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Flaira Ferro Virada na Jiraya

As letras (que cutucam feridas certeiras) e as variações da voz de Flaira Ferro fazem ‘Virada na Jiraya‘ (2019) um disco extremamente autêntico. A cantora recifense homenageia suas antepassadas em ‘Faminta’, faz um coro feminino necessário com Sofia Freire, Ylana e Isaar em ‘Germinar’ (“dentro de nós acumulamos pesos cruéis”), entre violinos e batucadas condizentes com o poder da faixa. Apesar da insistência em melodias alegres, pois “uma cidade triste é fácil ser manipulada”, ela valoriza culturas e o que mais precisamos nesse momento, ‘Estudantes’ (“mesmo que o destino reserve um presidente adoecido e sem amor”). ‘Revólver’ (“no contra ataque da guerra: arte!”) lembra que “o frevo é o nosso rock”. Flaira questiona influencers e as “novas velhas formas de escravidão” em ‘Essa modelo’. Mas a maior catarse e o momento mais belo de toda essa transgressão, acompanhada apenas por piano e guitarra, acontece em “enquanto não consigo ser amor, vou sendo ‘Maldita'”. Essa parte sim é a Coisa mais Bonita do álbum, só que numa faixa diferente do que ela tinha prometido com o single.

Videoclipe de ‘Revólver’, de Flaira Ferro
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Doutoranda em Estudos de Linguagens pelo CEFET-MG

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