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[48ª Mostra de São Paulo] A Canção da Estrada

Este texto faz parte da cobertura da 48ª Mostra Internacional de Cinema de São Paulo, que ocorre entre 17 e 30 de outubro. Publicado originalmente na newsletter para assinantes do financiamento coletivo do Feito por Elas. Para contribuir, assine aqui.

A Canção da Estrada (Pather Panchali, Índia, 1955, Ficção, p&b, 125 min

Direção: Satyajit Ray

Sinopse: A história de Apu, um garoto que vive em uma pequena vila bengali na zona rural da Índia no começo do século 20. Seu pai ganha a vida como pujari, uma espécie de sacerdote, mas sonha com uma carreira como poeta e dramaturgo. A mãe do menino cuida dos filhos e da prima mais velha. Com a falta de perspectivas no local, o pai viaja para a cidade em busca de um emprego melhor, mas acaba ficando fora por mais tempo do que o esperado. Enquanto isso, a matriarca tentará manter a família unida.

Comentário: Vidas secas. O filme cria seu próprio ritmo, construindo a imersão na vida daquelas pessoas. Há espaço para a cachorra se coçando, para os gatinhos brincando, para os pequenos momentos. Mas a miséria tira a alegria, tira a empatia. A necessidade primária de pensar em como prover duas refeições diárias e remendar tecidos é desoladora. As crianças vão brincar, vão ser levadas, vão demonstrar carinho. O sonho não é sequer de riqueza, é do mínimo ou nem isso. Cada plano é enquadrado com uma precisão absurda. A trilha sonora, tão cara ao diretor, é pura simbiose com a imagem. Só tinha assistido a um filme de Ray antes e que prazer descobrir um cineasta que, numa amostragem de dois, entrega tanto Cinema.

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Crítica de cinema, doutora em Antropologia Social, pesquisadora de corpo, gênero, sexualidade e cinema.

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