
[49ª Mostra de São Paulo] Entrevista com Denis Doros
Este texto faz parte da cobertura da 49ª Mostra Internacional de Cinema de São Paulo, que ocorre entre 16 e 30 de outubro.
Dennis Doros é um dos responsáveis pela Miilestone Films, uma empresa criada em 1990 para restaurar e também distribuir filmes, com foco naqueles menos representados no mercado. Durante a Mostra de São Paulo ele estava exibindo uma nova versão restaurada, ou melhor reimaginada de Queen Kelly (1932), um filme inacabado dirigido por Erich Von Stroheim e protagonizado por Gloria Swanson. A reimaginação de Doros e e sua equipe tem cerca de 1h 45 com cenas da filmadas na época, e inclui fotos da produção, storyboards e intertítulos para explicar as partes faltantes. Isabel Wittmann conversou com Dennis sobre esse trabalho fascinante e você confere essa entrevista agora (em breve também em vídeo).

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Entrevista, pesquisa, pauta e apresentação: Isabel Wittmann
Filmagem e Edição de imagem: Camila Henriques
Edição de som: Isabel Wittmann
Transcrição e tradução: Isabel Wittmann
Legendagem: Camila Henriques
Produção e arte da capa: Isabel Wittmann
Vinheta de abertura composta por Felipe Ayres
Música de encerramento: Bad Ideas – Silent Film Dark de Kevin MacLeod está licenciada sob uma licença Creative Commons, Attribution, Origem, Artista.
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Confira a transcrição da entrevista abaixo:
Isabel: Só quero agradecer por nos receber nesta entrevista e muito obrigada pela restauração de Queen Kelly. Acho que foi um trabalho maravilhoso o seu, o seu e o da sua equipe. E, antes de mais nada, quero perguntar sobre o trabalho que você fez e como você conheceu o filme e como ele se tornou um projeto para você.
Dennis: Obrigada por me receber. Primeiramente, minha equipe é liderada pela minha esposa e presidenta da Milestone, Amy Heller, então eu queria mencioná-la aqui. Ela obviamente é metade da equipe, mas não pôde estar aqui. Como eu descobri…? Eu estava sentado à minha mesa, era um vendedor não ligado a cinemas, o que significava que eu alugava cópias de 16 milímetros para faculdades e sociedades cinematográficas. Eu tinha um dos empregos menos importantes no cinema. E meu chefe veio até mim e disse: “Estou trabalhando há muito tempo. Gloria Swanson morreu, mas o espólio nos licenciou os direitos de Queen Kelly e Sedução do Pecado (Sadie Thompson, 1928). E Queen Kelly nunca foi terminado e Sadie Thompson está sem o último rolo. E eu tinha visto uma restauração de Lost Horizon que Robert Gitt, da UCLA, na Califórnia, fez. Onde ele adicionou fotos à trilha sonora para finalizar o último meio minuto, minuto de Horizonte Perdido (Lost Horizont, 1937), e eu tinha visto algumas outras que tinham acabado de ser feitas naquela época”. Eu disse: “Por que não usamos fotos e intertítulos e completamos os filmes?” E ele disse: “Você consegue fazer isso?”. E eu não esperava, eu disse: “Vamos contratar alguém para fazer isso.” E ele disse: “Você consegue?”. E eu menti e disse: “Sim, eu consigo.” E foi assim que conheci Queen Kelly. Passei meses pesquisando, um ano e meio restaurando, o que parecia muito tempo na época, mas para muitas pessoas é um tempo muito curto; arquivistas podem passar décadas trabalhando em um filme. E conheci o Swanson Estate, as pessoas envolvidas viram seus documentos no Harry Ransom Center, no Texas, e em 1985, em um processo fotoquímico, porque o digital não existia, criei a versão que estreou na Berlinale em 1985, vim para São Paulo e ganhei o Prêmio da Crítica Internacional, e quando me disseram isso, eu fiquei… interessante, agora estou ganhando prêmios. Eu pensei que era uma fraude naquela época, e esse foi o primeiro passo, e 30 anos depois, o Gloria Swanson Estate voltou e disse: “A antiga empresa não quer mais o filme. Você o quer?”. E este foi meu primeiro filho cinematográfico, então voltou para mim.
Isabel: Quase como um trabalho para a vida toda, como um projeto que te toma a vida toda.
Dennis: Não sou o primeiro. Muitos arquivistas são conhecidos por dedicarem a vida inteira a um filme. Kevin Brownlow na Inglaterra com Napoleão (1927), Bob Gitt na UCLA com Vaidade e Beleza (Becky Sharp, 1935). Há alguns filmes dos quais não conseguimos escapar porque significam muito para nós e porque, com a evolução da tecnologia, precisamos restaurar tudo de novo. Esta não será a última restauração de Queen Kelly ou de qualquer coisa que eu tenha feito.
Isabel: Claro. E qual foi a mudança tecnológica que permitiu que você fizesse esta versão da restauração?
Dennis: Primeiro, eu pude editar digitalmente em casa, no meu porão, sentar em casa, relaxar, pensar, tirar dias e voltar a isso e tudo mais. Quando eu trabalhava com fotoquímica, tinha que ir ao laboratório todas as noites, o que era uma viagem de 2 horas todas as noites, porque eu trabalhava durante o dia e trabalhava das 9h da noite às 2h da manhã tentando juntar milhares de pedaços de negativo para criar o negativo mestre para o filme, e não dava para melhorar o que era. Você… na verdade, estava degradado porque era da próxima geração. Havia o nitrato para o negativo, o negativo para o positivo. Eram duas gerações afastadas do que eu estava trabalhando. Com o digital, o Museu George Eastman, em Rochester, conseguiu digitalizar em 4K o material do nitrato original. Então, parece nitrato na tela porque vem do nitrato e, com a limpeza digital e a remoção dos arranhões, da poeira, não de tudo, porque eu queria que ainda parecesse filme, parece muito melhor agora. E odeio dizer isso porque adoro fotoquímica, adoro. O filme é tátil, o filme é uma resposta emocional, você o segura em suas mãos. No digital, você usa as mãos e pequenos botões para mover as coisas. Não é a mesma coisa, mas pode ter uma aparência muito melhor e recriar a sensação do material original muito melhor, o que é irônico. Mas se você fizer isso direito e se importar e amar a aparência que deve ter, o digital tem enormes vantagens.
Isabel: Sim, parece tão lindo. E uma coisa interessante é que Queen Kelly é quase mítico porque está em Crepúsculo dos Deuses e todo mundo conhece aquela frase “nós tínhamos rostos”. Então, eu acho que uma coisa é que o filme tem essa aura que atrai as pessoas, os cinéfilos, a assistir o filme. Você acha que isso contribui para o interesse e para ter um interesse particular e para… eu não sei… poucas pessoas têm um interesse particular em filmes mudos em preto e branco, e este filme atraiu tantas pessoas em festivais e assim por diante.
Dennis: Bem, por coincidência, porque eu dediquei meu tempo restaurando Queen Kelly, é o 75º aniversário de Crepúsculo dos Deuses. Então, especialmente nos Estados Unidos, esse filme está sendo exibido em cinemas multiplex por todo o país. Então, as pessoas tiveram a chance de ver Crepúsculo dos Deuses em uma tela grande este ano. Minha esposa e eu fomos ao shopping local e assistimos, o que é uma ideia surpreendente nos Estados Unidos, porque você não costuma ver filmes antigos em cinemas multiplex. Charlotte Barker, a Paramount e sua equipe fizeram um belo trabalho restaurando aquele filme. Então, sim, há uma ressonância extra neste ano por causa do 75º aniversário dele. Eric Von Stroheim está em Crepúsculo dos Deuses interpretando seu ex-amante/mordomo, que agora escreve cartas de fã para ela para manter a ilusão do estrelato. Então, Queen Kelly também tem um status mítico, assim como I, Claudius (1937), de Joseph von Sternberg, e O Inferno de Clouzot (1964), filmes de gênios que nunca foram… o que teria acontecido se eles conseguissem terminar seus filmes? E então há também a perda mítica da obra de um gênio. Você sabe, o que poderia ter sido, há autores que tiveram isso com os últimos livros que nunca foram concluídos. Então, há aquele desejo de ver o que teria acontecido e eu fiz o meu melhor para dar uma ideia do que Von Stronheim poderia ter feito se tivesse terminado. Nunca será uma restauração. É uma reimaginação porque não consigo restaurar o que não está lá.
Isabel: Claro. Sim, e acho que há uma sensação de escala assistindo ao filme que é incrível. Há um pouco de ousadia também. A primeira parte no palácio, acho incrível a ousadia do filme, mas a sensação de escala não é só porque o filme iria ter 5 horas, mas porque a primeira parte é incrível, é gigantesca. As festas, os figurinos, o palácio, também é lindo. Dá para ver o dinheiro da produção indo embora.
Dennis: Ele foi orçado corretamente. Provavelmente terminaria perto do orçamento, mas a genialidade de Von Stronheim foi a escala enorme com a beleza dos seus closes.
Isabel: Incrível.
Dennis: Paul Ivano, Gloria Swanson diz: “Este é o primeiro diretor de fotografia que conseguiu capturar, capturar verdadeiramente meu rosto.” Então, há essa combinação dessa grande escala com o banheiro da rainha, as camas e as esculturas. Minha parte favorita, que eu não percebi em 1985, provavelmente era uma parede de fotos de mulheres no boudoir do príncipe, mostrando seus sucessos passados. Então há muitos detalhes e muitos figurinos lindos e tudo mais, mas há os rostos, os closes.
Isabel: Sim.
Dennis: O close em Crepúsculo dos Deuses, onde Gloria Swanson e a Rainha Kelly está rezando no altar e as velas cercam seu lindo rosto.
Isabel: Ela realmente tinha o rosto.
Dennis: Sim, ela tinha.
Isabel: Ela é tão linda. E eu também entendo a frustração dela, porque acho que quando o filme se passa para a África, fica tão sombrio, como se fosse um filme completamente diferente. Como eu disse, tem um estilo atrevido e completamente diferente na parte europeia, e então se torna tão cheio de tristeza e… é um filme completamente diferente. Não sei como… é tão trágico. Não sei.
Dennis: Acho que tem que haver humor, e Tully Marshall, claro, interpreta seu papel como um proprietário de plantação sifilítico para a Hill Tea. Quer dizer, ele sempre foi um dos favoritos de Von Stroheim. É um espelho da civilização e do que é civilizado e do que não é. E a parte infeliz é Gloria Swanson ser Patricia Kelly se tornando a Rainha Kelly e essa mulher majestosa e bela a partir dessa inocente garota de convento. Acho que não teria sido mais feliz, mas teria sido mais magnífico por causa da transformação dessa mulher ainda inocente por ter recusado os avanços de seu marido sifilítico, uma jogada inteligente. E então haveria alguma intimidade real, algumas cenas realmente comoventes que nunca foram filmadas, e essa é a tragédia. Mas é Von Stroheim mostrando o ponto fraco da civilização e onde a humanidade realmente é, e a rainha, a pessoa mais majestosa do filme, é uma das mulheres mais cruéis e horripilantes de todos os tempos, interpretada pela fabulosa Seena Owen, uma das minhas atrizes favoritas.
Isabel: Ela é incrível. E o final com as fotos, os desenhos, os intertítulos é uma forma tão criativa de expressar o que o filme poderia ter sido. Como você compilou todos os elementos para criar essa combinação?
Dennis: Originalmente, em 1985, eu fiz tudo na minha cabeça. Eu tinha diagramas, anotações sobre cada fotografia. Era como o fotógrafo iria dar zoom em cada lado da fotografia. Tudo tinha que ser feito com antecedência e filmado em filme. E tinha… não podia haver erro porque tinha que se encaixar. E, honestamente, não sei como fiz isso em 1985, porque eu não tinha experiência. E eu não tinha um conhecimento sólido de cinema mudo como tive mais tarde. Filmes mudos eram muito mais difíceis de ver naquela época. Eu tinha visto muitos na faculdade. Eu já tinha visto esse, mas só entendi a linguagem do cinema mudo depois de 1985. Então, desta vez, com a possibilidade do digital, sentado à minha mesa, olhando as imagens e comparando todas as tomadas, consegui criar um fluxo melhor, um fluxo não mais rápido, mas mais suave, para as imagens e os intertítulos. Ainda consigo fazer isso com sucesso porque estou fazendo 3 horas de filme em 5 minutos. Mas acho que consegui fazer um trabalho melhor e foi tudo… não havia IA. Foi tudo usando métodos de filme que teriam sido usados em 1929. Ampliar a imagem, desacelerar a imagem, coisas assim eram feitas na época.
Isabel: É muito bom, é muito legal.
Dennis: Obrigado.
Isabel: Como está sendo a experiência de ver o público, as pessoas, assistindo ao filme nos festivais agora?
Dennis: Bem, a primeira vez foi em Veneza há um mês. Foram 1.400 pessoas. O compositor da trilha sonora, de 25 anos, que devo mencionar, Eli Denson, que é incrível e uma pessoa maravilhosa, estava lá. Ele ficou noivo no dia anterior e são 1.400 pessoas, com uma orquestra ao vivo. Francis Ford Coppola e Alexander Payne estão sentados a dois assentos de mim e todos os paparazzi estão lotando essa coisa por causa do Coppola. Eu não poderia ter imaginado isso. Um arquivista trabalha em um quarto escuro. Eu trabalho no meu porão. Esta não é a nossa vida e eu… felizmente minha filha se casou ano passado e eu tinha um blazer de veludo prateado bordado muito chique para usar na ocasião. Arquivistas geralmente não se vestem bem para esses eventos nem são fotografados pelos paparazzi. Então, foi uma ocasião incrível, mas o Festival de Cinema de Nova York também foi maravilhoso, assim como a resposta aos jornalistas aqui em São Paulo. O filme ainda não foi exibido. É hoje à noite? Sim, hoje à noite é a primeira sessão. A empolgação com este filme em São Paulo não é algo que eu poderia imaginar. Nova York e Veneza não estavam muito interessadas em me entrevistar, e a empolgação de vocês e de todos os outros é simplesmente maravilhosa. Então, estou aberto a uma ótima noite hoje à noite.
Isabel: Quer dizer, nós amamos filmes antigos.
Camila: E atrizes antigas.
Isabel: E além de Queen Kelly, qual é o seu projeto favorito em que trabalhou na Milestone?
Dennis: Bem, o nosso favorito de todos os tempos foi trabalhar em um filme independente afro-americano de 1977 chamado O Matador de Ovelhas (Killer of Sheep). Custou 10 mil dólares para ser feito. Custou 450 mil dólares em 2007 para ser lançado. Custou-nos outros 200 mil dólares para lançá-lo novamente este ano. Mas Charles Burnett é o padrinho do cinema afro-americano. Ele é a pessoa mais brilhante, gentil e bondosa do planeta, e o seu ser transformou nossa empresa de… nosso modelo anterior era o melhor filme de qualquer época e lugar e agora nós gostamos de bagunçar com o cânone. Há uma maneira mais realista de dizer isso, que não vou dizer aqui. Mas começamos a trabalhar em filmes afro-americanos, filmes LGBT, filmes que as pessoas ignoravam por causa de seus criadores, porque eram afro-americanos, porque eram mulheres, porque eram gays, latinos. Então, mudamos a direção da nossa produtora para se adequar às nossas políticas, e já fizemos seis ou sete filmes de Charles Burnett, e ele ainda é um dos nossos mais queridos, melhores amigos, e isso mudou a empresa. Então, Queen Kelly é meio que uma aberração, mas ainda é produzido por uma mulher e ainda celebra essa mulher fabulosa. Então, se encaixa no nosso catálogo dessa forma.
Isabel: Sim. Sim. E Gloria Swanson era uma personalidade incrível, tão forte, e é incrível como ela produziu seu próprio filme naquele momento. E as pessoas geralmente subestimam a escala e o potencial do seu papel, mesmo como colaboradora em Crepúsculo dos Deuses, por exemplo. E acho importante lembrar a importância dela como atriz, mas não apenas como atriz. Não que ser atriz não seja suficiente, mas ela não era apenas atriz.
Dennis: Ela não tinha formação universitária. Acho que ela não concluiu o ensino médio. Mas ela aprendeu todos os dias da sua vida e trouxe cinco cientistas da Alemanha nazista, salvou suas vidas e criou uma empresa para produzir o que eles pudessem inventar, pagando-lhes salários. Ela fundou uma marca de moda que fez bastante sucesso e era notavelmente avançada para a época. Ela era uma excelente designer de moda. Ela era uma artista. Ela era uma escultora. Ela era uma defensora da comida orgânica e do veganismo décadas antes. Quer dizer, todo mundo riu dela por décadas e agora todo mundo está seguindo sua dieta. Quer dizer, ela não se importava com ninguém. Ela sabia o que era certo e sabia quem ela era, e ela sempre foi Gloria Swanson, e cada dia era um novo dia em que ela encontraria algo novo. Ela nunca viveu no passado como Norma Desmond, então.
Isabel: Sim.
Dennis: Ela era simplesmente uma pessoa fabulosa, e eu trabalhei em cinco de seus filmes e tive muita sorte em fazer isso.
Isabel: Incrível. E pensando na política da Milestone e na sua resposta anterior, só para finalizar, uma pergunta sobre algo semelhante. Sempre fazemos essa pergunta. É… sempre pedimos recomendações, mas especificamente um filme dirigido por mulheres ou uma diretora que você goste muito ou algo assim que você possa recomendar ao nosso público?
Dennis: Bem, porque ela está aqui e porque eu amo muito o trabalho dela, Euzhan Palcy. Sugar Cane Alley, Simeon, todos os filmes dela, Assassinato Sob Custódia, que está passando aqui. Eu amo ela. Eu amo os filmes dela. Eu amo o que ela representa e ela é uma das diretoras mais importantes do mundo e espero que as pessoas vejam os filmes dela neste fim de semana.
Isabel: Incrível. Ótima recomendação. Muito obrigada.
Dennis: Muito obrigado, Isabel.
Essa cobertura foi possível graças ao nosso financiamento coletivo. Agradecemos em especial a: Carlos Henrique Penteado, Gizelle Barros Costa Iida, Helga Dornelas, Henrique Barbosa, João Bosco Soares, Janice Eleotéreo, José Gabriel Faria Braga de Carvalho, José Ivan dos Santos Filho, Lorena Dourado Oliveira, Lucas Ferraroni, Marden Machado, Mariana Silveira, Nayara Lopes, Patrícia de Souza Borges, Pedro Dal Bó, Vinicius Mendes da Cunha, Waldemar Dalenogare Neto, Zelia Camila de O. Saldanha.

