Filmes
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Jane Eyre e suas adaptações
Esse mês o livro escolhido para leitura e conversa no Grupo de Leitura do Feito por Elas foi Jane Eyre, de Charlotte Brontë. Ele é um dos meus preferidos da vida e eu poderia ter participado dos debates informalmente, mas optei por relê-lo. E uma vez tendo feito isso, resolvi, talvez obcecadamente, ver algumas de suas adaptações audiovisuais. Nesse texto contarei um pouco de minhas impressões. Começando pelo livro: que leitura maravilhosa! Jane Eyre, a protagonista que dá nome à trama, é uma garota órfã de 10 anos que é enviada pela esposa de seu falecido tio para um internato de caridade para meninas sem posses. Cresce em meio aos…
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8 filmes de Cecilia Mangini (1927–2021)
A revista feminista online Another Gaze acaba de lançar seu mais recente projeto: uma plataforma gratuita de streaming, criada para exibição de filmes que a equipe da revista considera com conteúdo feministas, de diferentes territórios e modos de produção, apresentando programadoras e colaboradoras convidadas. Cada programa estará disponível por uma semana na plataforma e será contextualizado com novos textos e traduções. Como apoio para manter a plataforma gratuita, a revista busca apoiadores pelo Patreon. Nesta semana, o programa chama-se A One-Woman Confessional: Eight Films by Cecilia Mangini (1927–2021), com uma pequena retrospetiva da obra da realizadora italiana Cecilia Mangini (foto), que faleceu em 21 de janeiro de 2021. Todos os filmes estão disponíveis…
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Copo americano
Farei uma recomendação dupla, pois associei duas produções de mulheres com copos americanos nas capas. A primeira, copo vazio, é o novo livro da Letrux, Tudo que já nadei, dividido em Ressaca (“famoso textão”), Quebra-mar (poemas) e Marolinhas (aforismos anônimos). Comecei a ler as três partes em ordem inversa, começando pelo ato 3, e percebi que a Letrux é mesmo melhor na prosa. As múltiplas escolhas de formatos que ela explorou em Zaralha, projeto anterior, aqui se concentram no textual e eliminam fotos e desenhos, mas ela mantém o estilo memorial. Nesse corpo sem órgãos submerso há espaço ainda para diálogos de zap – ficcionais ou não – e ainda breves…
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Yentl
Barbra Streisand é uma das 21 pessoas chamadas de EGOT. Isso significa que já foi premiada com Emmy (prêmio de televisão), Grammy (música), Oscar (cinema) e Tony (teatro). Começou a sua carreira na Broadway como cantora e seu primeiro papel no cinema já foi um sucesso absoluto: Funny Girl: A Garota Genial( Funny Girl, 1968), dirigido por William Wyler, que mostra uma comediante no começo do século XX, chamada Fanny, papel que ela já havia interpretado na Broadway. Destaco, ainda, seu papel em Essa Pequena é Uma Parada (What’s Up Doc, 1972), de Peter Bogdanovich, uma comédia maluca com Ryan O’Neil, que envolve malas trocadas e muitas confusões estilo sessão…
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A Vida é uma Dança e a obra de Dorothy Arzner
Dorothy Arzner é uma das pioneiras do cinema. Nasceu em 1897 e começou a trabalhar como diretora no final da década de 1920, ainda no cinema mudo. Fez a transição para o cinema sonoro e trabalhou até 1943, sendo a única mulher que se saiba estar dirigindo filmes em Hollywood ao longo da década de 1930. Foi também a primeira mulher a integrar o Sindicato dos Diretores nos Estados Unidos. Curiosamente, eu estava vendo, esses dias, o documentário Alice Guy-Blaché: A História Não Contada da Primeira Cineasta do Mundo (Be Natural: The Untold Story of Alice Guy-Blaché, 2018), dirigido por Pamela B. Green e nele aparece uma carta de Guy…
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Moxie: Quando as Garotas Vao à Luta
Para quem quer um filme levinho, a dica é a comédia teen Moxie: Quando as Garotas Vao à Luta (Moxie, 2021), dirigida por Amy Poehler e que chegou na Netflix. É a história de uma adolescente chamada Vivian (Hadley Robinson) que descobre que sua mãe (interpretada pela própria Amy Poehler) teve sua fase feminista-riot–grrrl. E então chega uma nova aluna na escola, Lucy (Alycia Pascual-Pena), e ela não foge de se posicionar e opinar sobre os assuntos. Com essas novas influências, Vivian resolve criar uma zine anônima que aborde os problemas, especialmente o machismo, com que se depara no ambiente escolar. O filme derrapa às vezes porque parece querer abarcar temas demais e se encanta com…
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Supo Mungam Plus
A Supo Mungam Plus, plataforma de streaming da distribuidora de mesmo nome, destaca no mês de março filmes realizados por mulheres. Além de um especial com quatro filmes dirigidos por Vera Chytilová (todos mencionados em nosso programa sobre ela), há ainda versões restauradas de filmes como Olivia (1951), de Jacqueline Audry, Refrigerante de Menta (1977), de Diane Kurys e O Piano (1993), de Jane Campion. Para conferir a programação completa para o mês, acesse aqui.
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O Amigo Americano
Essa indicação vai ser dupla! No ano passado, no Grupo de Leitura FpE, fizemos a leitura conjunta do livro Carol (O Preço do Sal), da Patricia Highsmith, acompanhando a revisão do filme de mesmo nome para nosso programa sobre ele, no mês das escritoras. A escrita de Patricia Highsmith é envolvente, mas o romance destoa do conjunto de sua obra, marcado por livros sobre crimes (embora o romance entre duas mulheres poderia ser visto como um crime no contexto retratado). No embalo do interesse que a obra da escritora me despertou, li, agora na virada do ano, o livro Em Águas Profundas, em nova edição pela Editora Intrínseca, com tradução de Roberto Muggiati, e essa é a…
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Liv Ullmann, a garota rebelde
Está disponível no acervo da mubi o longa The Wayward girl (Ung flukt, 1959), “A garota rebelde” ou “Fuga jovem”, em tradução livre, estreia de Liv Ullmann no cinema e último filme da cineasta Edith Carlmar (1911–2003), primeira mulher a dirigir um filme na Noruega. A presença e expressão da atriz domina a produção, é fascinante observá-la no início da carreira, aos 20 anos, com looks minimalistas bem marcantes, um visual pin up característico da década. Na trama, ela vive Gerd, jovem que foge para uma casa de campo com um garoto, Anders, estudante de classe média. Os pais de ambos intervém na aventura, ficam preocupados com as consequências das estripulias e…
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Melhores filmes de 2020
Também conhecido como “os filmes que eu mais gostei de ver”, portanto algo bastante pessoal. Como sempre nos últimos anos, não fiz repescagem em dezembro. Esse ano foi muito atípico e cansativo, mas isso todo mundo sabe. Acabei assistindo a número bastante reduzido de lançamentos. Em meio ao caos do ano, fui jurada no Júri da Crítica do 48º Festival de Cinema de Gramado e no Júri da Crítica da 44ª Mostra Internacional de Cinema de São Paulo, mediei debates, cobri festival, toquei o doutorado em frente (e consegui uma bolsa de estágio na Itália, para onde devo ir no começo de 2021). Ainda assim foram cerca de 40 textos…