Para conhecer Varda
Apesar de sempre ser vinculada de imediato à Nouvelle Vague, a cineasta belga Agnès Varda (1928-2019) consolidou ao longo de sua carreira uma filmografia tão plural que a colocou no patamar das grandes diretoras da história do cinema, com cerca de 60 filmes creditados com seu nome na direção. Varda foi certamente maior que a Nouvelle Vague e uma revisitação aos seus filmes comprova tal afirmação. Por meio de sua extensa filmografia, podemos acompanhar desde documentários de engajamento político-social, passando por dramas ficcionais com mulheres protagonistas, até chegar aos ensaios em primeira pessoa que refletem sobre a memória, a produção de imagens e as relações de alteridade. Por reconhecer a importância de Agnès Varda, o Feito por Elas dedicou dois programas (#02 e #46) sobre sua obra, com ênfase nos filmes Cléo das 5 às 7 (1962), As Duas Faces da Felicidade (1965), Os Renegados (1985), Os Catadores e Eu (2000), As Praias de Agnès (2008) e Visages Villages (2017). Você pode aproveitar para ouvir os programas e acessar também o catálogo da plataforma de streaming do Telecine, que oferece quatro longas-metragens da diretora, listados abaixo:
Primeiro longa-metragem de Agnès Varda e considerado o filme precursor da Nouvelle Vague, três anos antes do marco oficial do movimento cinematográfico francês, Nas Garras do Vício (1958), de Claude Chabrol. Um casal em crise retorna para o pequeno vilarejo litorâneo Pointe Courte, no qual o marido viveu sua infância. Os dois refletem sobre a crise do relacionamento, ao mesmo tempo em que vivenciam o cotidiano dos moradores e pescadores da região.
Em Paris, a cantora Cléo faz um exame para descobrir se está com câncer. O resultado sai em duas horas, então ela decide andar pelas ruas da cidade, enquanto aguarda. Cheia de dúvidas sobre como deve agir diante da doença, a personagem acaba cruzando com Antoine, um jovem militar que está prestes a partir para a guerra. Ao tratar da espera, Varda realiza um drama existencial marcado pela angústia e pela dúvida da protagonista.
As Duas Faces da Felicidade (1965)
Um jovem carpinteiro François leva uma vida feliz e tranquila ao lado de sua esposa Thérèse e os dois filhos pequenos. Apesar disso, quando conhece a encantadora Emilie, François se perde em seus sentimentos e inicia um romance com ela. O filme faz uma crítica às convenções do casamento na década de 1960 e trabalha as dores da traição.
No inverno no sul da França, o corpo de Mona (Sandrine Bonnaire) é encontrado em um fosso. Ela era uma andarilha e passou seus últimos dias andando pelas estradas francesas. Aqueles com quem Mona cruzou, conheceu ou conversou são os que contam quem ela era e o que aconteceu. Por meio da personagem interpretada por Sandrine Bonnaire, Os Renegados é um dos filmes de maior teor crítico social da Varda, na medida em que reflete sobre o destino de uma mulher que não consegue se adequar aos padrões normativos da sociedade.
Lembrando que esses e outros filmes dirigidos por mulheres estão disponíveis no Telecine direto pela internet.
Esse conteúdo foi produzido pelo Feito por Elas, de maneira patrocinada, em parceria com o Telecine.