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Reflexões sobre sexo e nudez no cinema
Texto publicado originalmente na newsletter para assinantes do financiamento coletivo do Feito por Elas em 21/07/2022. Essa semana eu estava pensando nas últimas discussões do Twitter (que são muitas) e queria trazer uma, especificamente, para cá. São vários assuntos mais ou menos interligados, mas vou tentar dar ordem na bagunça que passa pela minha cabeça, então senta que lá vem textão! Trata-se da forma como alguns jovens têm abordado representações de sexo no audiovisual. Tudo começou com um perfil postando sobre como gostaria de ter um “botão para pular cenas de sexo” em filmes, assim como existe a opção de pular a abertura quando se está maratonando uma série. A pessoa depois disse…
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Adele Haenel anuncia afastamento da indústria do cinema
Em entrevista para a revista alemã FAQ, a atriz francesa Adele Haenel anunciou que vai deixar a indústria do cinema. “Não faço mais filmes. Por razões políticas”, ela explicou. “Porque a indústria cinematográfica é absolutamente reacionária, racista e patriarcal. Nós estamos nos enganando se dissermos que os poderosos são de boa vontade, que o mundo está de fato se movendo na direção certa sob sua boa e às vezes inábil gestão. De jeito nenhum. A única coisa que move a sociedade estruturalmente é a luta social. E parece-me que, no meu caso, sair é lutar. Ao deixar esta indústria de vez, quero participar de outro mundo, de outro cinema”, afirma…
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Jane Fonda em Cinco Atos e a filmografia de Jane Fonda
Inúmeras vezes rolaram indicações do seriado Grace e Frankie (Grace and Frankie, 2015-2022) nessa newsletter, mas eu confesso que não vi nada das duas últimas temporadas e não sei se vou dar play no desfecho. Mas de qualquer forma simpatizo demais com essas duas protagonistas. Aí esses dias eu assisti ao documentário Jane Fonda em Cinco Atos (Jane Fonda in Five Acts, 2018), dirigido por Susan Lacy, que está na HBO Max. Claro que eu já conhecia a história do envolvimento da atriz com o movimento contrário à guerra do Vietnã (bem abordado, inclusive, no podcast You Must Remember This e no canal Be Kind Rewind, que eu também não canso de indicar). Conhecia, também, desde criança, as famosas fitas de ginástica. Mas…
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Metropolis
“A montagem de olhos masculinos olhando para a falsa Maria quando ela sai de seu caldeirão e começa a se despir, ilustra como o olhar masculino de fato constitui o corpo feminino na tela. É como se estivéssemos presenciando a segunda criação pública do robô, sua carne, pele e corpo não apenas sendo revelados, mas constituídos pelo desejo da visão masculina” HUYSSEN, Andreas. The Vamp and the Machine: Technology and Sexuality in Fritz Lang’s Metropolis, tradução minha.
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Retrato de uma Jovem em Chamas e Teresa de Lauretis
Heloïse: Quando você me olha, quem você acha que eu estou olhando?Retrato de uma Jovem em Chamas (Portrait de la Jeune Fille en Feu, 2019), dirigido por Céline Sciamma “O projeto do cinema feminista, portanto, não é tanto ‘tornar visível o invisível’, como diz o ditado, ou destruir a visão por completo, mas construir outro (objeto de) visão e as condições de visibilidade para um sujeito social diferente” (LAURETIS, Teresa de. Alice Doesn’t, 1984, p.67, tradução minha).
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Tampopo, cinema e sabores
Bora começar falando de coisa boa? Comida! Eu amo comida! Amo sovar uma massa e ver ela crescer com paciência para virar um pão ou pizza. Amo preparar um ganache e abrir uma massa de torta para montá-la. Amo bater um bolinho rápido, que perfuma a casa, quando chega uma visita. Amo especialmente os aromas: aquele das especiarias espalhando pelo ambiente, especialmente quando aquecidas na frigideira; de legumes assando com ervas; de cebola e alho fritando; do dendê na panela no preparo de uma moqueca. Enfim, sou da cozinha, sou dos aromas e dos sabores. Mas mais que tudo, gosto de comer. Comida boa é algo imensamente prazeroso e não raro lugares e memórias…
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Lucy and Desi
Está chegando ao fim a temporada de premiações com o Oscar se aproximando. Impressão minha ou esse ano deu uma saturada? De qualquer forma estou prontíssima para comemorar a(s) vitória(s) de Jane Campion no domingo! E por falar em Oscar, já assistiu ao Honest Trailer sobre os indicados a melhor filme desse ano? Vale a pena! E se você assistiu a Apresentando os Ricardos (Being the Ricardos, 2021) porque Nicole Kidman foi indicada a melhor atriz e ficou com a sensação de que gostaria de conhecer mais sobre Lucille Ball, a personagem histórica que encarna, a dica é Lucy and Desi (2022), disponível no Prime Video. O documentário, dirigido por Amy Poehler, dá conta de abarcar a…
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Marvelous Mrs. Maisel
No dia 18 de fevereiro começou a 4ª temporada de Maravilhosa Sra. Maisel (Marvelous Mrs. Maisel (2017-), outra das minhas novelas de época, dessa vez de comédia. Inclusive acho que já recomendei Mrs. Maisel por aqui, mas sempre vale reforçar. A série é protagonizada por Miriam Maisel (interpretada por Rachel Brosnahan), uma dona de casa mãe de dois filhos que se separa do agora ex marido e começa uma carreira como comediante. Tudo isso na Nova York do final dos anos 50 e início dos anos 60 (a depender da temporada) e permeada por figuras reais que podem ser conhecidas do público. Um traço marcante do seriado é o roteiro afiado, marcado por falas velozes, escrito…
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Bolão do Oscar Feito por Elas 2022
Essa é 11ª edição do Bolão do Oscar que organizo desde 2012 lá no blog Estante da Sala. No começo participavam apenas pessoas próximas, de 10 a 20. Mas ele foi crescendo ano a ano e em 2020 chegou a 245 participantes. Por esse motivo resolvi tirá-lo do reduto de um blog pessoal e trazê-lo para Feito por Elas. Com isso foram 306 participantes no ano passado. Então vamos de Bolão do Oscar Feito por Elas 2022. Seguem as regras: Os votos de devem ser feitos via formulário até o dia 26 de março às 12h (horário de Brasília). É permitido votar apenas uma vez: crave seus palpites. Uma planilha…
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A Idade Dourada (Gilded Age)
Pra quem gosta de filme ou série de época, como eu, tem novidade boa: Julian Fellowes está lançando A Idade Dourada (The Gilded Age) pela HBO Max. Se o nome do autor não despertou nenhuma memória, ele é oscarizado pelo roteiro de Assassinato em Gosford Park (Gosford Park, 2001), o whodunit do Robert Altman, e também roteirizou o Feira das Vaidades (Fanity Fair, 2004), protagonizado pela Reese Witherspoon e dirigido pela Mira Nair; e A Jovem Rainha Vitória (The Young Victoria, 2009), do Jean-Marc Valleé com a Emily Blunt. Mas talvez seu trabalho mais conhecido seja Downton Abbey (2010-2015), seriado que se passava na década de 1920 e acompanhava gerações da família Crowley, do condado de Grantham e, portanto, da nobreza britânica, que criou e roteirizou. Até a…