
[Tribeca 2025] Un Futuro Brillante (2025)
Este texto faz parte da cobertura do Tribeca Film Festival 2025, que ocorre entre 4 e 15 de junho.
Sobra tempo aos jovens. Para uns, isso significa um futuro cheio de possibilidades. Para outros, um peso nos ombros. Elisa (Martina Passeggi) vive entre esses dois sentimentos em Un Futuro Brillante, da cineasta uruguaia Lucía Garibaldi. Selecionada para um experimento de migração, ela logo descobre que o que a torna especial aos olhos dos avaliadores é fugaz.
O filme dirigido por Garibaldi e roteirizado por ela e Federico Alvarado não está muito interessado em explicar o que é essa jornada na qual Elisa vai partir. O mundo interior da personagem é o mais importante da história. A narrativa é guiada pelo que falta tanto para Elisa quanto para os que a rodeiam, seja a família dela ou a vizinha, Leonor (Sofía Gala Castiglione), que surge como o ponto de virada da trama da protagonista.
Os jovens são exaltados porque têm todo o tempo do mundo pela frente, mas quem os ouve? Ao colocar esses personagens como números (de QI, mais especificamente) e lançar mão de elementos do sci-fi, Garibaldi reflete sobre a juventude como mero instrumento para o progresso de outros (mais velhos e mais poderosos). Ao mesmo tempo, mostra o peso da falta nas decisões que são tomadas, como ocorre no desenvolvimento da amizade entre Elisa e Leonor. A primeira, sem diálogo com a mãe e sem contato com a irmã; a segunda, sem a juventude que a tornava menos “banal”.
Un Futuro Brillante é um tratado sobre as vontades que temos e o que fazemos para cumprir nosso papel na sociedade. O quão válido é viver pelos sonhos dos outros?


