Críticas e indicações
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A menina estuprada por Polanski
Olá, Boa parte de vocês já devem me conhecer do podcast Feito por Elas. Em 2019, começo um novo projeto neste site: a coluna Literatura com Elas, um desdobramento do Instagram @literaturacomelas que comecei em janeiro, com o objetivo de incentivar o debate sobre obras literárias escritas por mulheres. Pelo Instagram, faço breves comentários sobre livros de autoras que estou lendo, além de notas sobre escritoras que permanecem invisibilizadas ou pouco conhecidas no percurso da história da literatura. Por aqui na coluna do site, a ideia é expandir o conteúdo do Instagram com textos mais longos e observações mais aprofundadas sobre as obras. Para a estreia da coluna, escolhi o…
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Nada ficou no lugar
A “gigante” Adriana Calcanhotto – expressão usada pela minha diva Letrux dona da melhor faixa indescritível “Já Reparô?” – teve sua extensa e importante obra musical homenageada na coletânea “Nada ficou no lugar”. A cantora disse que não acha graça em regravações fiéis e os artistas escolhidos tiveram a manha em deixar suas marcas nos muitos covers elencados. Entre outras cantoras e faixas, “Vai Saber?” de Larissa Luz, arrisca um ensaio de Elza Soares. Mãeana retorna depois de uns shows da Xuxa com “O Amor me Escolheu”. “Seu Pensamento” entrega novo hit para os fãs do primeiro trabalho da cult indie tecno-brega Duda Beat. “Pode se Remoer” da Preta Gil… Fiquei comovida ainda com a mística “Toda Sexta…
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Dumplin’
O filme original da Netflix Dumplin’ (algo como “bolinho” em tradução livre) mostra a trajetória da adolescente Willowdean (Danielle Macdonald), uma menina gorda que recebe esse apelido de sua mãe, Rosie (Jennifer Aniston), uma ex-miss da sua cidade com quem tem um relacionamento conturbado. Will também sente falta de sua tia que faleceu e lhe apresentou Dolly Parton, cantora por quem a adolescente nutre admiração. O roteiro de Krinstin Hahn, baseado no livro de Julie Murphy, nem sempre parece saber para que lado levar a trama. Se por um lado tece uma crítica a padrões de beleza que estabelecem determinados corpos como adequados, por é conciliador com o próprio concurso de…
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Alguém Tem Que Ceder
Recentemente entrou para o catálogo da Netflix o filme Alguém Tem Que Ceder (Something’s Gotta Give, 2003), escrito e dirigido por Nancy Meyers. Nessa comédia romântica, Diane Keaton vive Erica Barry, uma escritora renomada que está às voltas com um homem rabugento, Harry Sanborn (interpretado por Jack Nicholson) e outro que admira profundamente seu trabalho, Julian Mercer (vivido por Keanu Reaves). Com momentos de ridículo e uma boa protagonista, o filme é uma boa pedida pro fim de semana. Aproveite e depois ouça nosso programa sobre a diretora, em que conversamos sobre ele.
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10 anos de Estante da Sala
Nem acredito que esse dia chegou! No dia 5 de fevereiro de 2009 eu escrevi a primeira postagem nesse blog: era uma receita de massa de pizza. Eu estava formada há uns quatro meses, desempregada e imensamente frustrada. As coisas não estavam dando certo. Mas o blog veio como a possibilidade de escrever sobre coisas que me interessavam. O nome “Estante da Sala” veio da ideia de que esse móvel pode comportar livros, jogos de videogame e filmes, as coisas com as quais eu mais me envolvia na época. Mas eu também cozinhava (e cozinho) muito, então logo ele foi preenchido por receitas com fotos de passo a passo. Como…
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Urias
Ainda em clima do Dia da Visibilidade Trans, que aconteceu no Brasil aos 29 de janeiro, venho apresentar – e/ou exaltar – o trabalho da cantora Urias. Também modelo, ela já desfilou no São Paulo Fashion Week e não gravou um disco seu até o momento, mas participou do segundo trabalho da amiga Pabllo Vittar na faixa “Ouro“. Urias lançou ainda três regravações inusitadas que fizeram sucesso em plataformas de áudio como o Spotify. O cover de “Meu Mundo É O Barro” (O Rappa) teve de ser deletado por ela do YouTube – com quase 1 milhão de visualizações – por questões de direitos autorais. Ela também colocou voz em “Ice…
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Sex Education
É provável que você já tenha ouvido falar ou talvez até assistido a Sex Education a essa altura. Criada por Laurie Nunn – também roteirista com Sophie Goodhart, Bisha K. Ali, Laura Hunter, Laura Neal e Freddy Syborn – e dirigida meio a meio por Kate Harron e Ben Taylor, a série aborda questões relacionadas à sexualidade de maneira bastante direta e sensível. O protagonista é Otis (Asa Butterfirld, o menininho de Hugo Cabret), que é um adolescente que não consegue se masturbar. Sua mãe, Jean, interpretada pela sempre maravilhosa Gillian Anderson, é uma terapeuta sexual e comprova que mesmo quando os responsáveis são abertos ao diálogo, podem ser controladores em certos aspectos. Ela tem,…
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We Slept at Last (2015)
A cantora da quinzena é a também compositora e instrumentista inglesa Marika Hackman. O álbum We Slept at Last (2015), com pegada mais folk, indico para momentos introspectivos, talvez para ficar mais confortável durante horas de bad vibes. Já para sair desses momentos, que tal ouvir em seguida o próximo trabalho de estúdio dela, I’m not your man (2017)? “Boyfriend” transmite uma alegria até então inédita no timbre e no ritmo da moça, que no videoclipe abaixo debocha com o patriarcado na inversão da banda formada por meninos em um palco enquanto ela e outras garotas tocam na garagem, preocupação e ironia já expressas nas letras: “Ninguém me leva a sério só porque eu uso um vestido”… “uma mulher…
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Weeds
Tem alguns anos que terminei de assistir à maravilhosa série Weeds (2005-2012), de Jenji Kohan, também criadora de Orange Is the New Black. Fiquei feliz de saber que colocaram no catálogo da Netflix, assim posso revê-la sem complicações técnicas. Na trama, estrelada por atrizes consagradas como Mary-Louise Parker e Elizabeth Perkins, Nancy, uma viúva suburbana, passa a comercializar maconha para manter privilégios econômicos e sustentar seus dois filhos. Além de questões sociais, raciais e morais – e muita adrenalina – em relação ao tráfico, o que mais cativa é o comportamento independente e carismático de Nancy, não usuária do produto que negocia, o que a deixa ainda mais interessante. Um bom paralelo temático com a também excelente Breaking…
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Vidro (Glass, 2019)
Você já foi a a uma convenção de quadrinhos? [spoilers moderados à frente] Corpo Fechado (Unbreakable, 2000), foi vendido como um filme de suspense que se revelou um filme de super-heróis, e talvez por isso tenha decepcionado tanta gente na época, logo depois do sucesso estrondoso de Sexto Sentido. Sem efeitos digitais vistosos, sem collants e (quase) sem capas, o filme retratava David Dunn (e a dupla de iniciais coincidente não é por acaso), interpretado por Bruce Willis, descobrindo seu poder de indestrutibilidade, guiado por Elijah Price, que é vivido por Samuel L. Jackson. Elijah tentava ao mesmo tempo ser seu amigo e seu oposto e o filme lidava com…