Críticas e indicações,  Seriados

Dickinson

Emily Dickinson foi uma poeta estadunidense que morreu aos 55 anos pouco conhecida pelo público da época. Grande parte da mítica em torno da autora envolve sua reclusão: sempre de branco, ela passou a vida trancada no quarto e escrevendo poesia. 

Mas não é sobre essa Emily que a série de Alena Smith retrata. Aqui, Emily é uma adolescente, e seus dramas são basicamente dramas de adolescentes: o relacionamento com os irmãos, a dificuldade de comunicação com os pais, até as aflições de estar apaixonada – e o nível de drama é um QUE SÓ UM ADOLESCENTE pode nos proporcionar. Mas claro, além disso, ela é poeta. E o seu envolvimento com a poesia é uma relação de vida-ou-morte que só uma adolescente pode sentir sobre sua arte.

Recentemente eu escrevi no grupo do Telegram do Feito por Elas que a série é indicada para “quem gosta de vestidos longos, Maria Antonietta (da Sofia Coppola), jovens sendo dramáticos no século XVII ao som de música do século XXI e bissexualidade. Esse último é um dos grandes acertos da série. A sexualidade de Emily nunca é posta à prova ou mesmo questionada por ela. Ela tem problemas e dramas com a crush, se apaixona e se desapaixona, e esses são os dramas, não sua sexualidade. Como a poeta foi por muito tempo considerada heterossexual (e posta como “coitada” por não ter se casado), a série acerta demais nesta abordagem. 

Pra não dizer que amo tudo, fica aqui um parênteses da minha principal crítica à série: o retrato da escrita de Emily. A ideia de que uma poesia como a criada por Emily, metrificada e extremamente precisa, venha de uma maneira quase pronta pra ela em momentos de inspiração, é no mínimo absurdo. A insistência dessa perpetuação de que escrita é inspiração e não reescrita segue sendo um absurdo pra mim mas essa discussão fica pra outro dia.

Mas as três temporadas ainda possuem momentos perfeitos como o episódio do Thoreau, que o retrata como um idiota vivendo no lago próximo a sua mãe (que lava suas roupas) e o episódio de viagem no tempo com a presença de Sylvia Plath, sendo dramática de uma maneira que só ela poderia ser. Se tudo isso não te convenceu, vale dizer que tem um episódio com os personagens em uma festa dançando twerk. 

Quem faz: Hailee Steinfeld (Quase 18, Gavião Arqueiro), Jane Krakowski (30 Rock, Unbreakable Kimmy Schmidt) e criada por Alena Smith.

Onde assistir: Na Apple Tv+, o meu streaming favorito do momento (nota nóis, aqls), você consegue assistir as três temporadas da série.

Mais: A trilha da série é uma coisa à parte e vale ouvir pra entrar no clima

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Bacharel em Cinema pela UMESP e pós-graduada em Gestão Cultural pelo Senac. Trabalha com redação e escrita há mais de 10 anos.

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