Críticas e indicações

Pokémon: Detetive Pikachu (2019)

Nos anos 90 videogames portáteis não eram tão comuns no Brasil, devido ao seu preço elevado, mas os aparelhos de televisão eram presentes em quase todas as salas de estar. Os pocket monster (monstros de bolso, em livre tradução), ou, simplesmente, pokémons, surgiram nessa década em jogos para o portátil Game Boy, da Nintendo, mas se tornaram sucesso absoluto no país quando o anime adaptado dele começou a passar na programação matinal da televisão, na virada da década. Figurinhas, baralhos e todo tipo tipo de produtos circulavam entre as crianças. Eu provavelmente era mais velha que o público alvo e acompanhava marginalmente essa febre toda em virtude de meu irmão mais novo e presenteava algumas pessoas com desenhos do Pikachu (na minha memória perfeito, mas provavelmente longe disso) que eu fazia com nanquim e lápis aquarelável. Só fui entender o apelo dos bichinhos e me envolver com eles quando, já adulta, tive meu primeiro videogame portátil e pude começar a capturar pokémons.

Depois de alguns animes em longa metragem terem passado pelo cinema, agora é a vez de Pokémon: Detetive Pikachu (Pokémon Detective Pikachu, 2019), dessa vez um filme com atores. O protagonista é Tim Goodman (Justice Smith) um rapaz de 21 anos que é informado que seu pai, um detetive, sofreu um acidente de carro e morreu. Tim foi criado pela vó, com quem preferiu morar depois da morte de sua mãe, quando era criança. O pai morava em Ryme City, uma cidade em que pokémons e humanos convivem sem hierarquias, sem batalhas e sem pokébolas. Lá encontra um Pikachu que era parceiro de investigações de seu pai e descobre que consegue entender o que ele fala. A partir daí se desenvolve uma história de investigação envolvendo doping de pokémons e um plano nonsense de dominação.

O filme se passa em uma espécie de cenário futurista ou alternativo próximo do nosso, com ares bladerunneriana: o clima de filme antigo de detetive, a inspiração noir, os neons e letreiros japoneses, a jaqueta com gola de cordeiro. O contexto da história vai ser mais facilmente captado por quem já tem conhecimento anterior sobre os bichinhos e suas características, mas isso não importa muito. A trama por si só é batida, com um vilão previsível, assim como sua reviravolta. Mas não posso deixar de achar curioso como grandes corporações têm feito filmes sobre o perigo que representam… as grandes corporações, de Uma Aventura Lego (2014) a Dumbo (2019), até chegar aqui.

A graça desse filme está justamente nas interações entre humanos e pokémons e nas criações de computação gráfica desses últimos, que, embora nem sempre tenham boas interações com os atores de carne o osso, no geral têm ótimos momentos e esbanjam simpatia. Durante o filme eu anotei, sobre Pikachu, “tão fofinho”: esse é um resumo sobre o charme do filme. Pokémon: Detetive Pikachu é divertido e talvez seja esquecível para quem não tem alguma conexão com as criaturinhas que dão nome à franquia, mas é um filme simpático.

PS: vou me abster de comentar sobre as atuações porque infelizmente uma cópia dublada do filme foi exibida na cabine de impressa.

Nota: 3 de 5 estrelas

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Pokémon: Detetive Pikachu (2019)

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Crítica de cinema, doutora em Antropologia Social, pesquisa corpo, gênero, sexualidade e cinema e é feminista.

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