Descalços no Parque
No ano passado o podcast You Must Remember This, produzido e apresentado por Karina Longworth, teve uma temporada inteira sobre Jane Fonda. Foi interessante acompanhar sua trajetória de tomboy que encarnou no cinema mocinhas que emanavam uma liberdade sexual jovial, enquanto na vida pessoal a militância política ocupava sua mente.
A comédia romântica Descalços no Parque (Barefoot in the Park, 1967), representa bem essa época de sua carreira. Baseado em uma peça de Neil Simon (adaptada por ele mesmo) e dirigido por Gene Saks, o filme conta a história de um jovem casal recém-casado em Nova York: Paul (Robert Redford) e Corie (Jane Fonda), que estão se adaptando ao minúsculo apartamento onde foram morar.
Os dois são rodeados por outros personagens secundários que compõem uma fauna divertida. A narrativa se passa quase completamente no ambiente confinado do lar, que embora diminuto, tem o charme da decoração do modernismo do meio do século passado. Paul é advogado e precisa voltar ao trabalho, e Corie é mostrada como um espírito livre, que quer a constante companhia do marido e garantir que sua casa seja a melhor possível.
Alguns aspectos, nesse sentido, podem parecer ultrapassados, e Corie se assemelha a uma antepassada de Manic Pixie Dream Girl. Mas, por outro lado, o charme de Jane Fonda e a vivacidade que imprime a sua personagem evitam que ela caia exclusivamente nesse lugar de idealização masculina.
Por fim, além de Jane Fonda, mais um nome feminino deve ser citado: Edith Head. A mítica figurinista, trinta e cinco vezes indicada ao Oscar e oito vezes vencedora, assina o trabalho desse filme com trajes que captam o espírito da época. Em resumo, trata-se de um filme que agrada aos olhos mas que também é divertido e delicioso como retrato de um período que ficou para trás.