VOX LUX – Longe Demais
“Voz de Luz”, em tradução errada do latim pronunciada pelo inexperiente direAtor, lança vários apelos cinéfilos para compensar suas inúmeras falhas: o reencontro de Portman e Jude Law pela quarta vez nas telas – não espere um revival de Closer (2004) – a fajuta imitação de looks Cisne Negro (2010), além de ser narrado por Willem Dafoe. A prepotente divisão em atos (que diabos é Regenesis??? Nome de remédio!?), os créditos no início (redundante, pois repetidos ao final) e flashbacks “documentais” prometem um épico que nunca acontece, pelo contrário, só piora. Algo não parece certo durante o filme todo, sensação extrema as vezes que me fazia anotar expressões como “vergonha alheia” e adjetivos como “constrangedor”.
O recente ataque à escola em Suzano impossibilita não contextualizar e deixar ainda mais gritante a falta de sensibilidade e a arrogância – por culpa da fama, segundo o título nacional – que transformou a estrela pop em outra pessoa ao longo dos anos, pobrezinha. Como chegar ao glamour a partir da tragédia? Até quando ela era apenas uma garotinha inocente sobrevivente de um massacre em um colégio de música soou forçado cantar seu fraco “hino para nação” ao invés de se pronunciar durante uma cerimônia de cremação. O filme ainda consegue ser ultra conservador e confuso ao julgar a irmã por uma eventualidade que não justifica a separação das duas nem o lapso temporal.
Raffey Cassidy (agora livre das lentes de contato e da pinta falsa) voltar como a filha de Celeste e a tia Eleanor continuar Stacy Martin (Ninfomaníaca) – sem mencionar o fato de Jude Law não mudar NADA ao longo dos anos – passou longe de ser a pior escolha da produção. O almoço mãe e filha realça como a voz das duas soa muito diferente, salvo apenas pelo pedido de Celeste para colocar uma taça de vinho em um copo plástico. Longe, mas BEM longe de ser “a melhor atuação de Natalie Portman”, frase desesperada que estampa o cartaz, a atriz foi do overacting a uma cena de surto comovente que pode emocionar, pois não será uma produção medíocre dessas nem um comercial em que ela desabrocha de uma rosa (referência a Miss Dior?) que vai destruir sua carreira.
Mais uma falha tentativa de superar o fracasso de Portman como cantora e a baixa qualidade das faixas foi mencionar um pacto com o Diabo (sério?). E porque tornar o filme homônimo ao álbum com hinos sci-fi (blergh) se Vox Lux apenas surge ao final e não se relaciona à trajetória? O hit da Paula Cole que toca no fone de ouvido da protagonista é um descanso musical para as faixas compostas pela Sia* (“Eu eu eu eu”… seria um ensaio?). Alívio maior ainda é o total silêncio ao final (sensação impagável de sair do cinema sem acompanhamento sonoro) para emular um luto que deveria ter sido mais respeitado ao longo do filme. O longa abriu o Festival de Veneza (vaias por favor). *Parabéns, ficou horrível!
Será que rende pelo menos um cospobre?
https://stephaniaamaral.wordpress.com/2019/03/28/vox-lux-longe-demais/