sua ligação com o mundo onírico, ou seja ele qual for, rompida bruscamente, enquanto ouve dizer que não saberá como aquela fantasia se encerra. É um prenúncio claro de que Alice Rohrwacher pretende ligar seu sonhador com seu objeto de desejo, utilizando todo o restante do filme como meio, um desenrolar em que dois pontos se conectarão inevitavelmente. Mas o humor de La Chimera faz co que até suas obviedades e clichês se tornem mais agradáveis,…

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    Laura (1944)

    Os muitos planos de Laura que colocam sua pintura ao fundo, sempre enquadrada e estática enquanto outros personagens se movem pela sala, revelam a própria essência do filme de Otto Preminger, a idealização pela imagem das mulheres no cinema. Por grande parte da duração do longa, a pergunta que se levanta ao espectador e a todos os envolvidos na trama é “quem matou Laura?”, já que partimos praticamente do mesmo ponto de vista do detetive (Dana Andrews), não assistimos ao crime, porém também é privado de nós qualquer contato com esse assassinato, o que por sí só já se torna uma distração. É certo que Laura Hunt (Gene Tierney) está…