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    [49ª Mostra de São Paulo] 100 Sunset

    Este texto faz parte da cobertura da 49ª Mostra Internacional de Cinema de São Paulo, que ocorre entre 16 e 30 de outubro. Em um bairro habitado por migrantes tibetanos na cidade de Toronto, a jovem Kunsel (interpretada por Tenzin Kunsel) mora com sua mãe e com seu tio, a quem trata como pai. Ela chegou ao Canadá recentemente e ainda está aprendendo a língua inglesa. O idioma quase não é ouvido ao longo do filme. O condomínio onde mora, um enorme bloco de apartamentos chamado 100 Sunset, é majoritariamente habitado por pessoas mais velhas. Kunsel é sozinha e introvertida. O condomínio dá nome ao filme de mesmo nome escrito…

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    [49ª Mostra de São Paulo] Duas Vezes João Liberada

    Este texto faz parte da cobertura da 49ª Mostra Internacional de Cinema de São Paulo, que ocorre entre 16 e 30 de outubro. Uma daquelas pequenas pérolas com as quais esbarramos em festivais, Duas Vezes João Liberada é um filme que desafia noções de representatividade e representação no cinema, nesse caso envolvendo questões de gênero. Dirigido por Paula Tomás Marques e roteirizado por ela em parceria com a atriz June João, que interpreta a personagem principal, o filme funciona como um meta-comentário sobre o próprio fazer cinema, refletindo sobre como contar a história de quem não está presente. A personagem principal é João, uma atriz escalada para trabalhar em um…

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    [49ª Mostra de São Paulo] Corpo Celeste

    Este texto faz parte da cobertura da 49ª Mostra Internacional de Cinema de São Paulo, que ocorre entre 16 e 30 de outubro. Existe todo um cinema contemporâneo latino-americano que ainda lida com as heranças de nossas ditaduras, como No (2012), de Pablo Larraín, Argentina, 1985 (2022), de Santiago Mitre e mesmo o recente sucesso brasileiro Ainda Estou Aqui (2024), de Walter Salles, entre vários outros. Corpo Celeste (Cuerpo Celeste, 2025), escrito e dirigido por Nayra Ilic García, vencedor de uma Menção Especial do Júri no Festival de Tribeca, tenta dialogar com esse tipo de cinema, mas não em alguma medida sem grande êxito. O filme conta a história da…

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    Casa de Dinamite

    Depois de oito anos de ausência, a cineasta Kathryn Bigelow retorna às telonas com Casa de Dinamite (The House of Dynamite, 2025), um thriller político que explora tensões geopolíticas do mundo contemporâneo. O roteiro de Noah Oppenheim tem um quê de drama dos anos 90 (e isso não é, de forma alguma derrogatório). O trailer, inclusive, faz a história parece muito mais de ação ou mesmo focada na guerra do que realmente é. A narrativa começa sob o ponto de vista da capitã Olivia Walker, interpretada por Rebecca Ferguson. Temos vislumbres de sua rotina familiar, incluindo a interação com o companheiro, os cuidados com o filho doente e a saída…

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    Andor

    Publicado originalmente em 18/09 na newsletter para assinantes do financiamento coletivo do Feito por Elas. Para contribuir com o projeto, assine aqui. A tirania exige esforço constante. Ela se quebra, ela vaza. A autoridade é frágil. A opressão é a máscara do medo. Definitivamente não sou do time das pessoas que cultivam apreço especial pela série Guerra nas Estrelas. Em diferentes épocas da minha vida tentei engajar em primeiros contatos e revisões que sempre me deixaram com a sensação de que é um universo com muito mais potencial do que resultado alcançado. Até gostava de Caravana da Coragem (1984) quando era criança, como gostava de basicamente de qualquer fantasia que envolvesse marionetes, bonecos e…

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    O Ensaio

    Publicado originalmente em 04/09 na newsletter para assinantes do financiamento coletivo do Feito por Elas. Para contribuir com o projeto, assine aqui. Até um mês atrás eu nunca tinha ouvido falar de Nathan Fielder. Hoje eu considero ele um gênio. Hiperbólico assim. Talvez fosse ignorância minha, porque ele já fez várias coisas na televisão, mas eu não sou muito de ver seriado, então também não sou o melhor parâmetro. Dito isso, não posso deixar de ser mais enfática ao dizer VEJA O ENSAIO. Em caixa alta. Eu estou gritando. Pelamordedeus, se você, como eu, é uma pessoa desligada, e ainda não viu, para tudo e VEJA O ENSAIO (The Rehearsal, 2022-). É difícil…

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    A Grande Viagem da Sua Vida (2025)

    O cinema de Kogonada nos prende em uma expressão minimalista de sentimentos. Não há grandes arroubos, mas nem por isso é frio. Os diálogos marcam a interação entre as personagens sem que soem expositivos. Em Columbus (2017) a espacialidade dos elementos arquitetônicos servem de pano de fundo para a elaboração do vínculo humano. Esse mesmo vínculo se expande com contexto sci-fi em After Yang (2021). Nele, a pequena Mika, uma menina chinesa, é adotada por um pai branco e uma mãe negra que adquirem um androide chinês chamado Yang para que ela tenha referências da própria cultura origem. Até que o robô, virtualmente irmão da criança, tem um defeito. São…

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    Faça Ela Voltar (2025)

    Publicado originalmente em 20/08 na newsletter para assinantes do financiamento coletivo do Feito por Elas. Para contribuir com o projeto, assine aqui. Assisti a Faça Ela Voltar (Bring Her Back), dirigido pela dupla australiana Danny Philippou e Michael Philippou, na pré-estreia. (De qualquer forma esse é um comentário mais ou menos sem spoiler) Eu vi o trailer na sessão de A Hora do Mal e ele vende uma trama macabra, talvez demoníaca, repleta de imagens perturbadoras. Trata-se de uma história sobre dois irmãos, Andy (Billy Barratt) e Piper (Sora Wong), cujo pai faleceu. Faltam três meses para o menino completar 18 anos e poder reivindicar a guarda da irmã mais nova, que é deficiente visual. Ela distingue…

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    Alguns comentários sobre A Hora do Mal e o camp vilanizado

    Publicado originalmente em 20/08 na newsletter para assinantes do financiamento coletivo do Feito por Elas. Para contribuir com o projeto, assine aqui. As últimas semanas foram de muito alarde em cima de filmes de horror recentes e me vi como a pessoa do contra, que (infelizmente) não conseguiu comprar totalmente as propostas dos filmes apontados. Sim, eu detesto não gostar de um filme. Cinema, para mim, deveria ser algo prazeroso e não vejo vantagem em manter uma posição de oposição em relação às obras lançadas. Mas nesse caso, embora elas tenham, sim, seus méritos, não consigo deixar de apontar meus incômodos. (As discussões a seguir terão spoilers moderados). Finalmente fui assistir A…

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    Viver Até o Fim (The Living End, 1992)

    Publicado originalmente em 05/06 na newsletter para assinantes do financiamento coletivo do Feito por Elas. Para contribuir com o projeto, assine aqui. Na abertura, os créditos avisam que esse é “um filme irresponsável por Gregg Araki”. Então não espere um romance convencional, ou uma história de superação ou uma jornada motivacional. Viver Até o Fim (The Living End, 1992) faz parte do grupo de filmes que levou a crítica de cinema Ruby Rich a definir o que ela veio a chamar de New Queer Cinema, um movimento que fala de vivências LGBTQIA+ usando de uma estética do pastiche e da ironia, ressignificando imagens e histórias.  Araki constrói sua narrativa num momento central para a história…