Críticas e indicações,  Seriados

Fleabag

Acho que sou desligada, porque até poucas semanas atrás eu nunca tinha ouvido falar de Phoebe Waller-Bridge ou de Fleabag. A descoberta veio do grupo de Telegram do Feito por Elas, em que encontrei um verdadeiro séquito de adoradores da atriz e roteirista e desde então vejo ela em toda parte, seja na referida série, seja em Killing Eve ou Bond 25 (ambos escritos por ela). Rendi-me e juntei-me ao coro dos fãs: é muito talento! Fleabag, disponível na Amazon Prime Video, conta a história de uma mulher de mesmo apelido que tenta não levar à falência o seu café, sempre vazio, lidar com o namorado (ou ex) grudento, a irmã com a vida aparentemente perfeita, o pai viúvo e ainda a sua vida sexual caótica: em resumo, nada na sua vida parece estar resolvido. No primeiro episódio o humor parece estranho, a protagonista é desagradável e é difícil saber o que vai sair daí. Mas dado os elogios, a gente segue, não é? E de repente é possível entender a psique dela, porque ela repele os demais e porque ela se joga tão desesperadamente em situações absurdas. É uma mulher falha, mas a escrita torna fácil de nos colocarmos, se não no seu lugar, pelo menos em um local de aceitação e entendimento. As quebras de quarta parede e as caretas mais expressivas impossível com que ela olha para a câmera deslocam quem assiste para dentro do seu mundo. Os figurinos são maravilhosos e não é difícil se ver desejando alguma roupa que aparece em cena. Phoebe Waller-Bridge tem um ótimo timing cômico e a série se beneficia de outros atores ótimos, com destaque para Olivia Colman, que interpreta sua madrinha e nova namorada do pai e Andrew Scott, que aparece na segunda temporada como um padre. Mas, realmente, o roteiro é o que sustenta a série e a personagem idiossincrática. Ao mesmo tempo engraçada e arrasadoramente triste, ela lida com diferentes tipos de relações e vai desnudando-os pouco a pouco. A abordagem é leve, mas tensa e elaborada a ponto de levar a sério ideias impossíveis de amor romântico e relacionamento. Quando acabou, eu estava sem palavrasSão apenas 2 temporadas com 6 episódios cada. Pelo visto a próxima parada terá que ser Killing Eve!

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Crítica de cinema, doutora em Antropologia Social, pesquisadora de corpo, gênero, sexualidade e cinema.

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