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    [47ª Mostra de São Paulo] Conversas Pela Noite (2023)

    Esta crítica faz parte da cobertura da 44ª Mostra Internacional de Cinema de São Paulo, que ocorre entre 19 de outubro e 1 de novembro. Assistir a Conversas Pela Noite (Talks Over Night, 2023), primeiro longa da acadêmica e crítica de cinema chinesa Su Qiqi, é um exercício bastante interessante. A protagonista é Qiqi, interpretada pela própria diretora, uma… acadêmica e crítica (dessa vez literária), cujo filho já saiu de casa para estudar e que agora, na convivência com o marido, o poeta Ma Yuebo (interpretado por, bem, seu marido, o poeta Ma Yuebo) coloca em conversas (como o filme indica) um série de questões sobre sua vida. A própria…

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    [47ª Mostra de São Paulo] Vadio (2022)

    Esta crítica faz parte da cobertura da 44ª Mostra Internacional de Cinema de São Paulo, que ocorre entre 19 de outubro e 1 de novembro. Peguei-me pensando sobre o título desse filme. Vadio. Curto, direto e tão significativo na língua portuguesa. Uma rápida busca por definição informa: “Que não tem ocupação ou que não faz nada Próprio de gente ociosa, que não trabalha ou não tem ocupação. Que vagueia; vagabundo”. De fato, André (Rubén Simões), o protagonista do filme, é um adolescente e como tal deveria estar estudando, mas não está. Mas não está porque está, justamente, ocupado trabalhando com o pai, longe de vadiar. Eles vivem em uma região…

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    [47ª Mostra de São Paulo] Uma Vila Sem Filhos (2022)

    Esta crítica faz parte da cobertura da 44ª Mostra Internacional de Cinema de São Paulo, que ocorre entre 19 de outubro e 1 de novembro. Escrito e dirigido por Reza Jamali, Uma Vila Sem Filhos (A Childless Village, 2022) é o segundo longa-metragem do diretor. A narrativa se passa em uma vila repleta de cabras e ovelhas, incrustrada entre belas montanhas nevadas no Irã. O protagonista, um cineasta chamado Kazem, tenta voltar ao tema de um filme seu que se perdeu no passado. Nesse lugar, os homens repetidamente se divorciam de suas esposas e casam-se com outras, das quais terminam por se divorciar novamente. Isso porque não nascem crianças. Vinte…

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    [47ª Mostra de São Paulo] Dinheiro Fácil (2023)

    Esta crítica faz parte da cobertura da 44ª Mostra Internacional de Cinema de São Paulo, que ocorre entre 19 de outubro e 1 de novembro. Vou começar dizendo que não entendo de finanças. (Se entendesse talvez não escolhesse ser antropóloga e/ou crítica de cinema como profissão). Eu só sei que antigamente muitas pessoas casavam aos 20 e poucos e trabalhavam na fábrica ou na roça, e conseguiam comprar uma casinha de madeira no alto de um morro e um fusca. (Esse exemplo não é meramente ilustrativo). Hoje em dia o mercado reclama que os jovens escolhem não comprar coisas. E com a flexibilização dos direitos trabalhista, a reforma da previdência,…

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    Oppenheimer

    Os vícios do cinema de Christopher Nolan são bem conhecidos entre seus amantes e seus detratores ( e eu não me considero nem dentro do primeiro nem do segundo grupo: minhas reações a seus filmes são bastante variadas). Do hábito de incluir mulheres mortas como motivação para seus heróis ao roteiro e montagem quebra-cabeça, que complexificam o que poderia ser linear na narrativa, está tudo aqui em Oppenheimer (2023). E o resultado final, para mim, foi bastante satisfatório. O cineasta britânico toma pra si a hercúlea tarefa de contar a trajetória do físico teórico J. Robert Oppenheimer, responsável por liderar a equipe que desenvolveu a bomba atômica, usada pelos Estados…

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    Retratos Fantasmas

    Depois de três longas de ficção que o consolidaram entre os grandes nomes do cinema brasileiro, o cineasta Kleber Mendonça Filho retorna ao documentário para narrar uma história de ascensão e queda: a dos cinemas de rua, especificamente em sua cidade natal, Recife. Dividido em três capítulos, Retratos Fantasmas (2023) é um ode às imagens como documentos históricos e como a possibilidade de perpetuar memórias. O primeiro capítulo, sobre sua mãe, é de uma conexão íntima entre pessoa, lugar e imagem. Por meio de registros que vão de fotografias, passando por filmagens caseiras, e até vários de seus filmes, conhecemos o apartamento que foi sua casa por quarenta anos e…

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    Barbie (2023)

    A chegada do filme da Barbie traz à tona lembranças e sentimentos conflitantes sobre o brinquedo. Com exceção de Hering Rasti, um concorrente de Lego fabricado na minha cidade natal, Blumenau, Barbie deve ser o brinquedo com que mais brinquei na vida. Como expliquei em um fio no twitter há pouco tempo, ela não era meu brinquedo preferido. Mas ela me possibilitava minha brincadeira preferida: costurar roupinhas para ela, representando várias épocas e profissões. Isso demandava planejamento: pegar retalhos e botões com minhas avós e, quando eu era maiorzinha, até mesmo fazer um croqui da roupa planejada. (Minha vó, costureira, nunca entendeu porque não fui trabalhar com moda). Minha primeira…

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    Last of Us, gênero e atuação

    Texto publicado originalmente na newsletter para assinantes do financiamento coletivo do Feito por Elas. A essa altura muita gente está assistindo ao seriado The Last of Us (2023-), criado por Craig Mazin adaptado do jogo de video game escrito por Neil Druckmann. Eu não joguei e nem assisti ao jogo na época. Estou vendo agora, porque tem um amigo hospedado aqui em casa que começou a ver a série e começou a jogar. Impressiona a semelhança, mas também as mudanças que melhoram muito a narrativa televisiva em relação a ele. Mas não vou falar ainda sobre o seriado, antes de terminar de ver a temporada, que eu estou amando (ops, falei). Para…

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    Melhores filmes de 2022

    Também conhecido como “os filmes que eu mais gostei”, portanto uma lista bastante pessoal. E esse ano ela está uma bagunça! Eu geralmente respeito rigorosamente a data de lançamento dos filmes, mas como esse ano votei no Globo de Ouro, decidi incluir tanto filmes do ano passado que estrearam apenas esse ano, quanto filmes desse ano que chegarão ao Brasil no ano que vem, mas que já vi. Provavelmente vou me arrepender disso, porque vai bagunçar também a lista do ano que vem, mas aí eu me resolvo. Eu comecei o ano, como no ano passado, ignorando lançamentos e vendo apenas filmes antigos. De repente me vi correndo atrás para…

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    Amor por “whodunnit”e Glass Onion

    Texto publicado originalmente na newsletter para assinantes do financiamento coletivo do Feito por Elas. Eu sou doida por histórias de detetive estilo whodunit, o termo intraduzível usado pra identificar o subgênero de narrativas em que um crime acontece e uma pessoa (ou pessoas) tenta descobrir quem foi o responsável. Ainda na minha pré-adolescência eu devo ter devorado por baixo uns 40 livros da Agatha Christie, incluindo sua autobiografia. Me deliciava com a futricagem de Miss Marple, que desvendava mistérios entre xícaras de chá. Amava o menos conhecido casal de detetives amadores Tommy e Tuppence, que envelheceram juntos ao longo dos romances. E, claro, me afeiçoei absurdamente por Hercule Poirot, o personagem cheio…