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[48ª Mostra de São Paulo] Anora

Este texto faz parte da cobertura da 48ª Mostra Internacional de Cinema de São Paulo, que ocorre entre 17 e 30 de outubro. Publicado originalmente na newsletter para assinantes do financiamento coletivo do Feito por Elas. Para contribuir, assine aqui.

Do dia 17 ao dia 30 de outubro acontece a 48ª Mostra de Cinema de São Paulo. Sei que nem todo mundo está em São Paulo, mas muitos filmes exibidos estrearão em breve. Então eu vou fazer um exercício de trazer um comentário sobre cada um que eu assistir. Esse ano optei por não cobrir, pois sei que outras atividades vão entrar em conflito com muitos horários, mas, sabe como é, a crítica não consegue deixar de comentar o filme visto. Por isso vou comentar os filmes a que assistir a cada poucos dia. Mesmo para quem não puder conferir o festival, pode ajudar de alguma forma quando os filmes estiverem disponíveis. No título do filme vou colocar um link para sua programação na própria Mostra, caso queira ver agora. Vamos lá?

Anora (EUA, 2024, Ficção, cor, 138 min)

Direção: Sean Baker

Sinopse: Anora, uma jovem profissional do sexo do Brooklyn, tem a grande chance de mudar de vida, tal qual numa história de Cinderela, ao conhecer e se casar impulsivamente com o filho de um oligarca russo, Ivan. Mas, assim que a notícia chega à Rússia, esse conto de fadas é ameaçado —os pais de Ivan partem para Nova York decididos a anular o casamento. Vencedor da Palma de Ouro do Festival de Cannes.

Comentário: Tem um gostinho de Tangerina (2015) (o trocadilho não foi intencional), no sentido que aquele filme era legal de assistir mas depois caía a ficha que toda a duração era sobre duas mulheres trans brigando por um cara e dava um retrogosto amargo. Anora (ou Ani) é uma personagem interessante e engraçada e em certo momento da história, quando os capangas da família de seu recém-marido entram na história, ela fica um pouco em segundo plano. O filme é divertido e a jornada que se cria no meio é até interessante. Mas no final o que Baker quer fazer é uma espécie de história de Cinderela (que não necessariamente dá certo), mas não consegue desapegar de noções estereotipadas sobre profissionais do sexo. Para ele, sexo é a única forma que Anora conhece para se relacionar com outras pessoas. E por isso, se alguém não é uma pessoa absolutamente calhorda e desumanizadora, é premiada com sexo. Parece-me que é um filme bem intencionado (e até leve), mas que se escora em fantasias óbvias. 

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Crítica de cinema, doutora em Antropologia Social, pesquisadora de corpo, gênero, sexualidade e cinema.

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