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    [78º Festival de Cannes] Sirât

    Este texto faz parte da cobertura do 78ª Festival de Cinema de Cannes, que ocorre entre 13 e 24 de maio. Para a religião islâmica, a ponte de Sirât seria um atravessamento, um divisor de limites e águas muito significativo, seja nas percepções de fé de seus seguidores, seja em seu sentido mais simbólico. Do ponto de vista da fé, trata-se de uma ponte suspensa sobre o inferno, que separa crentes e descrentes, sendo que o sucesso da travessia vai direcioná-los ao céu ou ao inferno. Sob o prisma figurativo, a ponte pode representar as dificuldades e desafios enfrentados no decorrer da vida, e que vão colocar suas crenças à…

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    [78º Festival de Cannes] Sound of Falling

    Este texto faz parte da cobertura do 78ª Festival de Cinema de Cannes, que ocorre entre 13 e 24 de maio. É difícil precisar se trata-se de uma memória confiável, e se aquele era, de fato, o primeiro velório que compareci. Outros podem ter ocorrido antes, mas foi este que ocupou um espaço muito importante em minhas recordações infantis. Mas é certo que me recordo bem de estar, com minha família, velando o corpo de uma tia de minha mãe, já idosa. Não me lembro de seu semblante, mas lembro que, juntamente com uma prima com idade próxima da minha, exploramos os caixões alheios e seus mortos, rindo curiosas, correndo…

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    [78º Festival de Cannes] Directors’ Factory Ceará-Brasil 

    Este texto faz parte da cobertura do 78ª Festival de Cinema de Cannes, que ocorre entre 13 e 24 de maio. A Directors’ Factory é um projeto da Quinzena dos Cineastas do Festival de Cannes que visa oportunizar a entrada de novos talentos no cenário cinematográfico internacional, unindo jovens diretores para o desenvolvimento conjunto de filmes, estimulando a criação de novas ideias. Depois de passar por Taiwan, Chile, Dinamarca, África do Sul, Tunísia, Filipinas, Finlândia, Líbano e Sarajevo, o projeto mirou o Brasil por meio do olhar do cinema cearense. Sob a curadoria de Karim Aïnouz, produziu quatro curtas-metragem, todos filmados e finalizados na cidade de Fortaleza. São eles: Ponto…

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    [78º Festival de Cannes] Partir Un Jour

    Este texto faz parte da cobertura do 78ª Festival de Cinema de Cannes, que ocorre entre 13 e 24 de maio. A primeira sessão do primeiro Festival de Cannes a gente nunca esquece. Partir Un Jour, primeiro longa-metragem de Amélie Bonnin, ocupou esse espaço e esse status de memorabilidade – unicamente por ter sido selecionado para a abertura do 78ª edição do festival. Inspirado no curta-metragem da diretora que leva o mesmo nome, e carregado de homenagens nostálgicas a canções francesas famosas, inclusive, a música homônima Partir un Jour, do grupo 2 BE 3, o filme acompanha Cécile Béguin (interpretada pela cantora e compositora Juliette Armanet), uma chef de cozinha…

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    Os Catadores e Eu (Les glaneurs et la glaneuse, 2000)

    “Catar era o espírito de antigamente. Cate tudo para não haver desperdícios”.  A cata é o ato de recolher os restos, de dar rumo às coisas descartadas, que ficaram para trás. É nobre atitude que perdeu seu status com o avanço desenfreado da era industrial e do capitalismo. Foi relegada aos que pouco ou nada possuem, às pessoas que a sociedade dispensa o mesmo tratamento dado às coisas desprezadas. Esse o tesouro interessante e precioso à Agnés Varda, que, inclusive, intitula-se catadora de informações. A diretora, de fato, não só faz jus à sua autodescrição. Varda é catadora dos cacos deixados por pessoas que de marginalizadas se fragmentam, e cujas vidas ela…

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    O Piano e a mulher selvagem de Clarissa Pinkola Estés

    “A Mulher Selvagem ensina às mulheres quando não se deve ser ‘boazinha’ no que diz respeito à proteção da expressão de nossa alma. A natureza selvagem sabe que a ‘doçura’ nessas ocasiões só faz com que o predador sorria. Quando a expressão da alma está sendo ameaçada, não é só aceitável fixar um limite e ser fiel a ele; é imprescindível”. Mulheres que correm com lobos, Clarissa Pinkola Estés – Capítulo 02 – A tocaia ao intruso: O princípio da iniciação Há uma cena em O Piano, filme roteirizado e dirigido por Jane Campion, em que Ada (Holly Hunter) assiste a uma peça de teatro que encena o conto do Barba-Azul. A história…

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    Sem Chão (Losing Ground, 1982)

    Este texto faz parte da cobertura do 13º Festival Internacional Olhar de Cinema de Curitiba, que ocorre entre 12 a 20 de junho. “Não exiba seu pênis como se fosse um pincel. Acho que é isso que me falta, porque não tenho nada para botar para fora.” O êxtase, o transe, a sensação de ir ao céu e voltar. Essa percepção mística, quase que espiritual, é buscada inconscientemente pelo ser humano nas mais diversas esferas. Na religião, nos rituais, esse ápice é a aproximação com a entidade superior buscada, é o espaço interior que vai dar algum sentido à existência. Para o artista, em especial, talvez essa seja uma constante…