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[48ª Mostra de São Paulo] Sol de Inverno (Boku No Ohisama)

Este texto faz parte da cobertura da 48ª Mostra Internacional de Cinema de São Paulo, que ocorre entre 17 e 30 de outubro. Publicado originalmente na newsletter para assinantes do financiamento coletivo do Feito por Elas. Para contribuir, assine aqui.

Sol de Inverno (Boku No Ohisama, Japão, França, 2024, Ficção, cor, 90 min)

Direção: Hiroshi Okuyama

Sinopse: Em uma pequena ilha japonesa, a vida gira em torno das mudanças das estações. O inverno é época de hóquei no gelo na escola, mas Takuya não demonstra muita animação com isso. O verdadeiro interesse do garoto está em Sakura, uma estrela em ascensão da patinação artística de Tóquio, por quem ele desenvolve um fascínio genuíno. Arakawa, treinador e ex-campeão da modalidade, vê potencial em Takuya e decide orientá-lo para formar uma dupla com Sakura para uma competição que acontecerá em breve. Enquanto o inverno se prolonga, os sentimentos se aprofundam, e os dois jovens criam um vínculo harmonioso. Mas até mesmo a primeira neve acaba derretendo. Exibido nos festivais de Cannes, Toronto e San Sebastián.

Comentário: Quando o filme começou, pensei que seria uma espécie de Billy Elliot no gelo. A criança que pratica um esporte entendido dentro de um padrão de masculinidade, passa para outro que é associado ao feminino. Esperei o bullying, a recriminação dos pais e coisas do tipo. Não veio. O pai diz pra ele escolher o que quiser, o amigo aplaude sua destreza. É um alento assistir a um filme tão… solar, com o perdão do trocadilho. O sol baixo de inverno entra pela janela a cada treino, filtrando tudo de uma forma onírica. O passeio para o lago congelado também mostra uma paisagem linda que parece de sonho e os treinos, leves, se convertem em brincadeira. Como filme de esporte, esperei a competição, a busca por resultado, conforme a fórmula. Não há conflito quase até o final, a narrativa avança sem sobressaltos até um coração se partir. Talvez por toda essa leveza o desfecho de ruptura de um dos personagens seja um pouco agridoce, mas a trajetória é um deleite.

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Crítica de cinema, doutora em Antropologia Social, pesquisadora de corpo, gênero, sexualidade e cinema.

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