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[Tribeca 2025] Esta Isla

Este texto faz parte da cobertura do Tribeca Film Festival 2025, que ocorre entre 4 e 15 de junho.


Se essa ilha, se essa ilha fosse minha…O longa de estreia da dupla Lorraine Jones Molina e Cristian Carretero, Esta Isla, lida com o pertencimento. Aqui, a fuga para salvar a própria pele vai de encontro com uma jornada de autodescoberta. É a história de Bebo (Zion Ortiz) e Lola (Fabiola Brown), um casal que mal se conhece e já precisa sumir do mapa para que ele não seja morto.

Jones Molina e Carretero trabalham com o diretor de fotografia Cedric Cheung-Lau para fazer das paisagens dos arredores de Porto Rico uma mistura entre o idílico e o apavorante, dependendo da metade do casal que tem o ponto de vista explorado. E é nos contrastes entre Bebo e Lola que a dupla boricua consegue desenvolver melhor o filme. Aos poucos, as diferenças de classe entre ele e ela vão criando um abismo. Não que ela seja o mais interessante ali: quando Lola ganha mais atenção, o filme aproveita a investigação sobre as origens dela para expor as fragilidades do relacionamento dela com Bebo.

Ao assistir o processo de redescoberta de Lola, lembrei da fala de Walter Salles sobre Central do Brasil, de que aquele filme era não apenas sobre a busca do garoto Josué pelo pai, como também simbolizava também um país se encontrando. Uma busca que revela muito dos anseios e dos traumas da personagem de Fabiola Brown, e que também esconde discussões pertinentes sobre patriarcado. 

Em Esta Isla, os lugares de onde Lola e Bebo saem são mais do que espaços físicos. São representações do que eles gostariam de esquecer ou de se agarrar por uma última vez. 

Crítica de cinema, membra da Abraccine, amazonense, 30+, ama novela mexicana

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