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Jane: a Mão dos Chimpanzés

A dica de hoje na verdade eu já dei tanto no meu twitter quanto no grupo do Feito por Elas do Telegram, mas vou reforçar. Assista Jane: a Mãe dos Chimpanzés (Jane, 2017), de Brett Morgen! O documentário, montado com imagens inéditas descobertas em 2014, mostra o trabalho de Jane Goodall com chimpanzés, considerada a mais longa pesquisa contínua de animais em seu habitat. Jane é uma personagem absolutamente fascinante e uma profissional incrível. A maior parte das imagens foi realizada ainda na década de 1960 por Hugo Van Lawick, que foi encarregado pela National Geographic Society de registrar o trabalho dela. Considerado um dos melhores fotógrafos de natureza, Hugo filmou de perto cada etapa do trabalho de Jane, o que possibilita nós, cinquenta anos depois, não só mergulharmos na rotina exaustiva e solitária dela como o fazer por meio de belas imagens. Quando era criança, assistia àqueles programas da National Geographic (era na Manchete, acho) e Jane Goodall era uma figura recorrente. Mas aqui vemos também suas dificuldades, suas escolhas pessoais, suas desilusões com humanos e macacos. Não esperava chorar com um documentário sobre ela, mas mostra que foram sua trajetória de sucesso não foi sem dificuldades e os chimpanzés são humanos demais. Algo que me incomodou é a ausência de discussão sobre as condições do trabalho de campo dela: embora seja mencionado que trabalhava sozinha, no começo levando sua mãe junto, é preciso mencionar que chegou na Tanzânia quando ela deixava de ser colônia britânica. Mas embora pessoas do local sejam vistas nas filmagens de relance, nunca são apresentadas. Como se deu essa relação? Apesar desse vácuo de informação, ainda é um documentário extremamente (e talvez impressionantemente) emocionante, que ganhou o Emmy de melhor direção para documentário ou não-ficção e de melhor fotografia, entre outros tantos prêmios e indicações.

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Crítica de cinema, doutora em Antropologia Social, pesquisadora de corpo, gênero, sexualidade e cinema.

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