Críticas e indicações,  Filmes

Homecoming

“Escrito, dirigido e produzido por Beyoncé Knowles”. O crédito final é um vislumbre do peso da artista no documentário. Homecoming é sobre seu show que foi a atração principal do festival Coachella em 2018. Beyoncé intercala as apresentações musicais do show com discursos de pensadoras, ativistas, escritoras e outras personalidades negras e cenas dos bastidores e dos preparativos. Ela, que foi a primeira artista negra a ser a atração principal, disse que seu sonho quando criança era estudar em uma universidade para pessoas negras, mas sua escola acabou sendo Destiny’s Child. Sua fascinação por competições de fanfarra a levaram ao tema do show. Além dos músicos, optou por trazer ao palco dançarinos e dançarinas, artista de humor corporal, balizas de banda, entre outros artistas, dando espaço para que eles, também todos negros, pudessem mostrar o seu trabalho. As músicas passam por todos os principais sucessos de sua carreira. Nos bastidores, ela mostra os ensaios exaustivos, que duraram meses, logo após o nascimento de seus filhos gêmeos (e foi em virtude de sua gestação que o show foi adiado por um ano). Nem Beyoncé, que é Beyoncé, está livre de cobranças com a imagem e relata que depois de chegar aos 99 quilos em uma gestão de risco, precisou fazer uma dieta de extrema restrição para entrar no figurino da apresentação. A estética mistura elementos vinculados à universidade, como moletons e uniformes, com aqueles mais políticos presentes em suas turnês anteriores, como os que remetem aos Panteras Negras. Com ótimas músicas, uma maturidade nas escolhas estéticas e políticas, a presença de dezenas de artistas e a busca por excelência, Beyoncé criou um show que impressiona e certamente será lembrado em tempos vindouros como um marco.

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Crítica de cinema, doutora em Antropologia Social, pesquisadora de corpo, gênero, sexualidade e cinema.

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