Críticas e indicações
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A Livraria (The Bookshop, 2017)
Em uma pequena cidade no interior da Inglaterra em 1959, uma viúva decide comprar uma casa antiga e abrir uma livraria. Florence Green (Emily Mortimer) é alertada para o fato de que as pessoas do local não tem o hábito de ler, mas insiste na ideia. O imóvel está caindo aos pedaços mas ela se muda para ele, começando os reparos e encomendando os primeiros volumes. E assim conhecemos A Livraria, adaptado de um romance de Penelope Fitzgerald, com roteiro e direção da cineasta espanhola Isabel Coixet. Florence é convidada para uma festa que conta com a mais alta sociedade local, organizada pelo General Gamart (Reg Wilson) e por Violet Gamar (Patricia…
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Me Chame Pelo Seu Nome (Call Me by Your Name, 2017)
Como você vive sua vida só interessa a você, apenas lembre que nossos corações e nossos corpos só nos são dados uma vez. E antes que você perceba, seu coração está desgastado e quanto ao seu corpo, chega um ponto em que ninguém olha para ele, muito menos quer chegar perto dele. Agora mesmo, há tristeza, dor. Não a mate e com ela a alegria que você sentiu. Crescer pode ser confuso e dolorido. Amar também. Talvez por isso os amores que temos em determinadas fases da vida sejam tão marcantes. Narrativas LGBT tendem a abordar as dores e as perdas, potencializando o sofrimento dos personagens sob o perigo de…
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Lady Bird: A Hora de Voar (Lady Bird, 2017)
I’m broke but I’m happy, I’m poor but I’m kind I’m short but I’m healthy, yeah I’m high but I’m grounded, I’m sane but I’m overwhelmed I’m lost but I’m hopeful, baby What it all comes down to Is that everything’s gonna be fine, fine, fine ‘Cause I’ve got one hand in my pocket And the other one is giving a high five (Hands in My Pocket- Alanis Morissette) O ano é 2002. Em uma casa na periferia de uma monótona cidade de interior, uma jovem de dezessete anos discute com sua mãe sobre seus planos para o futuro (ou a falta deles). Quer cursar uma universidade, quer ir para…
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Filmes assistidos em fevereiro
Véspera do Oscar, estou com quatro rascunhos de críticas salvas e não escritas, desisti de fazer o desafia dos vencedores de melhor filme de todos os anos, estou com mais de uma dúzia de filmes atrasado para ver na próxima semana para projetos variados, devendo um artigo pra minha orientadora, cansada num nível que eu nem sei dizer. Mas pelo menos consegui botar as leituras atrasadas em dia, agora posso começar a atrasar as próximas D: (rindo pra não chorar). Quase não vi filmes esse mês (acho que dos listados aqui pelo menos cinco são curtas). Mas é isso, vida que segue. Oscar: Me Chame Pelo Seu Nome (Call Me…
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Heroína(s) (Heroin(e), 2017)
Mais um original Netflix, Heroína(s), dirigido por Elaine McMillion Sheldon é um dos indicados ao Oscar de melhor documentário curta-metragem esse ano. Nele acompanhamos a rotina de três mulheres: uma bombeira socorrista, uma juíza e uma missionária, lidando com as consequências do uso de drogas em sua comunidade, uma das regiões mais afetadas pelo problema nos Estados Unidos. Sem moralismo, mostra na força do trabalho delas a necessidade do amparo social e do cuidado médico em detrimento de respostas geralmente utilizadas na “guerra às drogas”, que mais se pautam em papel midiático. Dessa forma, os fatores humanos são trazidos ao espectador de maneira eficiente, dada a curta duração
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Frankenstein
Frankenstein ou o Moderno Prometeu foi escrito por Mary Shelley (1797-1851) em 1816 quando ela tinha apenas 19 anos e publicado com crédito para a autora em 1831. O romance gótico questiona vingança, remorso, aparência física, justiça. Assim como sua criatura, Victor Frankenstein não é uma personagem plana. Na obra que passa longe do maniqueísmo, os conceitos de bem e mal se misturam. Tanto o criador como o monstro manifestam empatia, e apesar de seus atos hediondos, percebemos suas motivações, daí o fascínio que nos causam. No posfácio da edição de 1985 da LPM, o crítico Harold Bloom comenta a confusão popular de se batizar a criatura com o nome…
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Os Filhos da Meia-Noite (Midnight Children, 2012)
Recentemente, em nosso programa sobre a cineasta Deepa Mehta, conversamos sobre seu filme Earth (1998), que aborda a questão da partição da Índia, que separou uma parte de seu território para a criação do Paquistão. Os Filhos da Meia-Noite, também da diretora, tem seu pontapé inicial no mesmo evento. Adaptado do romance de Salman Rushdie, acompanha a vida de um rapaz que nasceu à meia noite do dia da independência do país, filho de uma artista de rua. A enfermeira trocou-o com o bebê nascido exatamente no mesmo momento, de pais ricos, desejando que aquela criança tivesse acesso ao conforto que lhe seria negado de outra forma. Mas dessa forma condenou o…
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Mudbound: Lágrimas Sobre o Mississipi (Mudbound, 2017)
Com direção de Dee Rees, o drama é centrado em dois soldados, um negro e um branco, que retornam a suas casas depois da 2ª Guerra Mundial e precisam voltar a se encaixar nas rotinas familiares, com pessoas que não vivenciaram os mesmos horrores que eles. A terra, e pertencimento e o racismo são os temas que se destacam. O filme foi indicado ao Oscar de melhor roteiro adaptado (por Dee Rees, que se tornou a 1ª mulher negra indicada na categoria), melhor atriz coadjuvante, melhor canção original (ambas Mary J. Blige) e melhor fotografia (Rachel Morrison, 1ª mulher indicada em 90 anos de premiação)
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Sem Amor (Loveless, 2017)
Postado originalmente em 9 de novembro como parte da cobertura da Mostra Internacional de Cinema de São Paulo . Vencedor do Prêmio do Júri em Cannes e candidato da Rússia a uma vaga para o Oscar de melhor filme estrangeiro, Loveless, dirigido por Andrey Zvyagintsev, tem muito a dizer sobre as relações entre pessoas naquele país e a situação dele mesmo. Zhenya (Maryana Spivak) e Boris (Aleksey Rozin) estão se divorciando. Ela já tem um namorado mais velho e bem de vida, que mora em um apartamento grande e moderno; e ele arrumou uma namorada mais jovem, que está grávida e mora em um apartamento apertado com sua mãe. O apartamento…
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9 anos de Estante da Sala
Eis que o Estante da Sala chegou ao 9º aniversário! No dia 5 de fevereiro de 2009 eu publiquei o primeiro post: uma receita de massa caseira de pizza. Quê? Como assim? Bom, quem acompanha esse espaço por mais tempo sabe que esse nome veio porque eu queria escrever sobre um pouco de tudo: compilar minhas receitas, escrever sobre o que estava lendo, jogando, assistindo, enfim, sobre o que passasse pela cabeça. Até tutorial de costura eu planejei fazer. Foram idas e vindas nesse bloguinho descompromissado e períodos mais ou menos ativos. Depois de todo esse tempo praticamente só sobrou o cinema e um ou outro livro pontual. O primeiro…