Críticas e indicações
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Todos nós adorávamos caubóis
No romance Todos nós adorávamos caubóis, a escritora gaúcha Carol Bensimon narra a história das amigas Cora e Julia que, após anos sem se falar, realizam juntas uma viagem de carro para o interior do Rio Grande do Sul. Elas se conheceram durante a graduação em jornalismo, mas a relação entre elas é bruscamente interrompida quando Julia decide partir para Montreal para terminar os estudos. Logo depois, Cora muda-se para Paris para cursar moda. Durante a viagem que marca o reencontro das personagens, elas buscam compreender o passado e os sentimentos que ainda existem entre elas. Todos nós adorávamos caubóis é o livro de agosto de 2019 da TAG Curadoria,…
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A Música da Minha Vida
A maior parte da filmografia da cineasta Gurinder Chadha, de origem indiana mas que mora no Reino Unido, trata de questões pós-coloniais, especialmente de mulheres indianas e sua relação com a metrópole, abarcando, com isso, relações de gênero e sexualidade além de raça, etnia e nacionalidade. Escrevendo dessa forma parece que seus filmes são complexos tratados de antropologia, mas na verdade são obras leves e agradáveis, como Driblando o Destino (Bend It Like Beckham, 2002) e Noiva e Preconceito (Bride and Prejudice, 2004). Em A Música da Minha Vida (Blinded By the Light, 2019), baseado em uma história real, o protagonista, dessa vez, é um garoto. Javed é um menino…
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Os Jovens Baumann
No ano de 1992 os oito primos, todos da família Baumann, se reúnem em sua fazenda para passar as férias. São os herdeiros do local, em Santa Rita do Oeste, Minas Gerais. Nós, em 2019, revisitamos suas conversas, caminhadas, brincadeiras e interações por meio das filmagens em VHS feitas por Isa, a prima que nunca aparece diante das câmeras. Os Jovens Baumann, filme de estreia de Bruna Carvalho Almeida, acaba por conectar dois momentos distintos: o passado fictício recriado com detalhes como um found footage e o presente de quem o assiste. A mediação entre eles é feita por uma narradora em off que se apresenta como alguém que tinha…
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Desmanche, de Karina Buhr
Depois de Eu Menti pra Você (2010), Longe de Onde (2011) e Selvática (2015), a cantora baiana Karina Buhr lança seu quarto álbum, Desmanche (2019), espera que fez valer cada faixa. Talvez o mais pesado, tem tambores que remetem aos primórdios da carreira na Comadre Fulozinha, tem espaço para romance – ainda que desiludido – em “Amora” e mantém o característico sotaque recifense, parte de sua afrontosa resistência. Apesar dos títulos que aparentam ser regravações, as faixas são composições próprias, como “Chão de Estrelas”, “A Casa Caiu” e “Filme de Terror”, bolero irônico em que “vende-se ânimo, valentia, coragem”. Já a vi pasma de admiração em muitos shows, de covers…
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O Olmo e a Gaivota, de Petra Costa
Se você gostou do documentário Democracia em Vertigem, que já recomendamos nessa newsletter, não deixe de conferir O Olmo e a Gaivota, o filme anterior da diretora Petra Costa, que entra para o catálogo da Netflix nesse domingo. Talvez o menos diretamente pessoal de sua filmografia, ele trata da história de uma atriz, Olivia, que se prepara para encenar a peça A Gaivota, de Tchekov, quando descobri que está grávida. A partir daí tem que lidar com seus medos, a percepção sobre si, sobre seu corpo e sua vida.
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öOoOoOoOoOo – Samen
Nunca tinha indicado nenhuma banda de metal por aqui até agora. Há muitas vocalistas mulheres maravilhosas no estilo, na maioria das vezes com canto lírico em bandas góticas, em predominante contraste com guturais masculinos: Tristania, After Forever, Lacrimosa e Epica são minhas preferidas… mas piro quando o gutural é feminino! Já tive um breve cover de Arch Enemy inclusive, época em que quase destruí as cordas vocais imitando (errado) a técnica de Angela Gossow. Também devo citar The Agonist e iwrestledabearonce como belos exemplos de gutural feminino, nos dois casos oscilante com uma voz límpida. Mas desde UneXpect – favorita oficial posto que a mais criativa do gênero avant-garde ou…
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Para conhecer Varda
Apesar de sempre ser vinculada de imediato à Nouvelle Vague, a cineasta belga Agnès Varda (1928-2019) consolidou ao longo de sua carreira uma filmografia tão plural que a colocou no patamar das grandes diretoras da história do cinema, com cerca de 60 filmes creditados com seu nome na direção. Varda foi certamente maior que a Nouvelle Vague e uma revisitação aos seus filmes comprova tal afirmação. Por meio de sua extensa filmografia, podemos acompanhar desde documentários de engajamento político-social, passando por dramas ficcionais com mulheres protagonistas, até chegar aos ensaios em primeira pessoa que refletem sobre a memória, a produção de imagens e as relações de alteridade. Por reconhecer a…
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Rainha de Copas
Anne (Trine Dyrholm) é uma bem sucedida advogada que trabalha em casos de violência contra menores. Casada com um médico, mãe de duas filhas gêmeas e moradora de uma imensa casa com grandes panos de vidro rodeada por um bosque, ela parece ter uma vida perfeita. Mas a chegada de seu enteado, o adolescente Gustav (Gustav Lindh), desestabiliza sua rotina. Gustav, que enfrenta problemas na escola, aceitou terminar o ano letivo morando com o pai. Mas o que ele traz para a vida de Anne é toda uma nova vivacidade que contrapõe sua rotina. Ela é invisível para seu marido e as interações entre os dois são de um distanciamento…
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Filmes de grandes atrizes do cinema para ver pela internet
Quando pensamos nas atrizes que entram para o panteão dos grandes nomes do cinema, muitas vezes vêm a nossa memória aquelas que trabalharam nas primeiras décadas da sétima arte. E não é por acaso, já que até a década de 1950, durante a era clássica de Hollywood e que se chama de Star System, ou Sistema de Estrelas, a maior parte dos papéis de destaque era conferido a elas e não a seus companheiros de tela. Depois desse período, os atores passaram a ter presença mais forte nas produções e às mulheres, muitas vezes, se delegou o papel de coadjuvantes. Separamos para vocês filmes com essas grandes divas do cinema…
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Minha Lua de Mel Polonesa
Fotos antigas que guardam recordações de antepassados que sequer conhecemos: assim começa o filme Minha Lua de Mel Polonesa. A diretora, Élise Otzenberger, que também roteirizou o filme, tem muito em comum com a protagonista, a francesa Anna (Judith Chemla). Assim como ela, é de família judia de origem polonesa e pouco sabe sobre eles, em virtude das vidas e histórias dizimadas durante o Holocausto. Anna, que é casada com Adam (Arthur Igual) e tem um bebê de um ano de idade, pede aos seus pais que cuidem da criança por alguns dias para que o casal viagem para a Polônia. A ideia é que tenham tempo para si, mas…