DEADPOOL 2
Super-heróis raramente me atraem. Gosto da Mulher-Maravilha, mas sempre achei os anti-heróis muito mais fascinantes. Cresci entre reprises d’O Máskara, adorava também O Corvo, o Pinguim e os Coringas do Batman. Minha gata preta se chama Selina em homenagem à Mulher Gato e já me fantasiei de Arlequina 2x. Eu costumava colocar Deadpool na minha lista de favoritos, mas agora…
Quanto mais um filme se aproxima de ação frenética, mais sinto sono – salvo algumas exceções honrosas, como Mad Max. Meus personagens preferidos de Deadpool 2 foram a senhora Blind Al (Leslie Uggams), que disse algo profundo sobre a dor (“Não se vive de verdade até morrer um pouquinho”) e o taxista Dopinder (Karan Soni), com sua referência a Kirsten Dunst em Entrevista Com o Vampiro (1994), ambos no limite entre o politicamente correto e a representatividade. Inclusive algumas piadas mórbidas deixaram dúvidas entre o constrangimento e as risadas dessa vez (sinto muito, Bowie).
Cable (Josh Brolin), sombrio na medida certa, já deixou claro desde o início que não seria um vilão. A sortuda Domino (Zazie Beetz) teve um desempenho satisfatório, mas o restante do time provisório de X-humans não funcionou bem, servindo apenas para encher película. Ainda que Deadpool (2016) tenha equilibrado melhor os gêneros, Colossus e Negasonic Teenage Warhead já eram um demérito. Também já conhecíamos Vanessa (Morena Baccarin), que aqui mal teve tempo para ser porcamente desenvolvida. A inclusão de Yukio (Shioli Kutsuna) só reforçou ainda mais os estereótipos de gênero, orientação sexual e etnia, perdoada um pouco pela crítica feita ao superpoder de apropriação cultural do presidiário branco de dreads. Nem preciso dizer que a atuação do garotinho mutante obeso Russell (Julian Dennison) – colocado na cadeia entre adultos, cômico absurdo – também foi no mínimo péssima.
Agora indicado só para maiores de 18, o filme perdeu em criatividade, não compensada nem pela autocrítica: “roteiro fraquinho, hein?” entre outras falas repetidas exaustivamente por Wade Wilson (Ryan Reynolds). “X-haustive” foi o melhor trocadilho e a moeda de fliperama sem valor foi uma boa metáfora.
Mas se dei 3 estrelas até pra Esquadrão Suicida*, ainda tenho espaço para outros elogios, como a trilha sonora rap/pop/vintage, a aparição de um segundo suficiente pra reconhecermos Brad Pitt e as cenas pós-créditos que seguiram as fofíssimas ilustrações (FML = Fuck my life!) e corrigiram de forma digna linhas temporais de outros carnavais.
* Adivinhem por quem? Beijos, Margot Robbie!
https://stephaniaamaral.wordpress.com/2018/05/16/deadpool-2/