ROCKETMAN
Elton John nunca foi um dos meus cantores preferidos. Com exceção de “Can You Feel the Love Tonight” (por motivos óbvios!) e “Benny and the Jets” – melhor sequência do longa por motivos de suruba – por momentos de zoeiras entre amigos, não fui ao cinema esperando saber cantar todas as letras. No entanto, passei a reconhecer que estou perdendo muito por não conhecer mais desse artista… Também não sou fã de musicais. Conto nos dedos os que gostei de verdade. E Rocketman se tornou um deles!
Um diabão imponente surge com ♡ heart shapped glasses… em uma clínica de rehab! Da sala do AA, ótima escolha de ponto de partida para conduzir a trama, Elton Hercules John (fiquei com uma TARA no Taron Egerton… especialmente quando ele dá uma mordida no ar de tirar o fôlego!) fala seus podres que poderiam ser melhor explorados não fosse a classificação indicativa limitante. O fantasma da infância aparece e vamos pra primeira sequência musical, com direito a filtro dos anos 50 e corte no barato com a mãe chamando pro almoço – Bryce Dallas Howard perfeita formando uma figura muito verossímil, que chega a dizer crueldades como “você nunca será amado de verdade”.
O menino tímido tem na avó Gemma Jones (também mãe da Bridget Jones!) sua primeira apoiadora na carreira de pianista. Já o pai, que nunca o abraça, não o deixa mexer na coleção de discos nem ver revistas de moda “por não ser menina”. Da melancólica sequência familiar, a transição pra adolescência se dá de forma fluida no musical. Elton aprende que precisa “matar quem você é pra se tornar quem você quer ser”.
A montagem do filme surpreende em muitas sequências que contam histórias, como a compra da casa e a conquista do disco de ouro apaixonado pelo produtor John Reid (Richard Madden), ou a cantoria a capela na lanchonete com o compositor Bernie Taupin (Jamie Bell) – parceria linda e verdadeira lição contra homofóbicos de plantão – ou mesmo quando ele canta sozinho em “Tiny Dancer”, musical fantástico particular.
Ainda que aparente ser inatingível em sua vaidade adquirida a duras penas, Elton se desnuda em alguns momentos, demonstrando fragilidade ao ensaiar sorriso no espelho, ou quando arranca os chifres da fantasia espalhafatosa, afinal “Não há nada errado com o prazer ou com o sucesso”.
Do fundo da piscina ao hospital e de volta com tudo aos palcos, nada mais apropriado do que a reacriação do videoclipe perfeito de “I’m still standing” (cura qualquer bad eu juro!) pra fechar a bela homenagem em vida pra esse astro que merece ser exaltado e/ou (re)descoberto! E já que não rolou um momento Rei Leão no filme (ainda bem, são universos diferentes):
https://stephaniaamaral.wordpress.com/2019/05/30/rocketman/