Filmes

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    Take this Waltz

    Margot sente medo de estar entre duas coisas. Com constante senso de perigo, sente medo de sentir medo. As unhas azuis dos pés dela denotam uma fragilidade, uma delicadeza infantil, uma Madame Bovary oculta, uma palhaça triste. Como adulta ela escolhe não sucumbir à melancolia, ainda que pareça perdida e se sinta culpada por ter […]

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    Crip Camp: Revolução pela Inclusão

    O documentário Crip Camp: Revolução pela Inclusão (Crip Camp, 2020), dirigido por Nicole Newnham e James Lebrecht, estreou no catálogo da Netflix. A sinopse não dá conta de seu conteúdo: faz parecer que aborda um acampamento de verão nos Estados Unidos para adolescentes com deficiência nos anos 60 e 70. Esse tema por si só já seria interessante, uma vez que, como o próprio doc deixa claro, pessoas com deficiência não tinham direitos garantidos naquela época e a maioria dos jovens tinha pouca convivência fora de casa, porque as escolas públicas raramente os aceitavam. Muitos permaneciam em casa ou institucionalizados. Mas além de abordar o ineditismo do local, em termos pedagógicos e…

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    Filmes hollywoodianos com roteiros feitos por mulheres para ver no Telecine

    Em 12 anos, nenhuma mulher ganhou prêmio de melhor roteiro na premiação do Oscar. Em 2007, Diablo Cody foi a última a receber a estatueta de melhor roteiro original por Juno, enquanto Diana Ossana ganhou melhor roteiro adaptado por O Segredo de Brokeback Mountain, em 2005. A disparidade de reconhecimento na principal premiação da indústria do cinema reflete também o baixo índice de participação de mulheres roteiristas dentro do mercado cinematográfico de Hollywood. Segundo dados do site Women and Hollywood, mulheres roteiristas integraram a equipe de apenas 20 dos 100 filmes de maior bilheteria lançados em 2019. Para celebrar as profissionais que desempenham tal função, o Feito por Elas garimpou…

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    Frida (2002)

    É difícil analisar o filme Frida (2002), dirigido por Julie Taymor, sem falar sobre seu processo de produção, uma vez que ele está completamente ligado ao resultado final do filme. O filme retrata a história da pintora mexicana Frida Kahlo de quando ela era uma estudante e sofreu um acidente de ônibus que marcou a sua vida, até a sua morte. A figura histórica é interpretada por Salma Hayek, de quem esse era um projeto pessoal, que tentava tirar do papel há muito tempo. Salma Hayek relatou em um texto chamado “Harvey Weinstein is my monster too” (Harvey Weinstein é meu monstro também, em tradução livre), publicado no New York…

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    MS Slavic 7 (2019)

    Mais uma parceria entre Sofia Bohdanowicz e Deragh Campbell (atriz e co-diretora), o semi ficcional MS Slavic 7 (2019) acompanha a descoberta de correspondências muito poéticas (e reais!) enviadas pela bisavó da cineasta, Zofia Bohdanowiczowa, ao poeta polaco Józef Wittlin entre 1957-1964. Bela e contemplativa percepção de tensões familiares e luta discreta por espaço e direito, além de um estudo inspirado sobre o significado do gênero carta e sua viagem de passarinho para suprir um desejo intenso por comunicação – e conexão, o qual a protagonista vivencia em sua busca solitária. 

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    Filmes com atrizes negras para ver no Telecine

    No dia 25 de julho se celebra no Brasil o Dia da Mulher Negra. A data também é o Dia Nacional de Tereza de Benguela, mulher quilombola que viveu no século XVIII e se firmou  inspirada no Dia da Mulher Afro-Latino-Americana e Caribenha, comemorado em 31 de julho. O dia propõe a reflexão sobre o ser mulher de maneira interseccional, destacando as especificidades de vivências de mulheres negras, em contraste com o abstrato “mulher”, que falha em dar conta das diversas experiências abarcadas sob o termo. Pensando nisso, separamos filmes com protagonistas interpretadas por atrizes negras que estão disponíveis no serviço de streaming do Telecine, destacando suas percepções sobre carreira,…

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    Revelação (2020)

    Entre as novidades de streaming dessa semana, está o documentário Revelação (Disclosure: Trans Lives on Screen, 2020), dirigido por Sam Feder. O filme propõe uma análise sobre a forma como pessoas transgênero foram representadas ao longo da história do cinema, do ridículo ou ameaçador chegando ao bem intencionado mas equivocado, passando sempre pelo erro de colocar pessoas cisgênero interpretando a transgeneridade. O panorama resultante dessa recapitulação é bastante desolador. O fio condutor são os depoimentos de pessoas ligadas ao cinema e à televisão como as atrizes Laverne Cox, Jen Richards e Alexandra Billings, a historiadora Susan Stryker e cineastas como Lilly Wachowski e Yance Ford (que, inclusive, é o primeiro diretor transgênero indicado…

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    As Horas (The Hours, 2003)

    [AVISO DE GATILHO: CONTEÚDO SENSÍVEL]Essa não é uma crítica. Transcrição da minha fala do Feito por Elas #114 As Horas publicada originalmente no Letterboxd. Eu localizei no meu diário quando vi As Horas no cinema, em 6 de março de 2003. O ingresso de estudante custava R$ 2,50 e eu anotei: “Muito poético. Demais o jeito que as 3 histórias paralelas se interligam subjetivamente. Meu candidato para melhor filme no Oscar”. Eu lembro de ter chorado desesperadamente. Eu não tinha lido nada da Virginia Woolf na época, mas a identificação foi enorme. Eu fui atrás de ler o livro As Horas e de ler Mrs. Dalloway. Eu já não morava…

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    Olla, de Ariane Labed

    Com clara influência do longa Jeanne Dielman, 23, Quai du Commerce, 1080 Bruxelles (1975), da diretora Chantal Akerman, Olla (2019) é a estreia bem sucedida da atriz francesa Ariane Labed (A Lagosta) atrás das câmeras. O trocadilho com o nome que ela recebe ao chegar, ao menos no Brasil permite uma associação erótica, uma das facetas bem trabalhadas na protagonista Olla (Romanna Lobach), que deixa a Ucrânia e vai para a França morar com Pierre, que ela conheceu pela internet e que vive com a mãe idosa. O curta de 27 minutos não brinca apenas com as discrepâncias da linguagem, mas com expectativas masculinas, direitos e desejos femininos, tantas vezes agredidos e silenciados. Destaque para…

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    Orgulho LGBTI+ no Feito por Elas

    O dia 28 de junho é o Dia Internacional do Orgulho LGBTI+ e aproveitando a data, vamos fazer uma postagem para enaltecer cineastas LBTI ou que trabalhem com a temática LGBTI+ e/ou queer sobre as quais já temos programas. Resistir e celebrar sempre! Segue abaixo: Feito por Elas #15 Lana e Lilly Wachowski As irmãs Lana e Lilly Wachowski são as primeiras cineastas transgênero que se tenha notícia trabalhando em Hollywood. Falamos sobre seu filme Ligadas Pelo Desejo (1996), protagonizado por duas mulheres em relacionamento, e Sense8 (2015-2018), seriado com boa representatividade LGBTI. Feito por Elas #16 Chantal Akerman Chantal Akerman recusava rótulo como “mulher”, “judia” ou “lésbica”, mas mesmo…