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[48ª Mostra de São Paulo] A Vilã das Nove

Este texto faz parte da cobertura da 48ª Mostra Internacional de Cinema de São Paulo, que ocorre entre 17 e 30 de outubro. Publicado originalmente na newsletter para assinantes do financiamento coletivo do Feito por Elas. Para contribuir, assine aqui.

A Vilã das Nove (Brasil, 2024, Ficção, cor, 104 min)

Direção: Teodoro Poppovic

Sinopse: Roberta está na melhor fase da vida. Recém-separada, vive ao lado da filha Nara e desfruta de uma liberdade que há muito tempo não experimentava. Ela trabalha como preparadora vocal e tem uma rotina pacata no bairro Peixoto. Até que Roberta vai a uma festa a convite de um aluno e assiste à estreia da novela “A Má Mãe”, de um autor consagrado chamado Modesto Estrela. A atração torna-se um sucesso imediato de audiência. Mas há algo familiar para Roberta. Ela descobre que a trama da obra é baseada na sua vida. E o pior, ela é a vilã da novela. Desesperada, Roberta se aproxima da atriz que está fazendo sucesso interpretando a personagem, Paloma, para tentar desvendar como os seus segredos estão sendo expostos, antes que seja tarde demais.

Comentário: Eu confesso que faz muito tempo que não acompanho novela. Mas novela foi, é, e provavelmente será o produto audiovisual mais assistido e de maior sucesso no Brasil. A figura da vilã, quando emplaca, é memorável. Roberta, a protagonista vivida por Karine Teles, vicia na nova novela das nove e aos poucos percebe que a vilã é ela mesma. A história ficcional relata acontecimentos de seu passado que tentou deixar para trás. Como alguém descobriu e quem repassou isso para o autor é uma de suas perguntas. Em certo momento, a personagem se aproxima de Paloma, interpretada por Camila Márdila, que é a atriz que interpreta seu alter ego. Ela diz que a considera uma grande atriz e acha sua personagem caricata, que ela podia mais. E Paloma responde que é divertido fazer um papel como aquele, mesmo que estereotipado, ainda mais com uma audiência enorme. Não é mais novela, mas é engraçada a inversão de Márdila-heroína e Teles-vilã-caricata em Que Horas Ela Volta. O ponto forte do filme é justamente quando brinca com aspectos que nos são familiares das narrativas populares. Ele não chega a aprofundar muito na abordagem e fico em dúvida para qual público alvo ele foi feito, se o juvenil ou o adulto. Mas é divertido.

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Crítica de cinema, doutora em Antropologia Social, pesquisadora de corpo, gênero, sexualidade e cinema.

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