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Holland (2025)

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Holland, dirigido por Mimi Cave, é a mais recente adição na filmografia de donas de casa desesperadas da Nicole Kidman. Ela começa narrando sobre o quão perfeita é a vida nessa cidade de colonização holandesa e como foi salva nesse lugar e nem parece verdade. Ficamos sem saber o que aconteceu no seu passado, porque ela simplesmente esquece de contar. Mas ela está lá, vivendo essa vida idílica, numa vizinhança perfeita, de vidas perfeitas, com um marido, o oftalmologista da cidade (Matthew Macfadyen, ou Mr. Darcy ou Tom Wambsgans, ao gosto da freguesia) e um filho e uma carreira como professora, tudo perfeito.

Até que começa a desconfiar que o marido, sempre viajando para congressos e eventos, está tendo um caso. E, atormentada e paranoica com a ideia, decide investigar, com ajuda de seu colega, também professor (Gael García Bernal), com quem ironicamente começa um relacionamento extraconjugal no processo.

A ideia de uma mulher presa em uma vida suburbana de aparências e de fachadas, em uma relação sorridente, mas muito mais complexa, não é exatamente nova. O filme remete e muito a Esposas de Stepford (Stepford Wives, 1975), cujo remake, já sem pé nem cabeça, Mulheres Perfeitas (Stepford Wives, 2004), é estrelado pela própria Nicole Kidman.

Cave trabalha cenários de pesadelo, em que a protagonista oniricamente afunda cada vez mais no medo do meio em que vive. Mas as revelações, anticlimáticas pela obviedade, deixam de fora praticamente tudo: o passado da personagem, o contexto tão específico da cidade, o que teria acontecido com o marido e até o pobre amante, simplesmente esquecido no desfecho. Mas eu fiquei lá, prestando atenção naquele pastelão se desenrolando até o final. Vale uma pipoca descompromissada numa sexta de noite. 

O filme (visto em screener) está disponível no Prime Video.

Crítica de cinema, doutora em Antropologia Social, pesquisadora de corpo, gênero, sexualidade e cinema.

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