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[48ª Mostra de São Paulo] Misericórdia (Miséricorde)

Este texto faz parte da cobertura da 48ª Mostra Internacional de Cinema de São Paulo, que ocorre entre 17 e 30 de outubro. Publicado originalmente na newsletter para assinantes do financiamento coletivo do Feito por Elas. Para contribuir, assine aqui.

Misericórdia (Miséricorde, França, Espanha, Portugal, 2024, Ficção, cor, 102 min)

Direção: Alain Guiraudie

Sinopse: Jérémie volta à sua cidade natal para o funeral do seu primeiro patrão, o padeiro do vilarejo. Ao chegar, ele decide permanecer por mais algum tempo ao lado de Martine, a viúva do homem. Essa presença, no entanto, acaba perturbando o ambiente ao criar uma desavença com o filho da mulher, Vincent. Um misterioso desaparecimento, um vizinho ameaçador e o padre local com estranhas intenções fazem a estadia de Jérémie tomar um rumo inesperado. Exibido no Festival de Cannes.

Comentário: Esse é o filme do meme “gay empinando moto, gay dando tiro”. Quando Jérémie volta para sua aldeia natal, desestabiliza a ordem vigente. É uma comédia de erros que se empilham e garantem o nervoso de quem assiste, a cada nova mentira. Bom demais de assistir na sequência de Oeste Outra Vez. Dessa vez, a incapacidade de se comunicar é sobre o desejo. E todos desejam (até mesmo o padre). Resolve-se o tesão no soco. O constrangimento é divino e que delícia de blasfêmia. Patricia Highsmith fez antes e fez melhor, mas esse tensionamento do microcosmo local funciona também muito bem.

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Crítica de cinema, doutora em Antropologia Social, pesquisadora de corpo, gênero, sexualidade e cinema.

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