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Minha Lua de Mel Polonesa
Fotos antigas que guardam recordações de antepassados que sequer conhecemos: assim começa o filme Minha Lua de Mel Polonesa. A diretora, Élise Otzenberger, que também roteirizou o filme, tem muito em comum com a protagonista, a francesa Anna (Judith Chemla). Assim como ela, é de família judia de origem polonesa e pouco sabe sobre eles, em virtude das vidas e histórias dizimadas durante o Holocausto. Anna, que é casada com Adam (Arthur Igual) e tem um bebê de um ano de idade, pede aos seus pais que cuidem da criança por alguns dias para que o casal viagem para a Polônia. A ideia é que tenham tempo para si, mas…
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Bacurau
Que roupa é essa menino? Spoilers moderados à frente Bacurau, dirigido por Kleber Mendonça Filho e Juliano Dornelles, é significativo em meio ao cenário político brasileiro de 2019, retratando processos e atores sociais que são muito próximos de nossa realidade, mas moldando-os em um complexo e instigante hibridismo de gênero. A história se desenrola na cidadezinha também chamada Bacurau, no Oeste de Pernambuco. A localização não é por acaso, pois o faroeste (sertanejo) se desenrolará por ali. Longe demais das capitais, a população local está abandonada à sorte de um prefeito almofadinha, Tony Jr (Thardelly Lima) que só é capaz de lhes fornecer alimentos e medicações vencidos, alguns significativos caixões…
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A Vida Invísivel representa o Brasil na corrida pelo Oscar
A Academia Brasileira de Cinema anunciou hoje pela manhã, em coletiva de imprensa que ocorreu em São Paulo, o filme escolhido para representar o Brasil no na disputa pela vaga para o prêmio de Melhor Filme Estrangeiro no Oscar de 2020. O indicado é A Vida Invisível, dirigido pelo cineasta cearense Karim Aïnouz. O drama é adaptado do livro de Martha Batalha, trata da trajetória das irmãs Guida e Eurídice no Rio de Janeiro na década de 1950, lutando contra o conservadorismo. O longa é protagonizado por Fernanda Montenegro, Carol Duarte e Julia Stockler. A comissão responsável pela escolha foi composta por Anna Muylaert (presidente); Amir Labaki; Sara Silveira; David…
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Tomboy, de Céline Sciamma, volta ao cinema
O filme Tomboy, vencedor do prêmio Teddy de cinema LGBT no Festival de Berlim e dirigido pela cineasta francesa Céline Sciamma, volta ao cinema em breve. A oportunidade é para quem está na cidade de São Paulo, em uma programação especial que ocorrerá entre 12 a 18 de setembro no Petra Belas Artes. O motivo é o aniversário de 30 anos da Pandora Filmes, que, para a ocasião, irá relançar 13 longas que foram lançados no Brasil originalmente pela própria distribuidora, em película, além de 2 filmes inéditos. Algumas sessões serão seguidas de debates, realizados em parceria com a #Abraccine – Associação Brasileira de Críticos de Cinema. Os ingressos da…
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Rainhas do Crime (The Kitchen, 2019)
A música da abertura do filme dita o tom da história: “this is a men’s world” brada a versão da melodia de James Brown. É o final na década de 1970, em Hell’s Kitchen, na cidade de Nova York. Nesse mundo dos homens, três mafiosos são presos em uma ação do FBI, deixando suas esposas Kathy (Melissa McCarthy), Ruby (Tiffany Haddish) e Claire (Elisabeth Moss) sem um resguardo financeiro. A primeira é a esposa amorosa e mãe de dois filhos; a segunda, vítima de violência doméstica; e terceira precisa lidar cotidianamente com o racismo da família de seu marido branco. A máfia a que pertenciam prometeu cuidar delas mas o…
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Rafiki (2018)
Romeu e Julieta: duas pessoas jovens de famílias com rivalidades políticas se apaixonam e querem ficar juntas. Essa é a premissa de Rafiki, filme queniano dirigido por Wanuri Kahiu. As protagonistas são Kena (Samantha Mugatsia) e Ziki (Sheila Munyiva), ambas filhas de dois homens candidatos nas eleições locais e moradoras do mesmo conjunto habitacional. Ziki vê Kena no bar com os amigos ou andando de skate pela rua e Kena vê Ziki treinando coreografias na rua com as amigas. Elas se aproximam, criam laços e se apaixonam. Como muitos romances focados em personagens LGBT, isso não acontece sem turbulências. No Quênia, relacionamentos entre pessoas do mesmo gênero não só são…
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Fleabag
Acho que sou desligada, porque até poucas semanas atrás eu nunca tinha ouvido falar de Phoebe Waller-Bridge ou de Fleabag. A descoberta veio do grupo de Telegram do Feito por Elas, em que encontrei um verdadeiro séquito de adoradores da atriz e roteirista e desde então vejo ela em toda parte, seja na referida série, seja em Killing Eve ou Bond 25 (ambos escritos por ela). Rendi-me e juntei-me ao coro dos fãs: é muito talento! Fleabag, disponível na Amazon Prime Video, conta a história de uma mulher de mesmo apelido que tenta não levar à falência o seu café, sempre vazio, lidar com o namorado (ou ex) grudento, a irmã com a vida aparentemente perfeita, o pai viúvo e ainda a sua…
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CARNE, de Camila Kater, estreará no Festival de Locarno
O curta-metragem documental CARNE, dirigido por Camila Kater e produzido por Lívia Perez, terá sua estreia na 72ª edição do Festival de Locarno que começa no dia 7 de agosto. O filme conta com a participação da cineasta e atriz Helena Ignez e da cantora Raquel Virgínia, além de Valquiria Rosa, Rachel Patricio e Larissa Rosa e traz seus relatos pessoais em relação às pressões que seus corpos sofrem para se adequar a certos padrões. O filme foi realizado usando técnicas de animação. É importante ressaltar que apenas 3% dos filmes do gênero foram dirigidos por mulheres nos últimos 12 anos, conforme mostra um estudo promovido pela Universidade do Sul da…
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Estou me Guardando para Quando o Carnaval Chegar
A cidade de Toritama, no agreste pernambucano, tem apenas 40 mil habitantes mas produz cerca de 20% do jeans nacional, o que equivale a 20 milhões de peças por ano. Apelidada de capital do jeans, ela é a locação para o documentário Estou me Guardando para Quando o Carnaval Chegar (2019), dirigido por Marcelo Gomes. Com uma narração em off que dialoga com quem assiste, o diretor retrata com proximidade e não sem espanto alguns aspectos da realidade econômica local. Segundo ele, décadas antes visitara a cidade junto com seu pai, que trabalhava para o governo. Tanto o pai como a mãe são nascidos na região. O que existia, então,…
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Olhos que Condenam
O seriado Olhos que Condenam, de Ava DuVernay, trata da história ficcionalizada de cinco meninos negros presos por uma falsa acusação de estupro em 1989, em Nova York. O elenco é incrível e a recontagem dos acontecimentos é impressionante. Prepare-se para conhecer a vilã mais odiável que você pode ver em uma mídia audiovisual e pensar em como essa pessoa existe na vida real e representa todo um sistema de exclusão e racismo estrutural. A série é muito pesada e difícil de assistir, mas essencial, especialmente para quem é fã da diretora, uma vez que dialoga com seu trabalho anterior, A 13ª Emenda.