Críticas e indicações,  Discos

Catarina Dee Jah

Estava em casa amufinada
Sem ver a luz do dia
Caiu um raio em mim
Me mostrou o que eu não via

Coluna curvada
Amigas fura olho
Coceira pelo corpo
Só faltei criar piolho

Pele sem viço
Falta de inspiração
Nem um brinco na orelha
Miojo alimentação


Conheci Catarina Dee Jah pelas vinhetas da MTV*, que eu gravava em fitas VHS entre videoclipes e assistia milhares de vezes na juventude. Fiquei surpresa e feliz ao reencontrá-la em 2013 no álbum Mulher Cromaqui, uma inusitada e deliciosa mistura de punk com frevo, brega e outros ritmos – e agora (finalmentee!) disponível nas plataformas. As letras sagazes, como o trechinho que citei acima, têm um humor peculiar e uma ironia afiadíssima, algumas levei anos de maturidade feminística pra compreender a profundidade. Volta e meia eu me pego cantarolando esse refrão, por me sentir assim mesmo, “Amufinada”. Destaco ainda as faixas “Lámirédórélá” e “Intercâmbio Cultural”.

*60 segundos inesquecíveis, ou “4 stories” de hoje em dia: “Nefertitiiiii…” foi a primeira referência que tive do Gainsbourg. Esta outra escatológica aqui é cover dos Garotos Podres. Hoje a moça bomba no instagrão com umas padronagens de camisetas que dá vontade de comprar todas.

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Doutoranda em Estudos de Linguagens pelo CEFET-MG

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