Críticas e indicações,  Filmes

Nostalgia e locações

Algumas coisas do cinema e TV sempre me fascinaram, desde criança. Efeitos especiais, por exemplo: eu lembro que eu sempre gostei de assistir a making ofs (lembro quando motraram como funcionava a tela verde de Glub Glub na TV Cultura!) e, depois, com a TV à cabo, àqueles programetes estilo “A Magia do Cinema. Meus pais diziam para não fazer isso, porque, segundo eles, estragaria o encanto. Mas a verdade é que era o contrário: crianças sabem que aquilo tudo não é de verdade, não é muito mais incrível ver como foi possível realizar algo impressionante?

Uma alma abençoada subiu alguns episódios de A Magia do Cinema no youtube. Não tem playlist, mas é só olhar nesse perfil. 

Outra coisa fascinante eram as locações. Achava incrível a possibilidade de assistir a alguma coisa e depois ver o lugar onde ela foi rodada. Se não me engano foi em 1996 que eu fui numa viagem de família para Curitiba e nós visitamos o “Bar da Polaca“, que tinha sido usado na novela Sonho Meu (1993-1994). Uma sensação: ver algo na TV e depois ver na minha frente! Nem tudo era cenário! 
Mas era ainda mais legal quando era um lugar de proximidade. A primeira vez que vi Os Trapalhões no Reino da Fantasia (1985), vibrei por ver minha cidade, Blumenau, dentro do filme. Alguns anos depois a rede Globo lançou sua respostas ao sucesso de Chiquititas no SBT: a novela das 6 Era Uma Vez (1998), que tinha diversas crianças e adolescentes/ jovens adultos entre seus protagonistas, tentando atrair o público que acostumou com concorrente produzida na Argentina, que dominava o horário desde o ano anterior. A novela se passava na região de Blumenau e algumas externas (que só eram usadas em transições) do sítio do protagonista foram filmadas na casa de um colega de trabalho do meu pai. As cidades da região também apareciam nas transições e de vez em quando algum personagem (com sotaque carioca) falava que ia para Blumenau para fazer algo que não estava disponível na pequena cidade fictícia da história. O auge!

Região de Blumenau em versão projac acompanhada da música da Sandy 😛

Temos dois programas em específico em que isso é mais falado, ambos pela Stê, que comenta a familiaridade de BH no episódio sobre Marília Rocha, em que abordamos o filme A Cidade Onde Envelheço (2016), e de Contagem no programa sobre No Coração do Mundo
Talvez para quem seja nascido e criado em São Paulo e principalmente no Rio de Janeiro, dada a tradição da teledramaturgia realizada na cidade, isso seja algo banal. Mas para quem mora em outros eixos isso é muito mais raro. Eu lembro quando vi A Moça do Calendário (2017), da Helena Ignez, e, morando em São Paulo há não muito tempo, fiquei pirando nas sequências que mostram a Rua Augusta. “Meu deus, eu conheço esses lugares!”. Toda essa divagação só porque eu recentemente visitei Cinque Terre, que são 5 vilas à beira mar na Itália que foram amalgamadas para virar Portorosso, a cidade fictícia de Luca, a animação mais recente da Disney/Pixar. Cidade desenhada conta? hahaha Mas foi bacana ver os lugares de inspiração. Se um dia eu visitar uma dessas que já foram pano de fundo pra N filmes, eu piro. 

Imagem: divulgação
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Crítica de cinema, doutora em Antropologia Social, pesquisadora de corpo, gênero, sexualidade e cinema.

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