Cinema
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[8º Olhar de Cinema] Pretérito. Imperfeito
Esta crítica faz parte da cobertura do 8ª Olhar de Cinema- Festival Internacional de Curitiba, que ocorre entre 5 e 13 de junho na cidade. Uma grua movendo-se lentamente no alto de um arranha-céu, balançando com o peso da carga carregada. Um trator derrubando uma casa, passando em meio a escombros. A banalidade das imagens em preto e branco de Pretérito.Imperfeito captura o olhar. A diretora, Zhun Shengzhe, aborda nesse documentário o streaming, transmissão ao vivo de imagens pela internet, que se tornou extremamente popular na China (ao ponto de, conforme explicado no começo do filme, hoje haver legislações específicas para a prática). Apesar de começar com imagens de equipamentos…
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[8º Olhar de Cinema] Segunda Vez
Esta crítica faz parte da cobertura do 8ª Olhar de Cinema- Festival Internacional de Curitiba, que ocorre entre 5 e 13 de junho na cidade. Dora García é uma artista espanhola e Segunda Vez é seu primeiro filme como diretora. Sua familiaridade com outras formas de expressão artística transparece. Sua proposta é a recriação de três happenings realizados nos anos de 1960 pelo psicanalista Oscar Masotta, na Argentina. As reencenações são entremeadas por outras imagens. Alguns homens carregam um corpo envolto em tecido branco em uma floresta. Um grupo de pessoas assiste a um helicóptero que sobrevoa uma espécie de campo aberto, próximo a um barranco. Lá de cima, uma…
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[8º Olhar de Cinema] Diz a Ela Que Me Viu Chorar
Esta crítica faz parte da cobertura do 8ª Olhar de Cinema- Festival Internacional de Curitiba, que ocorre entre 5 e 13 de junho na cidade. Dirigido por Maíra Bühler, Diz a Ela Que Me Viu Chorar propõe uma reflexão sobre o cotidiano dos moradores do Braços Abertos, um projeto de redução de danos para pessoas com vícios, especialmente álcool e e crack. O Hotel Social, como era chamado, abrigava pessoas que precisavam de cuidados, sob três pilares; moradia, trabalho e saúde, buscando minimizar os efeitos negativos do vício. Segundo o próprio filme, foram 20 meses frequentando o local, por onde passaram 105 pessoas. O filme parece tentar resgatar os aspectos…
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Rocketman (2019)
Uma história de ascensão, queda e ressurgimento. O drama de um homem que queria ser amado, sem saber que já o era. A história do jovem talentoso que precisa encontrar a si mesmo para alcançar o sucesso. Por fim, uma cinebiografia de um artista consagrado. Se tentarmos, é fácil conseguir encaixar Rocketman em determinados tropos narrativos que já nos preparariam para um filme certo, um filme esperado, um filme que já conhecemos de outro lugar. Mas ele não é nenhum desses filmes. Com roteiro de Lee Hall e direção de Dexter Fletcher, é uma explosão de vigor e de desconstrução de gêneros e subgêneros. O personagem principal é Elton John,…
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Pokémon: Detetive Pikachu (2019)
Nos anos 90 videogames portáteis não eram tão comuns no Brasil, devido ao seu preço elevado, mas os aparelhos de televisão eram presentes em quase todas as salas de estar. Os pocket monster (monstros de bolso, em livre tradução), ou, simplesmente, pokémons, surgiram nessa década em jogos para o portátil Game Boy, da Nintendo, mas se tornaram sucesso absoluto no país quando o anime adaptado dele começou a passar na programação matinal da televisão, na virada da década. Figurinhas, baralhos e todo tipo tipo de produtos circulavam entre as crianças. Eu provavelmente era mais velha que o público alvo e acompanhava marginalmente essa febre toda em virtude de meu irmão…
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Varda por Agnès (2019)
No dia 29 de março último, Varda nos deixou, cedo demais, aos 90 anos de idade. Mas, apesar de ter partido, ficamos com um legado de obras para ver, rever, imergir e refletir. Varda era uma artista de alma sensível, que capturou pequenos detalhes de coisas que talvez passassem desapercebidas para outra pessoa e criou poesia a partir deles. Suas obras têm uma visão muito única de política, de estética e de afeto. Sua ficção trabalha com questões de gênero do cotidiano (mas não só isso) e desafia o que é dado. Seu documentário se encanta com as pessoas comuns, suas rotinas e suas lutas. Ambos estão sempre embaralhados: há…
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Vingadores: Ultimato (2019)
Contém spoilers moderados! Eis que onze anos depois do lançamento de Homem de Ferro, filme que deu início ao chamado Universo Cinematográfico Marvel ou, simplesmente, MCU, chegamos a esse filme que funciona como um desfecho para a jornada do grupo de heróis. Foram vinte e dois filmes e nesse ritmo é difícil dizer que ainda há empolgação em cada um dos lançamentos. Mas certamente Guerra Infinita (2018) conseguiu, com o impacto das consequências das ações perpetradas e o reconhecimento de Thanos como o vilão de peso que ele é, se destacar em meio aos demais, dando uma dimensão ainda mais humana aos heróis e um senso de perda em relação…
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Tatuagem (2013)
Essa crítica foi escrita em outubro de 2017 para um módulo que ministrei do curso A Crítica de Cinema por Dentro, realizado no SESC. Depois da abertura ruidosa em que vemos um mestre de cerimônias apresentando o grupo de teatro Chão de Estrelas, o silêncio. Fininha (Jesuita Barbosa), um dos protagonistas, aparece visualmente aprisionado entre as grades das camas de ferro do quartel onde serve, sentado enquanto seus colegas ainda dormem. A dualidade entre o caos e a ordem será uma constante em Tatuagem, que é bonito nas diversas facetas que a palavra pode expressar ao ser aplicada a um filme. Trata-se do primeiro trabalho de direção de Hilton Lacerda,…
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Shazam! (2019)
Mais um filme de super-herói nos cinemas. Imagino que pouca gente dê conta de se manter em dia com todos, especialmente em virtude da semelhança na estrutura de roteiro, que acaba por tornar enfadonhos tantos deles. Mas no meio desse mar de filmes iguais, sempre tem um outro que optam por fugir dos moldes, um pouco que seja. Considero que Shazam seja um desses casos. Enquanto tantos têm apostado na seriedade (e não que seja um problema, eu mesma gosto muito do peso apresentado em Vingadores: Guerra Infinita) Shazam chega para nos lembrar que esses personagens nasceram gibis. Gibis esses que eram escritos para crianças, por mais que gerações cresceram…
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Dumbo (2019)
Vindo na esteira de outras reimaginações em live action de clássicos dos estúdios Disney, como Malévola, Cinderela e A Bela e A Fera, Dumbo chega aos cinemas trazendo uma nova versão da história do bebê-elefante que pode voar. Dirigido por Tim Burton, com roteiro de Ehren Kruger, o filme se passa no pós-guerra em 1919, no circo de Max Medici (Dany DeVito), que comprou uma elefanta grávida com o intuito de lucrar com as apresentações do futuro bebê. Ele afirma que em um circo é necessário ser prático, fala que parece entrar em choque com a própria ideia de espetáculo que se propõe a realizar. A decadência do local, tanto…