Cinema
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Barbie (2023)
A chegada do filme da Barbie traz à tona lembranças e sentimentos conflitantes sobre o brinquedo. Com exceção de Hering Rasti, um concorrente de Lego fabricado na minha cidade natal, Blumenau, Barbie deve ser o brinquedo com que mais brinquei na vida. Como expliquei em um fio no twitter há pouco tempo, ela não era meu brinquedo preferido. Mas ela me possibilitava minha brincadeira preferida: costurar roupinhas para ela, representando várias épocas e profissões. Isso demandava planejamento: pegar retalhos e botões com minhas avós e, quando eu era maiorzinha, até mesmo fazer um croqui da roupa planejada. (Minha vó, costureira, nunca entendeu porque não fui trabalhar com moda). Minha primeira…
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Jane Eyre e suas adaptações
Esse mês o livro escolhido para leitura e conversa no Grupo de Leitura do Feito por Elas foi Jane Eyre, de Charlotte Brontë. Ele é um dos meus preferidos da vida e eu poderia ter participado dos debates informalmente, mas optei por relê-lo. E uma vez tendo feito isso, resolvi, talvez obcecadamente, ver algumas de suas adaptações audiovisuais. Nesse texto contarei um pouco de minhas impressões. Começando pelo livro: que leitura maravilhosa! Jane Eyre, a protagonista que dá nome à trama, é uma garota órfã de 10 anos que é enviada pela esposa de seu falecido tio para um internato de caridade para meninas sem posses. Cresce em meio aos…
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Yentl
Barbra Streisand é uma das 21 pessoas chamadas de EGOT. Isso significa que já foi premiada com Emmy (prêmio de televisão), Grammy (música), Oscar (cinema) e Tony (teatro). Começou a sua carreira na Broadway como cantora e seu primeiro papel no cinema já foi um sucesso absoluto: Funny Girl: A Garota Genial( Funny Girl, 1968), dirigido por William Wyler, que mostra uma comediante no começo do século XX, chamada Fanny, papel que ela já havia interpretado na Broadway. Destaco, ainda, seu papel em Essa Pequena é Uma Parada (What’s Up Doc, 1972), de Peter Bogdanovich, uma comédia maluca com Ryan O’Neil, que envolve malas trocadas e muitas confusões estilo sessão…
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A Vida é uma Dança e a obra de Dorothy Arzner
Dorothy Arzner é uma das pioneiras do cinema. Nasceu em 1897 e começou a trabalhar como diretora no final da década de 1920, ainda no cinema mudo. Fez a transição para o cinema sonoro e trabalhou até 1943, sendo a única mulher que se saiba estar dirigindo filmes em Hollywood ao longo da década de 1930. Foi também a primeira mulher a integrar o Sindicato dos Diretores nos Estados Unidos. Curiosamente, eu estava vendo, esses dias, o documentário Alice Guy-Blaché: A História Não Contada da Primeira Cineasta do Mundo (Be Natural: The Untold Story of Alice Guy-Blaché, 2018), dirigido por Pamela B. Green e nele aparece uma carta de Guy…
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Melhores filmes de 2020
Também conhecido como “os filmes que eu mais gostei de ver”, portanto algo bastante pessoal. Como sempre nos últimos anos, não fiz repescagem em dezembro. Esse ano foi muito atípico e cansativo, mas isso todo mundo sabe. Acabei assistindo a número bastante reduzido de lançamentos. Em meio ao caos do ano, fui jurada no Júri da Crítica do 48º Festival de Cinema de Gramado e no Júri da Crítica da 44ª Mostra Internacional de Cinema de São Paulo, mediei debates, cobri festival, toquei o doutorado em frente (e consegui uma bolsa de estágio na Itália, para onde devo ir no começo de 2021). Ainda assim foram cerca de 40 textos…
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Melhores documentários assistidos em 2020
Nessa lista constam os documentários que mais gostei de ver pela primeira vez ao longo do ano. Separo eles dos demais filmes porque nem sempre eles são lançados comercialmente, então não preciso esperar uma data específica para colocá-los em minha lista. Além do mais, isso me permite elencar também os que não são lançamentos, mas que eu vi pela primeira vez ao longo dos últimos 12 meses. Eu gosto muito de documentários e acho interessante como sem querer eles se tornaram o reduto dos trabalho de mulheres, como pode ser facilmente verificado abaixo. A lista está em ordem cronológica e está disponível no letterboxd. Filmes sobre os quais escrevi ou…
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Os 20 melhores filmes vistos pela primeira vez em 2020
Essa lista, que faço todos os anos, contém alguns dos filmes que eu mais gostei de conhecer esse ano e que não são lançamentos, nessa constante busca por obras interessantes e que afetam. Como sempre, para facilitar, escolhi apenas filmes ficcionais de longa metragem. Além disso, para abrir espaço à variedade, diretoras e diretores com mais de um filme que preenchessem esse critério tiveram só um listado. A lista também pode ser conferida no letterboxd. Filmes sobre os quais escrevi ou gravei podcast tem links no título e a ordem da disposição é cronológica. A Boneca do Amor (Die Puppe, 1919) Direção: Ernst Lubitsch A Ceia dos Acusados (The Thin Man,…
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[44ª Mostra de São Paulo] Walden
Esta crítica faz parte da cobertura da 44ª Mostra Internacional de Cinema de São Paulo, que ocorre entre 22 de outubro e 4 de novembro em formato online Jana (Ina Marija Bartaité) é uma jovem filha de um funcionário público bem posicionado na Lituânia, em um momento em que a União Soviética estava próxima do fim. Ela conhece Paulius, um rapaz que adota uma estética punk e que ganha dinheiro com o mercado negro. Escrito e dirigido por Bojena Horackova, Walden (2020) se apresenta como uma espécie de história de Romeu e Julieta, em que as expectativas e realidades de ambos os colocam em lugares diferentes no contexto em que…
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[44ª Mostra de São Paulo] Sem Ressentimentos
Esta crítica faz parte da cobertura da 44ª Mostra Internacional de Cinema de São Paulo, que ocorre entre 22 de outubro e 4 de novembro em formato online Parvis (Benny Radjaipour) é um jovem filho de migrantes iranianos morando na Alemanha. Em uma balada, foi flagrado roubando uma garrafa de bebida do bar e sua pena consiste em 120 horas de trabalho comunitário em um abrigo para refugiados. Lá ele conhece os irmãos Banafshe (Banafshe Hourmazdi) e Amon (Eidin Jalali), recém chegados do Irã. Sem Ressentimentos (Wir, 2020), dirigido por Faraz Shariat e escrito por ele em parceria com Paulina Lorenz, aborda a amizade e a identificação entre os três.…
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[44ª Mostra de São Paulo] Dias
Esta crítica faz parte da cobertura da 44ª Mostra Internacional de Cinema de São Paulo, que ocorre entre 22 de outubro e 4 de novembro em formato online Apenas dois personagens e poucas ações: assim se desdobra Days (Rizi, 2020), escrito e dirigido por Ming-liang Tsai. Kang (Kang-sheng Lee) mora em uma casa espaçosa e confortável, com grandes panos de vidro. Non (Anong Houngheuangsy) mora em um pequeno apartamento que mais parece uma garagem, com janelas cobertas por lençol. As ações mais cotidianas são retratadas por meio de planos longos, com a câmera parada e distante dos dois protagonistas. Kang observa a a chuva cair, sentado. A imagem é levemente…