Críticas e indicações,  Filmes

Os Filhos da Meia-Noite (Midnight Children, 2012)

Recentemente, em nosso programa sobre a cineasta Deepa Mehta, conversamos sobre seu filme Earth (1998), que aborda a questão da partição da Índia, que separou uma parte de seu território para a criação do Paquistão. Os Filhos da Meia-Noite, também da diretora, tem seu pontapé inicial no mesmo evento. Adaptado do romance de Salman Rushdie, acompanha a vida de um rapaz que nasceu à meia noite do dia da independência do país, filho de uma artista de rua. A enfermeira trocou-o com o bebê nascido exatamente no mesmo momento, de pais ricos, desejando que aquela criança tivesse acesso ao conforto que lhe seria negado de outra forma. Mas dessa forma condenou o filho biológico daquele casal à uma vida de miséria.Mas se com essa premissa o filme parece um drama de classes, bem, ele é, mas trata-se de uma metáfora política, em que as duas crianças nascidas naquele momento encarnam os dois países que se firmaram depois da partição. E mais: isso tudo por meio de uma narrativa fantástica, pois ao longo dos anos uma ligação telepática se estabelece entre todos aqueles que nasceram à meia noite da partição e que dão nome à história. O roteiro talvez não seja o ponto forte do filme, embora seja bastante interessante. Mas o maior mérito fica com as atuações carismáticas e a direção afiada.

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Crítica de cinema, doutora em Antropologia Social, pesquisadora de corpo, gênero, sexualidade e cinema.

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