Críticas e indicações,  Filmes

Gente de Bem

O novo filme da diretora e roteirista Nicole Holofcener, Gente de Bem (The Land of Steady Habits, 2018) é uma parceria com a Netflix, lançado diretamente no serviço de streaming. O protagonista é Anders Harris, interpretado por Ben Mendelsohn, um homem branco de classe média que, em uma espécie de crise de meia idade, resolve se divorciar e sair do emprego em que trabalhava. Nem ele sabe exatamente o que o motivou a fazer as duas coisas, e nem o que especificamente está buscando em sua vida. A incerteza e o peso das escolhas são lindamente fotografados na cena do pôster acima, em que ele, numa enorme loja de coisas para casa, se depara com uma paredão de escolhas sufocantes. Mesmo um mero porta-escova-de-dentes precisa dizer algo sobre sua nova vida, mas tudo é de uma aparência sem conteúdo. A vida sexual que se segue é medíocre, o relacionamento com o filho é um problema e a inaptidão para se comunicar com as pessoas de sua idade é patente. Mas o problema se aprofunda quando ele se torna amigo do filho de conhecidos seus. O filme oscila entre o drama e o humor ácido e, por mais que o protagonista possa não parecer interessante pela descrição que eu mesma dei, Holofcener dá vida a história com uma bela capacidade de observar os humanos que ela cria.

Compartilhe
Share

Crítica de cinema, doutora em Antropologia Social, pesquisadora de corpo, gênero, sexualidade e cinema.

Deixe uma resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *