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Missa da Meia-Noite

A minissérie Missa da Meia Noite (Midnight Mass, 2021) deve ser o melhor trabalho do diretor Mike Flanagan. E também deve ser a maior quantidade de missa que vi em 20 anos. É interessante como estamos acostumados a ver o catolicismo, quando em contexto de narrativas de terror, vinculado principalmente a possessões demoníacas e exorcismos. Mas a premissa aqui parte da própria ritualística: e se o tomar o corpo e sangue na comunhão fosse mais real? Transformar o rito de canibalismo simbólico e sagrado em literal e profano. São muitas sequências que se passam em missas e a criação católica do cineasta transparece: não são caricatas, mas seguem a gestualidade, a forma e a textualidade das missas reais. Mesmo os pontos centrais da série, que são a discussão sobre fé (e direito à fé), morte (e o que vem depois dela) não deixam de ser temas que são discutidos em contextos religiosos. A diferença é o elemento fantástico que é acrescido (e sobre ele não vou me aprofundar, para não estragar para quem não viu, mas adianto que gostei). E claro, isso enquanto comenta sobre comportamento de rebanho. Está disponível na Netflix.

⭐⭐⭐⭐

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Crítica de cinema, doutora em Antropologia Social, pesquisadora de corpo, gênero, sexualidade e cinema.

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