Críticas e indicações
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Pokémon: Detetive Pikachu (2019)
Nos anos 90 videogames portáteis não eram tão comuns no Brasil, devido ao seu preço elevado, mas os aparelhos de televisão eram presentes em quase todas as salas de estar. Os pocket monster (monstros de bolso, em livre tradução), ou, simplesmente, pokémons, surgiram nessa década em jogos para o portátil Game Boy, da Nintendo, mas se tornaram sucesso absoluto no país quando o anime adaptado dele começou a passar na programação matinal da televisão, na virada da década. Figurinhas, baralhos e todo tipo tipo de produtos circulavam entre as crianças. Eu provavelmente era mais velha que o público alvo e acompanhava marginalmente essa febre toda em virtude de meu irmão…
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Varda por Agnès (2019)
No dia 29 de março último, Varda nos deixou, cedo demais, aos 90 anos de idade. Mas, apesar de ter partido, ficamos com um legado de obras para ver, rever, imergir e refletir. Varda era uma artista de alma sensível, que capturou pequenos detalhes de coisas que talvez passassem desapercebidas para outra pessoa e criou poesia a partir deles. Suas obras têm uma visão muito única de política, de estética e de afeto. Sua ficção trabalha com questões de gênero do cotidiano (mas não só isso) e desafia o que é dado. Seu documentário se encanta com as pessoas comuns, suas rotinas e suas lutas. Ambos estão sempre embaralhados: há…
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Ballad of the Broken Seas
Volta e meia eu retomo trabalhos perdidos de bandas que gosto mas não cheguei a ouvir TUDO. Esses dias descobri o disco “Ballad of the Broken Seas” (2006), primeira colaboração da Isobel Campbell com o Mark Lanegan – eu conhecia apenas os outros da dupla: “Sunday at Devil Dirt” (2008) e “Hawk” (2010). Bel canta ainda no mais melancólico “Ghost of Yesterday” (2002), com Bill Wells. Antes de ouvir Belle & Sebastian e ligar o nome a pessoa eu já tinha me apaixonado pela moça no álbum “Swansong For You” (2000), com The Gentle Waves, na época do lançamento.
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O Segundo Sexo
Em homenagem aos 70 anos de O Segundo Sexo, a editora Nova Fronteira lança uma nova edição comemorativa da obra de Simone de Beauvoir. A publicação conta com textos de pesquisadoras brasileiras, como Mary Del Priori, Djamila Ribeiro, Mirian Goldenberg e Marcia Tiburi.
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Sansa Stark e o ódio pelo feminino
Em Game of Thrones, tanto nos livros como na série, Sansa Stark (interpretada por Sophie Turner) sempre foi uma personagem odiada pelo público em geral. Agora, com o avançar das temporadas e a evolução dos personagens, fica claro que sua trajetória de crescimento é uma das mais coerentes, sem mudar quem ela sempre foi. O ódio por ela sempre foi pautado em misoginia e repúdio por tudo que é tradicionalmente feminino. Sansa, que no começo da história nos livros tem onze anos, foi desprezada (e apelidada de “Sonsa”) basicamente porque gostava de bolos de limão, de vestidos bonitos e de fazer bordados, sonhando com um casamento futuro. Mas Sansa era…
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Loja de Unicórnios
Segundo a Wikipedia, “A geração Y (também chamada geração do milênio, geração da internet, ou Millennials) é um conceito em Sociologia que se refere à corte dos nascidos após o início da década de 1980 e até ao final da década de 1990″. Muito se fala sobre os millennials e as pessoas tendem a colocar a conta dos estereótipos no mais jovens, quando na verdade somos as pessoas entre 20 e 40 anos. Nós crescemos em um Brasil redemocratizado, alguns de nós vimos a queda do muro de Berlim, a abertura para as importações, a múltiplas trocas de moedas, a sociedade mudando gradativamente. Provavelmente muitos de nós também foram incentivados a…
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Vingadores: Ultimato (2019)
Contém spoilers moderados! Eis que onze anos depois do lançamento de Homem de Ferro, filme que deu início ao chamado Universo Cinematográfico Marvel ou, simplesmente, MCU, chegamos a esse filme que funciona como um desfecho para a jornada do grupo de heróis. Foram vinte e dois filmes e nesse ritmo é difícil dizer que ainda há empolgação em cada um dos lançamentos. Mas certamente Guerra Infinita (2018) conseguiu, com o impacto das consequências das ações perpetradas e o reconhecimento de Thanos como o vilão de peso que ele é, se destacar em meio aos demais, dando uma dimensão ainda mais humana aos heróis e um senso de perda em relação…
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Queer Eye
Não tenho assistido a muitos filmes nos últimos tempos, porque estou num momento tenso com a minha tese (quem me segue no twitter já deve ter percebido). Mas minha singela recomendação hoje, sem muitas palavras, é o reality show Queer Eye. Ele é uma versão revista do Queer Eye for the Straight Guy, que foi ao ar entre 2003 e 2007. Começou em 2018 e já tem três temporadas disponíveis na Netflix, cada uma melhor que a anterior. Trata-se daqueles programas de transformação: os protagonistas são cinco homens gays especialistas em atividades específicas. Bobby cuida da arquitetura e decoração, Tan das roupas e estilo, Jonathan cabelo e cuidados de beleza, Karamo da cultura (mas às vezes parece…
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Memórias de uma menina
Aproveitando a publicação do episódio sobre a filmografia da Helena Solberg no podcast Feito por Elas, a coluna aborda hoje a obra Minha Vida de Menina, de Helena Morley, que foi adaptado para o cinema pela Solberg no longa metragem Vida de Menina (2003). A obra é uma compilação dos diários de Helena Morley – pseudônimo de Alice Dayrell Caldeira Brant (1880-1970) -, escritos entre 1893 e 1895, em Diamantina, Minas Gerais. Na época, a autora tinha entre 13 e 15 anos, mas o livro só foi publicado em 1942, quando a autora já tinha 62 anos. Por ter o formato de diário, a obra não entrou nos cânones da…
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Minha História
“Minha história”, de Michelle Obama, se aproxima da marca de 10 milhões de exemplares vendidos no mundo e está prestes a se tornar a autobiografia mais vendida da história. O livro foi publicado no Brasil pela Companhia das Letras. A obra de Michelle Obama tem o “potencial de se tornar o livro de memórias mais bem-sucedido de todos os tempos”, afirmou Markus Dohle, CEO da Penguin Random House, que publicou a obra simultaneamente em 22 países.