Críticas e indicações,  Discos

Liana Padilha e Luca Lauri (No Porn)

Desde criança sou alucinada por música. Desde os discos da Xuxa e Angélica, fitas da Mara Maravilha, CDS e vinis da minha mãe, cresci rodeada de sons que me empolgavam pra continuar apesar de tudo e me consolavam nas angústias cotidianas. Eu poderia escrever uma tese para cada banda e sua história na minha vida, de épocas em que era difícil o acesso (infinita gratidão pela MTV e pelos amigos por correspondência e nossas furtivas trocas de figurinhas musicais). Tive fases de roqueira, metaleira, neguei os pagodes que adorava por um tempo, deixei de curtir funks por recalque, mas fui acordando e hoje me entrego a todos os ritmos que aparecem e me encantam. Há uns 3 anos, desde que comecei a postar (na media do possível) um disco por dia no meu insta @discosdaste, encaro como um desafio maior ainda descobrir – e catalogar nas minhas planilhas no Excel, virginiana – minhas impressões sobre coisas velhas e novas. E sempre me surpreendo com o quanto ainda deixo passar. Um exemplo é a dupla No Porn, que só tomei conhecimento este ano, graças ao Spotify divo (me patrocina!). 
Liana Padilha e Luca Lauri (na foto acima com o deuso Thiago Pethit, com quem gravaram Leite) lançaram em 2006 o homônimo No Porn, que segundo essa matéria incrível aqui, foi um arraso nas pistas e inspiração pra muita gente principalmente nos rolês LGBTQ+ (gostaria de tê-los conhecido nesse contexto). Os dois voltaram em 2016 com o ótimo Boca, assim bem definido pela compositora: “Eu e o Luca só falamos algo quando temos o que contar. E depois desses 10 anos, o que a gente quer contar agora tem a ver com sexualidade, libertação sexual, com os direitos, com violência, com sexo, com amor. É de tudo isso que Boca fala, depois de um primeiro álbum mais melancólico, que era sobre perda”. 
No Porn tem funcionado em meus dias como a trilha sonora da arrumação pra uma balada utópica, idealizando uma vida boêmia que segue ainda num plano mental. Música salva e em tempos como esses é mais do que necessário continuar resistindo com cultura.

Videoclipe de “Tanto” da dupla No Porn
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Doutoranda em Estudos de Linguagens pelo CEFET-MG

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