Críticas e indicações,  Seriados

Sex Education

É provável que você já tenha ouvido falar ou talvez até assistido a Sex Education a essa altura. Criada por Laurie Nunn – também roteirista com Sophie Goodhart, Bisha K. Ali, Laura Hunter, Laura Neal e Freddy Syborn – e dirigida meio a meio por Kate Harron e Ben Taylor, a série aborda questões relacionadas à sexualidade de maneira bastante direta e sensível.

O protagonista é Otis (Asa Butterfirld, o menininho de Hugo Cabret), que é um adolescente que não consegue se masturbar. Sua mãe, Jean, interpretada pela sempre maravilhosa Gillian Anderson, é uma terapeuta sexual e comprova que mesmo quando os responsáveis são abertos ao diálogo, podem ser controladores em certos aspectos. Ela tem, também, uma uma vida sexual bastante ativa, repleta de homens orbitando em torno de si.

Já Otis, mesmo virgem, aproveita os conhecimentos adquiridos por osmose com a mãe para se tornar uma espécie de conselheiro amoroso e sexual na escola. Isso ao lado de seus amigos Eric (Ncuti Gatwa), um jovem negro e gay que descobre que quer fazer drag, e Maeve (Emma Mackey, versão baby da Margot Robbie), que é marcada por comentários maldosos sobre sua vida sexual. Otis, como garoto branco, hétero e com boas condições financeiras, talvez seja o personagem menos interessante da história, mas os roteiristas parecem saber disso e o conduzem, entre erros e acertos, pelas experiências muito mais complexas de seus amigos e colegas. E o roteiro é realmente o ponto forte da série: fugindo dos estereótipos fáceis que marcam os filmes adolescentes estadunidenses padrão, os personagens escondem muito mais do que os arquétipos iniciais de outsider, patricinha, atleta e outros. A escola acaba sendo apresentada com um ecossistema recheado com pessoas complexas, ao invés desses personagens unidimensionais, ainda que socialmente eles sejam enxergados por meio dessas etiquetas, como uma espécie de Clube dos Cinco. 

A narrativa se constrói com grande sensibilidade e por mais que o humor seja uma constante, há, também, os momentos de chorar. A direção de arte e a ótima trilha sonora entregam uma estética oitentista, que só se quebra com a presença de notebooks e smartphones. Talvez o grande defeito seja que a temporada é tão curta: imaginei que seriam 10 ou 12 episódios e fui surpreendida pelo cliffhanger ao final do oitavo, encurtando minha maratona prevista. Embora provavelmente o público alvo seja adolescente, vale a pena assistir a Sex Education.

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Crítica de cinema, doutora em Antropologia Social, pesquisadora de corpo, gênero, sexualidade e cinema.

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