Críticas e indicações,  Livros

Melhores Livros Lidos em 2016

Esse foi um ano de poucas leituras, ou ainda de muitas leituras picadas em artigos ou capítulos, porque precisei focar na escrita da minha dissertação. Ainda assim consegui ler coisas bacanas e algumas se destacaram. Seguem abaixo meus livros preferidos dos anos, com links naqueles sobre os quais já havia escrito com mais detalhes.

Ficção

Persuasion- Jane Austen
Não adianta, eu tenho mesmo uma queda pela obra da autora, que começou com as diversas adaptações para cinema e televisão assistidas desde criança e agora chega na leitura dos originais. Persuasion não é dos seus livros mais aclamados, mas se tornou um dos meus preferidos. Traz o humor sarcástico de Austen e sua escrita afiada a serviço de um romance maduro, com personagens mais velhos e uma mocinha que sabe que cometeu um erro no passado. Aproveito para recomendar também a novela epistolar Lady Susan, que também li esse ano e foi adaptada para o ótimo filme Amor & Amizade.

Não-Ficção

Technologies of Gender: Essays on Theory, Film and Fiction- Teresa de Lauretis
Teórica de gênero e criadora do termo teoria queer, Teresa de Lauretis trabalha com o conceito de tecnologias de gênero, que seriam todos os elementos que ajudam a construir e destruir nosso entendimento sobre o termo. Nesse livro ela explora essas explicações e, através de textos críticos, analisa obras da literatura e do cinema sob a perspectiva do gênero.

Antropologia do Ciborgue: as vertigens do pós-humano– Donna J. Haraway
Contém o interessantíssimo Manifesto Ciborgue, escrito pela autora em 1985, além de outros dois artigos inspirados pela sua obra. No manifesto, ela escreve sobre o que chama de ciborguização, que seria a expansão dos nossos limites corpóreos e a intervenção na suposta naturalidade do corpo através de ferramentas, sejam elas tecnológicas, farmacológicas, cirúrgicas ou prostéticas. Socialista, a autora entende o gênero como parte desse processo de ciborguização e, nesse caso, um que marca as mulheres por meio do papel reprodutivo.

Corpo e Alma: Notas etnográficas de um aprendiz de boxe– Loic Wacquant
Essa etnografia não poderia ter nome mais apropriado, porque é de corpo e alma que Wacquant mergulha em seu trabalho de campo em uma academia de boxe no que chama de gueto em um bairro negro de Chicago nos anos 80. Questões de classe e étnico-raciais perpassam a obra, mas o ponto forte é o corpo e seu papel nas interações. O antropólogo treinou por três anos e chegou a participar de torneio amador. O relato é escrito de maneira fluida e que prende o leitor.

Quadrinhos

Maus: A história de um sobrevivente- Art Spiegelman
Quadrinho que retrata de forma intensa os relatos que Spiegelman ouviu de seu pai sobre a Segunda Guerra Mundial e como sobreviveu àqueles tempos e ao campo de concentração. Impossível não chorar. 

Persépolis- Marjane Satrapi
Outro retrato pujante sobre guerra e revolução, dessa vez autobiográfico. Já havia assistido à animação diversas vezes, mas o quadrinho consegue ser ainda melhor. A infância e juventude da autora é entremeada pela história do Irã, seu país de origem, e com isso são explorados temas como religião, liberdade e gênero.

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Crítica de cinema, doutora em Antropologia Social, pesquisadora de corpo, gênero, sexualidade e cinema.

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