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Ghostbusters: Apocalipse de Gelo

Em um novo capítulo de velhas histórias, Ghostbusters: Apocalipse de Gelo traz os Caça-Fantasmas com uma nova formação, enfrentando um velho desafio, mas não consegue capturar totalmente a magia dos filmes originais. Em um enredo que mistura humor, terror e ficção científica, a produção tenta manter o espírito da franquia, mas acaba deixando a desejar em alguns aspectos ao mesmo tempo que surpreende em outros.

A franquia sobrenatural celebra, em 2024, 40 anos. Entretanto, apesar da nostalgia que envolve os filmes anteriores, essaedição parece não se mover em relação aos filmes anteriores. Ao mesmo tempo que o filme surpreende de maneira possitiva com suas escolhas de arte (cenografia, CGI, design de produção) a história parece, um arremedo do segundo filme da série – da mesma maneira que o anterior parecia ser um arremedo fanservice do primeiro.

Dessa maneira, no filme, os antigos Caça-Fantasmas se unem aos novos para enfrentar uma conhecida ameaça: fantasmas que podem tomar a cidade de Nova Iorque a qualquer momento. Mas o que sustenta os originais não parecefuncionar aqui. A química entre os personagens parece não ser tão forte quanto nos filmes originais. Enquanto Bill ‘Venkman’ Murray ainda rouba qualquer cena na qual apareça apenas existindo, Ernie ‘Zedd’ Hudson, desde o capítulo anterior da franquia vem recebendo mais atenção e Dan ‘Stantz’ Aykroyd emana uma vibe saudosista do adulto que não se deu bem com a aposentadoria. Assim sendo, ver os três em cena ao lado de uma aparição ou outra de Annie ‘Janine’ Potts, fazendo os olhos do espectador brilhar, deixa a dúvida do quanto os Spengler conseguem realmente capturar o espírito da franquia (me perdoem pelo trocadilho).

Imagem: reprodução

Em Ghostbusters: Apocalipse de Gelo, o novo vilão, Garraka, ameaça congelar Nova Iorque. De maneira constrangedora, a execução da ameaça deixa a desejar. A concepção do visual da criatura é assustadora, entretanto o desenvolvimento da personagem e sua motivação são pouco convincentes. Atrelada ao monstrengo ainda temos a fantasminha camarada, Melody (Emily Alyn Lind) que se envolve afetivamente com Phoebe (McKenna Grace) deixando no ar aquela dúvida razoável do quanto a adolescente viva se apegou a adolescente morta por causa dos dilemas da idade ou por ter se apaixonado. Pelo visto não aprenderam nada com a crítica e os questionamentos sobre o queerbaiting feito após darem mil dicas sobre a orientação sexual de Kate McKinnon no reboot da franquia (depois de um tempo o diretor, Paul Feigg, disse que Jillian era sim uma personagem lésbica).

Além de um antagonista pouco impactante, a família Spengler não consegue ser interessante o bastante para prender a atenção do público. O casal principal é sem sal, os adolescentes chatos, a trama sofre com tantos personagens e tantas subtramas que o que mantém os espectadores presos em sua poltrona é a relação afetiva com os heróis do passado, fazendo suas aparições divertidas ao longo de todo o filme.

Em suma, com uma mistura de humor e terror, Apocalipse de Gelo tenta equilibrar os elementos que tornaram os filmes anteriores tão populares, mas só consegue ser uma repetição que entretém, mas após algumas horas é esquecido.

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Artista visual, desenhista, graduanda em Letras - Tecnologias da Edição. Membro Abraccine, votante do Globo de Ouro (Golden Globe Awards). Pesquisadora de cinema, principalmente do gênero fantástico, bem como representação e representatividade de pessoas negras no cinema. Devota da santíssima trindade Tarkovski-Kubrick-Lynch.

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