Críticas e indicações

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    42ª Mostra de São Paulo- A Caótica Vida de Nada Kadic (2018)

    Esta crítica faz parte da cobertura da 42ª Mostra Internacional de Cinema de São Paulo, que ocorre entre 18 e 31 de outubro na cidade.  Uma geladeira quebrada, os alimentos colocados para gelar do lado de fora da janela. Os objetos jogados, fora de lugar. A pressa, os sapatos diferentes, que não formam par. A escola que não mais aceita os atrasos constantes. “Caótico” parece um adjetivo perfeito para a vida retratada. Dirigido por Marta Hernaiz Pidal e escrito por ela em parceria com Aida Hoffman, A Caótica Vida de Nada Kadic (Kaoticni Zivot Nade Kadic, 2018) mostra a rotina de Nada (Aida Hoffman), que mora em um pequeno apartamento com sua filha,…

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    42ª Mostra de São Paulo- Sofia (2017)

    Esta crítica faz parte da cobertura da 42ª Mostra Internacional de Cinema de São Paulo, que ocorre entre 18 e 31 de outubro na cidade.  Sofia (2017), escrito e dirigido por Meryem Benm’Barek-Aloïsi, é um filme que começa nos avisando que sexo fora do casamento é punido com um ano de prisão no Marrocos. A protagonista, que dá nome ao filme, é uma jovem de 20 anos de classe média e, em um almoço de família, sente uma forte dor abdominal e passa mal. A prima, que é estudante de medicina, rapidamente entende o que está acontecendo e diz aos demais que vai levá-la a uma farmácia. Sofia está em trabalho de…

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    Maravilhosa Sra. Maisel

    A segunda dica dessa semana também é de streaming, mas não é da Netflix. Aproveitei a promoção da Amazon, que está R$6,90 nos primeiros seis meses. O catálogo de filmes não é ruim, só que meio que são filmes que a maioria das pessoas já viram. Agora, os seriados originais estão bastante interessantes por enquanto. [Obs: Não é jabá, mas se quiser, patrocina a gente, Amazon!]Entre as boas descobertas está The Marvelous Mrs. Maisel, uma série escrita e dirigida por Amy Sherman-Palladino (de Gilmore Girls) que é uma espécie de mistura de Mad Men com Pushing Daisies. Do primeiro herda a ambientação: se passa em uma Nova York nos anos 50, em que Midge, a personagem título tem…

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    Gente de Bem

    O novo filme da diretora e roteirista Nicole Holofcener, Gente de Bem (The Land of Steady Habits, 2018) é uma parceria com a Netflix, lançado diretamente no serviço de streaming. O protagonista é Anders Harris, interpretado por Ben Mendelsohn, um homem branco de classe média que, em uma espécie de crise de meia idade, resolve se divorciar e sair do emprego em que trabalhava. Nem ele sabe exatamente o que o motivou a fazer as duas coisas, e nem o que especificamente está buscando em sua vida. A incerteza e o peso das escolhas são lindamente fotografados na cena do pôster acima, em que ele, numa enorme loja de coisas para casa, se depara com…

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    Nasce uma Estrela (A Star is Born, 2018)

    É fácil encontrar na internet um vídeo de Stephanie Germanotta aos dezenove anos tocando piano e cantando uma música de sua autoria: os pés descalços no pedal, o cabelo naturalmente castanho, o vestido sem glamour, a voz intensa e a entrega de um talento cru, mas patente. A jovem mostra domínio sobre a arte que cria, ainda que sem os elementos de polidez que a tornam vendável. Alguns anos depois, rebatizada Lady Gaga, se tornou mais que cantora e compositora: é uma performer, uma artista que cria uma fantasia de si a cada aparição pública, arrebatando fãs nesse processo. Gaga é um combinado de aptidão, figurino, acessórios, danças, aparições marcantes e refrãos…

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    Sobre assistir a filmes dirigidos por mulheres

    Essa semana eu comentei aqui sobre o fato de ter terminado meu terceiro ano de desafio #52FilmsByWomen (52 Filmes por Mulheres). Nesses três anos me propus a assistir a mais filmes de autoria feminina, porque senti que não estava dando a atenção que eles mereciam na minha cinefilia. Mas isso não é algo que acontece exclusivamente comigo: o fato é que o cânone de filmes e cineastas consagrados é majoritariamente masculino. Isso cria distorções como, por exemplo, o fato de que em todas as edições do livro 1001 Filmes Para Ver Antes de Morrer, num total de 1210 filmes, apenas 53 sejam dirigidos ou co-dirigidos por mulheres (você pode ver…

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    #52FilmsByWomen ano 3: a conclusão

    Chego ao fim do meu terceiro ano de desafio #52FilmsByWomen (ou 52 Filmes por Mulheres). Comecei em 1º de outubro de 2015 e quanta coisa mudou de lá pra cá. Na minha vida pessoal, comecei um doutorado, com pesquisa em gênero (como no mestrado) e mudei de estado, dando continuidade ao meu nomadismo. Três anos atrás eu sentia que precisava conhecer mais obras cinematográficas com autoria feminina. O desafio, que consiste em assistir a um filme dirigido por uma mulher por semana durante um ano, totalizando 52, caiu como uma luva. Depois disso, em 2016, criei o Feito por Elas e a demanda por filmes dirigidos por mulheres se tornou ainda…

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    Luiza Lian

    Como vocês já devem ter reparado aqui, ADORO descobrir cantoras, tanto novas quanto antigas (valeu por ter postado essa deusa no seus stories, @lucifernandinha). Pena que demorei tanto pra conhecer o trabalho da Luiza Lian e estou absolutamente encantada! Eu sei que costumo ser muito efusiva com minhas ídalas mas é sério, tirem um tempinho para escutá-la! A moça acaba de lançar seu terceiro álbum, Azul Moderno, que já começa com pérolas como Vem Dizer Tchau e Mil Mulheres (essa toca muito fundo, coisa linda, linda!) O disco anterior, Oyá Tempo, delineia a presença da espiritualidade na música da paulista que “queria ser baiana“. Há uma versão videoclíptica dele no YT! Mas o meu preferido é o primeiro, o homônimo Luiza Lian (☆☆☆☆☆ no @discosdaste), mais pesado e…

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    Sinto Muito- Duda Beat

    Tenho uma relação especial com a música e o estilo brega. Demorei pra entender isso – creio inclusive que o filme Amor, Plástico e Barulho da diretora Renata Pinheiro ajudou muito – mas agora  aceito, meu coração é tão kitsch que deve ter o formato de um abacaxi! 😀 Neste ano de Xangô, que tá pesado e intenso pra geral, acredito, além do meu amado Johnny Hooker, Duda Beat tem suprido essa necessidade de cantar e dançar pra expurgar todas as sofrências. Com seu delicioso sotaque, a pernambucana chegou para lacrar no primeiro disco, Sinto Muito (clique no título em destaque para ouvir no Spotify). Como pra mim importa mais a emoção do que a razão, vou deixar aqui um…

  • Críticas e indicações,  Filmes

    Carol

    Quando fizemos nosso programa sobre a Kelly Reichardt mencionamos como ela foi apoiada por Todd Haynes, um dos expoentes e considerado um dos criadores do New Queer Cinema, um movimento que aborda sexualidade em seus filmes e que começou no início dos anos 90. Haynes tem muitos filmes maravilhosos, mas é possível que Carol, que entrou para o catálogo da Netflix, seja o que tenha a estética mais apurada. Baseado no romance de Patricia Highsmith e roteirizado por Phyllis Nagy, é basicamente um conto de Natal, em que a personagem-título (vivida por Cate Blanchett) é uma dona de casa com boa situação financeira que está se divorciando do marido e Therese (interpretada por Rooney Mara), por quem ela se…